Circunstâncias existem em que não podemos ficar de fora, mesmo que seja muito tentador assumir a cómoda posição de “treinador de bancada”, ou, dito por outras palavras, daqueles para quem tudo o que os outros fazem está sempre mal, mas incapazes de propor uma alternativa que seja, no mínimo, concretizável, para não dizer diferente e melhor.
Não estar de fora por imperativos éticos, também legitima, perdoem-me a expressão, alguns dos erros dos que colocam “a mão na massa”. Como se costuma dizer “só não erra quem nada faz”.
Utilizar o conhecimento que, ao longo de décadas, se adquiriu para sensibilizar os que, hoje em dia, tutelam, não é só um direito como um dever cívico. Por outro lado, pensar que a aquiescência constante faz de alguém um bom profissional e aquele que, de uma forma ou de outra, dentro das regras da urbanidade, como é lógico, não sendo do “contra”, manifesta a sua discordância e acha que existem outros caminhos, é por natureza um mau profissional e, sobretudo, deve ser “castigado”, é sinal inequívoco de que não sabemos ainda viver em democracia.
Pessoalmente, discordando do muito que se faz, tanto a nível de instituição, poder local ou administração central, o certo é que jamais me ouviram chamar ladrões, gatunos, chulos ou outros impropérios, indignos de figurar neste ou noutros locais. Estes epítetos, para além de pouco mossa fazerem a quem são dirigidos, pois a maioria do povo os reprova, em nada dignificam quem os profere, igualando-os aos mais reles bebedolas saídos da taberna mais rasca.
Continuando, é evidente para todos que estamos longe de embarcar no “comboio da alta velocidade” – atenção: não confundir com TGV, de má memória -, pois as estatísticas não mentem quando dizem que, neste momento, o dito meio de transporte não avança, bem pelo contrário, está a recuar. É que a nossa economia para além de aí não colocar mercadorias, ainda por cima, as está a retirar. Os longos anos de desvario, levam-nos a dar um passo atrás, para depois – esperamos – prosseguirmos com dois em frente, isto sem olvidar os enormes erros que nas últimas semanas, infantilmente, se cometeram.
É só isto – e não é pouco – que temos vindo a alertar, numa assumida acção de persuasão, mais patriótica que corporativa que, infelizmente – certamente culpa minha – não tem sido tão bem recebida como desejaria.