O meu ponto de vista

Maio 16 2012

Que a conjuntura não é das mais favoráveis é algo que todos sabemos. Que tal situação desaconselha a grandes reivindicações e que a tónica deve ser colocada na concordância e não na contestação são também verdades indiscutíveis.

No entanto, especialistas existem a defender que, mesmo nestas circunstâncias, as pessoas não podem esquecer os seus direitos e, sem prejudicarem a organização onde estão inseridas, devem procurar a harmonia entre a vida profissional e pessoal. Isto a bem da sua saúde.

Quando se nota que quando as carreiras são, cada vez mais, competitivas e em que os professores trabalham mais horas e a delimitação entre o horário de trabalho e o lazer é praticamente inexistente, algo vai mal. Por isso, não estranha constatar que raríssimos são aqueles que, actualmente, deixam o trabalho no trabalho e o certo é que o impacto desta situação no equilíbrio, na saúde e na estabilidade emocional dos docentes é inimaginável.

Horas extra, telemóvel sempre ligado, emails a toda a hora, viagens para aqui e para a ali, reuniões e mais reuniões, tudo isto com nítido prejuízo de fins-de-semana, passeios e serões passados com a família, não são só uma realidade cada vez mais comum, mas também um primeiro sinal de que a escola não está a respeitar a estabilidade dos docentes enquanto pessoas.

O argumento de querer progredir na carreira e, assim, ter de provar que está à altura é válido e compreensível e, daí, é ver quem mais evidências demonstra –leia-se exposições, visitas de estudo, colóquios, semanas disto e daquilo, dias abertos e “fechados”, entre tantos outras -, quem faz o relatório maior, quem apresenta o projecto X, Y e Z mais rápido, isto sem falar de muitos e muitos outros papers que, em concreto, para nada servem.

Como é óbvio, depois não nos admiramos ao verificar que o número de casos de esgotamento, de stresse e de depressões associadas ao exercício da função docente nunca foi tão elevado como agora.

E, com a toda a franqueza, temo que o actual cenário ainda se poderá agravar mais nos próximos anos, potenciado pela gravidade da crise económica, bem como pelo “terror” que muitos directores e demais subalternos geram nos “seus” professores com a eventual possibilidade de perderem o emprego ou mudarem de local de trabalho.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:39

Maio 15 2012

Acreditem que bem me apetecia escrever sobre algo agradável. Discorrer acerca deste belo tempo que agora faz, da vontade de começar, desde já, a fazer praia, de comer, por exemplo, umas belas favas com entrecosto, entre tantos outros assuntos aprazíveis, seria o ideal.

Todavia, como diz o nosso povo, “quando vemos as barbas do vizinho a arder é conveniente colocar as nossas de molho”. Por isso, ao verificar o encerramento dos Centros Novas Oportunidades, com o consequente despedimento colectivo ou individual dos profissionais que aí exercem funções, e cujo contrato termina somente em Dezembro de 2013, bem como a tentativa de deslocar, mesmo que seja com ajudas de custo, os funcionários públicos de – mais um exemplo - Bragança para Lisboa, ou vice-versa, e apesar do meu natural optimismo, começo a ficar preocupado.

Austeridade sim, mas com conta peso e medida. Os despautérios cometidos durante os seis anos da governação socratina não podem transformar-se, de um momento para o outro, em desertos de um futuro incerto ou num mar de angústias permanentes.

É dos livros que o desemprego, em especial quando cresce de forma violenta, como é presentemente o caso, mina a confiança interna e, por consequência, a economia do país, para além de fazer diminuir a autoestima das pessoas e de aumentar exponencialmente o risco de convulsões sociais.

Não querendo parecer catastrofista, não posso deixar, porém, de dizer que o aumento desmesurado do desemprego potencia um ciclo vicioso que coloca em causa, de modo irreversível, a maioria dos sectores da economia, gerando caldos de cultura que podem atentar contra a matriz da nossa sociedade, a qual foi sendo construída durante os últimos oito séculos e se caracteriza por ordem e civilidade.

Pragmaticamente é isto que está em jogo, sendo absolutamente necessário que os nossos governantes se apercebam de tal e antes que seja tarde! Quem avisa amigo é!

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:47
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Maio 14 2012

Passados uns dias telefonou-me. A noite já tinha praticamente caído e o manto escuro, num céu coberto de pesadas nuvens, mais negra tornava o final daquele dia. Tinha iniciado, há pouco, a visualização do telejornal, hábito há muito enraizado. Entre as notícias repetidas de crise e mais crise e a dormência provocada pelo calor emanado do alegre crepitar da lenha na lareira, o toque do telemóvel despertou-me para uma realidade inesperada.

- “Olá, boa noite! Tudo bem contigo?

Não tendo, de imediato, reconhecido de quem se tratava, apenas balbucionei a resposta do costume:

- Está! E contigo? Quando finalizava tão diminuta e inconsequente resposta, dá-se o clique e reconheci quem me ligava, ao mesmo  tempo que me mortificava pela falta de energia colocada na minha voz.

Ela, porém, sem dar importância à falta de entusiasmo – ainda estou para saber se sentiu tal ou fez de conta que não – continuou o diálogo.

 - “Confesso que, durante estes dias, esperei por um telefonema teu. Como não surgiu, pensei naquele provérbio grego que diz «se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé», e, por isso, eis a ligar-te, mesmo que isso vá contra aquilo o que sempre pensei”.

E, antes que pudesse dizer o que quer que fosse, acrescentou:

- “Bem, não faço nem mais nem menos do que tens apregoado, porque eu, mesmo à distância, bem te tenho lido, ou seja, de que é preciso mudar. Aliás, não foi Jean Paul Sartre que afirmou «todo o homem é feito de todos os homens»”?

Já desperto, e baixando o som da TV, uma vez que valores mais altos se elevavam, retorqui-lhe, procurando dar, por autêntica ser, maior tonalidade e alegria à voz:

- Não imaginas como fico feliz com este telefonema. Podes ter a certeza absoluta que – aqui, sinceramente, exagerei – não calculas quantas vezes pensei em ligar-te. Porém, a disponibilidade de tempo – pura mentira (!) -, bem como algum receio – frisei várias vezes a palavra receio - como desse lado seria sentido o meu eventual telefonema, fez-me, mais que uma vez, desistir. Hoje, todavia, estou arrependido, e de joelhos  – fica sempre bem esta frase – penitencio-me e peço desculpa por não o ter feito.

Do outro lado, ouço um riso cristalino, fazendo lembrar o som das cascatas de água a correr pelas escarpas, em dia de Verão, da Serra do Caramulo, timbre ouvido aquando do fim-de-semana que, por aquelas paragens, passámos nos finais de Agosto de 2010. E, antes que dissesse mais, proferi:

- Não imaginas a saudade que já sentia desse teu riso, genuinamente teu, fruto daquilo que de mais puro tens. Olha, faz-me recordar os excelentes dias que passámos a visitar as muitas praias da Costa de Prata! Lembras-te do Furadouro e do excelente peixe que lá comemos?

Soltando mais uma sonora gargalhada, apenas se atreveu a dizer:

- O que achas? Tal como tu, com toda certeza, também eu recordo, com uma muita saudade, os bons momentos que na minha vida aconteceram e, sem dúvida, esse foi um deles. Aliás, se me permites, acho despropositado perguntares isso, pois bem sabes que é algo que recordarei para sempre.

Não querendo, de modo algum, entrar por um saudosismo sem futuro, retorqui-lhe:

- Como deves saber, quando as pessoas começam a recordar os tempos passados isso é sinónimo de início de velhice, pelo que, apesar do gosto que tenho em lembrar esses momentos maravilhosos, me interessa muito mais falar do teu e meu presente e quiçá do futuro. O teu belo corpo, modulado por uma forma oitavada, o teu perfume, os teus lisos cabelos, os muitos passeios à beira-mar, as viagens – os quilómetros atestam-no, valendo-nos a ausência de portagens nas ex-SCUT e o preço dos combustíveis - que fizemos para desfrutar deste lugar ou daquele restaurante, continuam bem presentes na minha memória. Todavia, agora quero saber o que fazes e que planos tens para o futuro.

Simples palavras brotaram do outro lado:

Apesar dos anos passarem, persistes, como sempre, em ser um querido!

 

(Continua)

publicado por Hernani de J. Pereira às 15:13
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Maio 10 2012

Conta-se que foi para poder ver o nascer do Sol sem ter de se levantar da cama, na sua casa de Port Lligat, que Salvador Dali (1904-1989) terá inventado um jogo de espelhos.

Eu, com toda a franqueza, não almejo que em cada casa haja um jogo de espelhos. Bastava-me que existisse apenas um e que se não todas as pessoas, pelo menos a maioria, se olhasse ao espelho uma vez por dia. Não para fazer jus, através de um narcisismo exacerbado, às derivas e delírios de um surrealismo absurdo, mas para que se enxergassem minimamente e pudessem, deste modo, chegar à conclusão de que “do pó vieram e ao pó retornarão” (Génesis, 3:19).

O viver com défice relativamente ao ditado que diz “não faças aos outros o que não queres que te façam” é pouco aprazível. O tom fica demasiado carregado, parecendo, muitas vezes, que as porta e as janelas se encontram sempre cerradas. A optimização fica diminuída, o esquema funcional que, à priori, se quer simples, torna-se complicado e de modo algum responde às necessidades sentidas, chegando, inclusive, a não enquadrar novas soluções em que todos os elementos não tenham um carácter excepcional.

Álvaro Cunhal, em 2002, escreveu “Um partido com paredes de vidro”, no qual tentava, denodadamente, demonstrar que o PCP nada tinha a esconder, pois tudo era claro e cristalino como a mais pura das águas. Como é do conhecimento geral, apenas convenceu os já, há muito, convencidos, i.e., os convertidos à ortodoxia.

Aproveitando a ideia, e tentando fazendo alguma verosimilitude com o título daquela obra, não aspiro que as pessoas sejam inteiramente de vidro, onde nada possam esconder. Bem sei que coisas existem que nem às paredes se confessam. Contudo, há que colocar a tónica na energia pulsante que vem da confiança mútua, onde a máxima imperturbabilidade deve ser preservada. O recordar constante de reminiscências sem qualidade expressa bem a dualidade de conceitos que anteriormente aludi, originando a sensação de que a questão principal já não é como acabar a obra, mas como segurar as paredes entretanto edificadas.

Acredito, no entanto, que a (re)construção também se faz após o derrube de muros obsoletos e do (re)erguer de novas fundações. Por isso, não é de admirar que o sol tenha brilhado ontem e hoje, e amanhã ainda há-de brilhar mais. Isto sem olvidar que é muito natural que um dia destes volte a chover!

publicado por Hernani de J. Pereira às 23:21
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Maio 10 2012

Não há ninguém que não diga que não prefere trabalhar com os melhores. Ora, se assim é, tal premissa permite-nos acreditar que a nossa missão deverá ser suficientemente inspiradora para atrair os mais bem preparados, não estando dispostos a perder tempo com equipas secundárias.

Uma pessoa que procura verdadeiramente estimular a inovação deve, obrigatoriamente, conseguir retirar o melhor desta perspectiva e aplicar isso ao seu contexto diário. E deve também, em igual escala, ter consciência de que caminhar sem direcção definida e sem um objectivo concreto acaba por se dispersar e não produzir qualquer resultado.

Fomentar uma mentalidade aberta e esclarecida em todos os campos da nossa actividade, seja no trabalho ou no lazer, é um desafio complexo, mas existem formas de vencer esta batalha e espicaçar entre os que nos rodeiam o gosto pelo risco e pela capacidade de concretização.

Uma das primeiras regras é não hesitar em colocar a fasquia o mais elevada possível para as nossas ambições, mesmo que isso implique que a maioria seja eliminada com o decorrer do tempo. Bem sei que, para muitas pessoas, pode ser perigoso incentivar o apetite por novas ideias e projectos alternativos sem tentarem perceber, à partida, qual a sua génese. Os especialistas, porém, não têm dúvidas: fomentar a criatividade dentro e fora de nós implica a capacidade de absorver ideias “novas”, mesmo que estas tenham sido maturadas por outros, ressalvando, como é óbvio, o efeito de plágio.

Saber aproveitar os recursos existentes, a nossa experiência e relacionamentos para gerar valor é outra forma de alcançar uma postura inovadora. Optar por situações em que sabemos ter vantagem competitiva perante os outros é uma regra base. E jamais esquecer que falhar é sempre melhor do que ficar parado é outro preceito, talvez mais importante que aquele.

publicado por Hernani de J. Pereira às 00:47
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Maio 08 2012

1 – Os municípios portugueses ameaçam fechar as câmaras municipais e entregar as respectivas chaves ao governo – pagarei de bom grado para tal ver -, uma vez acharem que o governo está a ir longe de mais na austeridade e, nessa medida, sentem-se completamente asfixiados.

Para além de quererem mais e mais dinheiro, que virá do bolso dos contribuintes, como é óbvio, são de opinião que a reorganização administrativa que lhes irá retirar cerca de 1200 chefias, deixará as autarquias ingovernáveis. Sobre a primeira questão estamos falados. Relativamente à segunda, bem sabemos o que os move: têm medo, tal como o diabo tem da cruz, de que os tachos e as prateleiras douradas que arranjaram para os compadres e afilhados vão à vida.

Por outro lado, quem viaja por este país, independentemente de atravessar muitos ou poucos concelhos, continua a deparar-se com a construção de mais e mais rotundas, lombas e demais obras de fachada, bem como vê os senhores autarcas, e demais comitivas, com uma excelente frota de carros e todos com direito a chauffeur(s).

2 - Os estudantes universitários, com a cobertura de alguma imprensa, queixam-se diariamente de que não conseguem pagar as propinas e demais despesas inerentes ao curso superior que frequentam, chegando ao ponto de invocarem a Constituição, a qual diz que o ensino, seja qual for o grau, será tendencialmente gratuito (!!!). Aqui para nós, que ninguém nos ouve: “raios partam” os políticos por não se atreverem a rever este e muitos outros pontos da lei fundamental do país, uma vez que, nos dia de hoje, não fazem qualquer sentido.

Adiantam que muitos estudantes já abandonaram as universidades por falta de condições económicas. Acredito que algumas destas situações serão mesmo verdadeiras. Porém, muito, mas mesmo muito longe dos números que nos querem fazer crer. Todavia, a haver um único caso, tal não deixa de ser grave.

E, ainda que mal pareça, atrevo-me a perguntar: não conseguem pagar os estudos superiores e arranjam modo de gastar seis milhões de euros nas semanas académicas, vulgo queima das fitas, que um pouco por todo o país acontecem? E isto apenas no referente ao custo dos espectáculos, pois, por fora, há que somar as fatiotas, as jantaradas e o álcool que, em doses industriais, naquelas é consumido. Por exemplo, no cortejo da queima em Coimbra, realizado p.p. domingo, foram cerca de 90 os estudantes que os bombeiros tiveram que transportar às urgências dos HUC, sendo que metade estava em perfeito coma alcoólico.

3 – Mário Soares vem, hoje, apelar ao PS para que rompa o acordo com a troyka. Não sei se se está a tornar num incendiário ou, o que talvez seja o mais certo, com a idade, a qual, como bem sabemos, não perdoa, está completamente xexé.

Já agora, rompíamos o acordo e vivíamos de quê? É que ao romper com tal, o resto dos 78 mil milhões de euros, absolutamente necessários para o nosso viver diário – salários dos funcionários públicos, pensões e subsídios - desemprego, RSI e outros – deixariam de vir. Ou Mário Soares acha que se o PS deixasse de fazer parte do acordo tripartidário, o FMI, o BCE e a CE ficariam impávidos e serenos, i.e., continuariam, de braços cruzados, como nada tivesse acontecido?

Como pode um político que, por duas vezes, assinou, em tempos que já lá vão, acordos com o FMI, igualmente austeríssimos, vir agora propor uma alarvidade destas?

 

Qual destas actuações é a mais irresponsável? Que venha o diabo e escolha!

publicado por Hernani de J. Pereira às 19:52
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Maio 07 2012

Num cenário de adversidade - o ensino é um caso paradigmático – a proactividade e o empreendorismo dos professores fazem milagres pelo sucesso da escola. Todavia, nem todos os gestores escolares sabem conduzir os seus quadros neste sentido e tirar o melhor partido da sua motivação e capacidade de empreender.

Mas como alcançar este estado de desenvolvimento dentro da escola, sobretudo em tempos conturbados como são os que hoje vivemos? A resposta assenta mais no incentivo dos docentes a agirem de forma empreendedora, semelhante à dos investidores de risco, do que fomentar um espírito empreendedor entre aqueles. No fundo, trata-se de resolver a velha dicotomia entre o individual e o colectivo.

Como é do conhecimento geral, a escola, nos últimos trinta anos, fruto de uma sovietização que, pouco a pouco, se foi instalando, muitas vezes sem que a maioria dos professores se apercebesse de tal, deu largas ao colectivismo, onde tudo era decidido em grupo, na tentativa de que agisse como um todo, onde a homogeneização máxima era o limite.

Aliás, na mesma senda, e não por mero acaso, a escola, nos últimos anos, desenvolveu um outro conceito - muito do agrado das forças seguidoras de tal doutrina, em que os bens de produção e consumo são igualmente distribuídos por cada membro da sociedade – designado genericamente por “inserção na comunidade”, o qual, como se sabe, deu origem a que todo o “gato-pingado” ache que deve mandar naquela. Veja-se, por exemplo, a partidarização dos conselhos gerais, onde a cor da autarquia é dominante, bem como a entrega a esta dos funcionários e edifícios, com a ingerência e dependência que tal acarreta. E os docentes, se não “abrirem” os olhos, um dia destes, serão também descartados para as câmaras municipais, as quais, na sua maioria, estão ansiosíssimas por tal, como facilmente se descortina com as AEC. Mas os exemplos não ficam por aqui. Poucas são as instituições autárquicas, sociais, culturais e desportivas que não metem o bedelho e arrancam da sala de aula os discentes - independentemente de ser próximo de testes ou exames e de haver um programa curricular para cumprir - para esta jornada, para aquele meeting, entre tantos outros casos, sendo que a larguíssima maioria mais não são que shows off para aparecer na comunicação social, querendo demonstrar, assim, uma realidade que de verdade nada tem, ao mesmo tempo que usufruem de tempo de antena, o que nos dias de hoje, infelizmente, é o que conta.

É claro que existem também professores que embarcam neste tipo de iniciativas e até colaboram, de certo modo, activamente nas mesmas. A apresentação de “evidências” para efeitos de avaliação de desempenho a tal obriga. Contudo, os principais responsáveis são os dirigentes. Enfeudados como estão ao poder local, obrigados diariamente ao beija-mão, a nada se opõem, bem pelo contrário. Como é evidente, quem, no fundo, acaba por sofrer as consequências são os alunos, uma vez que o ensino das matérias curriculares ou não é dado na sua integralidade ou, então, é dado apressadamente, com todos os inconvenientes daí advenientes.

Isto para não falar na excessiva carga burocrática que os professores, a maior parte por culpa das respectivas direcções, estão obrigados. Como dizia, outro dia, um nosso colega, só um documento deveria ser preenchido: a pauta de avaliação. Este tema, porém, ficará para uma outra crónica.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:53

Maio 03 2012

Há cerca de um ano foi publicado um livro da autoria de Inder Sidhu, responsável, apesar da forte instabilidade económica que atravessamos, por nos últimos sete anos a Cisco ter triplicado os lucros e quadruplicado o valor das acções.

O livro intitulado «Optar por Ambos – Decida-se pelo “e” em vez do “ou”», vem dizer de uma forma simples e muito directa aquilo que eu, de um modo muito mais limitado, como é óbvio, venho nestas páginas escrevendo.

Ser detentor, hoje-em-dia, de saberes polivalentes, possuir instrução multifacetada, em detrimento da especificidade muito concretas é uma mais-valia. Aliás, não é por acaso que os cursos superiores que, na década de oitenta do século passado, foram nascendo um pouco por todo o país, quais cogumelos em pleno Inverno, tendo por base autênticos nichos de formação, como foram, por exemplo, os casos de engenharia cerâmica, gestão de pescas, micro/macrobiologia marítima, economia industrial, entre tantos e tantos outros, não passou de “chão que deu uvas”.

publicado por Hernani de J. Pereira às 21:17
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Maio 02 2012

Quando eu pensava que, com Nuno Crato, o “eduquês” tinha os dias contados, eis que, afinal, a prática demonstra o contrário. Ou o Ministro da Educação (ME) não tem força suficiente para se impor perante a máquina pesadíssima que herdou ou, então, é esta que continua com uma força tal que se impõe àquele. Quero continuar a acreditar que o bom senso e o prazer de ensinar - no sentido literal e integral do termo - hão-de acabar por prevalecer. Mas as dúvidas permanecem.

Vejamos, porém, o que nos diz o Diário da República, do dia 19 de Abril do corrente mês, o qual publicou o Despacho nº 5368/2012:

O Ministério da Educação e Ciência assume como sua missão contribuir para a constituição de uma nova geração interessada e capaz de valorizar o conhecimento e a cultura, motivada para o trabalho, o esforço e o rigor científico. Por entender que tal missão não se fecha nem se esgota nos currículos escolares, o Ministério de Educação e Ciência cria o programa «O Mundo na Escola».

«O Mundo na Escola» dará maior visibilidade e mais fácil acesso às atividades científicas e culturais em curso, valorizando e rentabilizando os melhores recursos; e aproximará a população escolar das instituições e dos profissionais que trabalham no domínio da ciência, das artes e da literatura.

Através de um conjunto de ações, adequadas aos diferentes níveis de ensino, este programa fará chegar a todos conhecimentos, conceitos e obras fundamentais nas várias áreas da ciência e da cultura. Com «O Mundo na Escola» pretende -se criar um clima de divulgação e de partilha de saberes, que contribua para a consolidação de conhecimentos e fomente a curiosidade dos alunos pelo mundo físico e cultural que nos rodeia.

Assim, (…), determino o seguinte:

1 — É criado o programa de formação para a cultura e para as várias áreas do saber nas escolas, denominado «O Mundo na Escola».

2 — O Programa «O Mundo na Escola» versará, na sua fase inicial, sobre Ciência e Tecnologia de uma forma que dinamize a aproximação entre a comunidade científica e a comunidade escolar, valorizando os recursos existentes.

Se isto não é mais do mesmo, então, não sei o que seja. Até poderia perguntar: onde é que eu já li isto?

Bem sei que ainda é cedo para dar uma grande varredela na prática seguida nos últimos anos pelo ME e, não querendo, de modo algum, fazer julgamentos precipitados, não posso, todavia, deixar de dizer o que, na minha modesta opinião, continua mal no reino da “5 de Outubro”. Este tipo de actuação, parecendo igual aos dois consulados anteriores, i.e., recorrendo, de certo modo, à propaganda e ao marketing, preconiza que o “eduquês” ainda é rei e senhor. Espero e faço votos que, na forma e, sobretudo, a nível do conteúdo, o caso mude rapidamente de figura.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:49

Maio 01 2012

Em tempos António Mourão cantou “Oh tempo volta p'ra trás”, tendo-se tornado, na década de sessenta do século passado, um enorme êxito. Não sendo saudosista, gostaria, porém, de voltar três ou quatro dezenas de anos atrás. Como faria diferente, muito longe, por isso, daqueles que afirmam, à boca cheia, “se pudesse recuar no tempo voltaria a fazer o mesmo”.

Se o meu tempo voltasse atrás procuraria

  • adquirir a cultura certa, aquela que estimula e valoriza as tomadas de decisões, baseada em factos e informações e não apenas com base em sensações ou intuições;
  • ter sempre a atitude correcta, na certeza de que tal me tornaria mais auto-suficiente. Quando o não conseguisse, uma vez não existirem verdades absolutas que poderia levar constantemente àquela postura, ter a humildade de reconhecer o erro;
  • alcançar a formação adequada, já que está provado à saciedade que a utilização específica de “ferramentas” colocadas à nossa disposição é essencial para se adoptar uma permanente estratégia de consolidação de conhecimentos;
  • um percurso político desde novo, não porque alguma vez tenha sido apolítico ou por acreditar que “burro velho não aprende línguas”, mas por a experiência me ter ensinado o que significa a frase “cristão novo”;
  • preservar o maior número possível de amigos, pois são eles - perdoem-me a expressão menos prosaica - o sol da vida;
  • ter mais filhos, seguro de que estes são a alegria do nosso viver;

E, the last but not the least,

  • amar mais e de modo mais intenso, convicto de que só doando – aqui no sentido afectivo – se pode alcançar a felicidade.

Uma coisa é certa, não me sentindo totalmente satisfeito com a minha maneira de ser e estar – quem esteja que atire a primeira pedra -, também é verdade que penso que a vida é recompensadora, sendo particularmente optimista quanto ao futuro, comprometendo-me e envolvendo-me com relativa facilidade, conseguindo arranjar tempo para fazer o essencial, possuindo influência positiva sobre os que me rodeiam e, sobretudo, descortinando beleza em tantas e tantas coisas.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:17
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Análise do quotidiano com a máxima verticalidade e independência possível.
hernani.pereira@sapo.pt
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