O tempo em que as pessoas encaravam as suas carreiras numa perspectiva meramente ascendente, qual subida degrau a degrau, onde a conquista de cada um destes significava mais responsabilidade e melhor estatuto já não faz, nos tempos correm, qualquer sentido.
Numa altura em que a maioria dos portugueses tem a sua progressão congelada, outros métodos de gestão de carreira, adaptáveis à nova conjuntura, deverão começar por ir para além da eficiência e da capacidade técnica dos profissionais, i.e., deverão procurar um envolvimento com os projectos, estimulando-os a irem de encontro às suas motivações, independentemente da formação de base que possuem.
Por isso, as carreiras em ziguezague, muito em voga, hoje-em-dia, na generalidade das instituições, mas não na escola, têm-se tornado em dessintonia com a vivência do meio educacional.
Infelizmente, porém, esta é a realidade, uma vez não permitir que as pessoas tenham mais do que o percurso óbvio na sua vida profissional. Está aprovado que dar ao maior número possível de docentes, i.e., não serem sempre os mesmos, a possibilidade de enfrentar diferentes desafios leva-os a abraçarem também múltiplas funções e a exponenciarem motivações dentro da escola.
Ora, não havendo mobilidade ascensional, é dever dos gestores oferecerem a oportunidade de horizontalmente os seus colaboradores se realizarem. Esta “transferência” de pessoas, entre diversos cargos, permite a partilha de experiências, o que garante mais-valias para a escola. Como é lógico, nem todos estão interessados numa carreira género espiral, mas sempre que isso seja possível tal deve ser acarinhado e incentivado, uma vez todos ficarem a ganhar. Já agora, pergunto: em algum momento os docentes são questionados sobre a posição que ocupam e qual a que gostariam de vir a ocupar? Não tenho a menor dúvida que teríamos respostas interessantíssimas, muitas das quais permitiriam conciliar, com maior frequência do que se julga, o interesse da escola com a do professor. Isto desde que se procedesse, num processo honesto de gestão de talentos, à identificação das necessidades de todas as partes.