É costume associar o termo bullying a algo que existe entre crianças em idade escolar. Contudo, estudos recentes desmentem este mito e dizem-nos que existe outro tipo de bullying, ainda mais prejudicial e igualmente cruel e que, infelizmente, ganha, cada vez mais, expressão entre nós. O designado bullying adulto, ou também conhecido por bullying profissional, do qual são alvo muitos profissionais nas instituições, sejam elas públicas ou privadas, onde exercem o seu múnus.
Se já foi posto de lado com justificações surreais, descriminado, emprateleirado ou alvo de outros motivos eticamente reprováveis, então, meu caro leitor, é ou foi um caso de bullying.
Fruto da crescente competitividade do universo laboral, o ataque moral entre colegas (horizontal) ou entre superiores e subordinados (vertical) tem vindo a ganhar cada vez mais expressão. Os custos, dizem as estatísticas, são astronómicos, uma vez que é notório o seu impacto, por exemplo, ao nível da desmotivação e quebra de produtividade.
O fenómeno é definido como uma intimidação regular e persistente que lesa a autoconfiança da vítima, expondo-a a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante o exercício do seu trabalho.
Os sinais de bullying são muito claros. A acção é frequentemente dirigida a alguém que, por alguma razão, intimida profissionalmente o agressor e pode traduzir-se em várias formas: pedir projectos ou relatórios em prazos impossíveis de cumprir, solicitar tarefas triviais a profissionais com provas dadas em cargos de responsabilidade, excluir elementos de determinados grupos de trabalho sem justificação aparente ou não partilhar informações vitais, entre tantos outros exemplos.
Constatar que alguém está a ser vítima de bullying não é necessário assistir à humilhação pública que o chefe faça. Perceber que lhe estão a pedir trabalhos que obrigam a aumentar a jornada de trabalho em largas horas, que espalham injúrias e difamações a seu respeito, que não reconhecem o esforço e desprezam os resultados alcançados são igualmente sinais claros de bullying profissional.
E ironia das ironias, tal como acontece muitas vezes com os adolescentes, o profissional nem sempre se apercebe que está a ser vítima de bullying. E, amiúde, quando tem a noção de tal é quando a prática já saiu fora do seu controlo. É que, regra geral, este tipo de comportamento é camuflado através de assuntos banais que, como é óbvio, afectam a estima do profissional, mas que aos olhos da maioria das pessoas que o rodeiam não passam de actos isolados, para não dizer “manias de perseguição”.