Saber ver o universo que nos rodeia para lá do nevoeiro que esconde horizontes e para lá de alguns constrangimentos que possam toldar a nossa razão na hora de reflectirmos sobre o nosso futuro é, sem dúvida, uma mais-valia.
Contudo, tal tarefa não se descortina facilmente e nem todos a conseguem resolver do melhor modo. Bem pelo contrário.
É para esta realidade que temos de estar alertados, pois, em breve, temo que deixarão de existir soluções para os nossos problemas, não por falta de capacidade, mas, sobretudo, por falta de perspectivas de futuro e, fundamentalmente, de meios, em especial pelas restrições no acesso às melhores condições económicas.
A velha máxima de “quem não aparece, esquece” já não chega para marcar terreno. Cada vez mais o ver mais além – politicamente, civilmente e, até, afectivamente – deve ser marcado por uma visão mais abrangente e uma estratégia distinta. Estamos quotidianamente expostos a imprevistos, mas também a decisões próprias de mudança de rumo. Por isso, é fundamental que nos posicionemos de forma proactiva e não estejamos à mercê do destino. Aliás, desde há muito, que sou adepto de que o destino somos, em grande parte, nós que o fazemos.
Igualmente, importante é que mantenhamos sempre bem alinhada a noção do nosso talento. Isto sem cair em narcisismos exacerbados. Sobretudo, para que o nevoeiro não nos impeça de ver o essencial, há que construir uma marca pessoal e fazer dela um trunfo, tendo sendo presente que a nossa hora, mais cedo ou mais tarde, chegará. No entanto, é necessário alguma cautela, pois não nos podemos esquecer que se há algo que nos caracteriza é o saudosismo, não sendo por acaso esperarmos, há séculos, pelo aparecimento, de entre o nevoeiro, de D. Sebastião. Como alguém disse “o caminho faz-se caminhando” – para a frente, como é óbvio, acrescento eu.
Ah, e a nossa imagem? O nosso comportamento e a nossa conduta como são vistas? Primar pela honestidade, fornecer toda a informação(!!!) e de forma transparente, evitar estados de ansiedade ou nervosismo, ter um discurso claro, possuir uma dimensão correcta dos nossos objectivos e conter uma atitude comedida ao nosso saber são factores primordiais. Paralelamente, ainda se pode exigir que nos apresentemos com uma postura assertiva, confiante e sempre segura das nossas capacidades, cumprir horários, apresentar uma imagem cuidada e vestir-se de acordo com o padrão da função que desempenhamos. Não haja dúvidas, são trunfos que nos podem ajudar a tirar o melhor partido das raras oportunidades que nestes tempos conturbados alguns ainda conseguem vislumbrar.
Estamos todos, porém, em condições de tais procedimentos? É a questão que deixo aos meus caros leitores.