Todos nós já por diversas vezes e pelas mais variadas razões contactámos com o funcionalismo público. Enquanto cidadãos diariamente somos confrontados, directa e indirectamente, com a necessidade de interagir com diversas instituições públicas, quer sejam elas direcções gerais dos ministérios, repartições de finanças, câmaras municipais, juntas de freguesia, entre tantas outras. Estas relações são por motivos tão díspares como a renovação da carta de condução ou a obtenção do cartão de cidadão, a criação da empresa na hora ou um pedido de certificado de residência ou mesmo o nascimento de um filho.
Quando questionados sobre o funcionamento destas instituições, nas respostas, ao longo dos anos, transparece um negativismo muito profundo e que se enraizou na cultura nacional. Porém, falar da Administração Pública não é somente falar de uma enorme máquina, ainda por cima disfuncional e desarticulada face às reais necessidades dos cidadãos, pois veja-se os inúmeros reconhecimentos internacionais que muitas direcções gerais têm ganho devido à criação e implementação de processos de boas práticas e sistemas capazes de facilitar a interação com os cidadãos e com o tecido empresarial. Ninguém coloca em causa que as Lojas do Cidadão são um caso de sucesso.
Por outro lado, também é certo que ao longo das últimas décadas tem sido notória uma transformação na Administração Pública, a qual tem procurado estar cada vez mais focada numa prestação de serviços de elevada qualidade ao cidadão através de processos simplificados e cada vez mais intuitivos.
Contudo, diga-se também em abono da verdade, que muitos destes projectos de melhoria começam por inquietações sentidas pelo cidadão comum, e não pelos responsáveis máximos das instituições. É através da auscultação das reações dos cidadãos e em contacto com os seus pares que se nota a preocupação na melhoria dos serviços, muitas vezes contra ou mesmo à revelia das chefias. É evidente que existem excepções mas, como diz o ditado, só confirmam a regra.
Sendo verdade que o índice de produtividade nacional se encontra abaixo da média europeia, torna-se pertinente e imprescindível avaliar as razões para a incapacidade estrutural de não se conseguir atingir níveis de crescimento produtivo semelhante aos restantes países europeus e, sobretudo, procurar saber o que poderá influenciar e inverter esta tendência negativa.