Para aqueles que, como eu, gostam de fotografia sabem que se captarmos uma imagem de um ponto mais elevado, com uma lente de grande ocular, é perfeitamente normal que, por exemplo, as figuras humanas apareçam ao longe, com as suas características físicas praticamente imperceptíveis.
Por outro lado, ao tentarmos obter uma fotografia, igualmente de um ponto elevado, mas se dispararmos a máquina a algo que se situe a curta distância desta, a imagem obtida terá muito provavelmente um enquadramento em que uma pessoa, um animal, uma árvore, ou outra coisa qualquer, é dominante e o contexto em redor completamente esquecido ou desvalorizado. É aquilo que na gíria se designa por bigclose.
Uma coisa é certa: quer nos planos gerais, quer nos bigclose perdemos sempre informação, na maior das vezes, aquela que é a mais importante.
Ora, isto acontece na fotografia, mas também acontece na nossa vida familiar e também na política. E por muito que tentamos evitar um ou outro, manda a verdade dizer que a nossa análise sofre sempre do aludido mal.
Tendemos, uns mais que outros, como é óbvio, a chamar para primeiro plano os nossos interesses, numa atitude egoísta, no caso da vida familiar/afectiva, ou corporativa, no caso da política. Por isso, é necessário estar alerta para os grandes planos gerais que esquecem e ignoram as características das pessoas que acabam por ficar sem grande definição.
Mas também o bigclose, ou usando uma terminologia popular, o olhar apenas para o umbigo, origina apenas a visualização dos nossos interesses imediatos, independentemente de no passado termos usufruído da visão global dos outros.