Tenho perfeita consciência do quanto este texto vai ser polémico. Todavia, não será por receio das reacções que o mesmo irá provocar que, jamais, deixarei de o publicar. Apenas apelo que o mesmo seja epistolado de modo racional e que, em termos emocionais, na medida do possível, a sua leitura seja reduzida ao mínimo.
Como passo a maior parte do dia – profissionalmente, entenda-se – no meio de mulheres, à partida, para grande fracção dos homens, podia-me considerar um felizardo. No entanto – peço, desde já, desculpa às senhoras que me leem e que, julgo, até serem a maioria - não considero ser um privilégio. Bem pelo contrário.
De acordo com um estudo da Women’s Leadership Development Survey, divulgado recentemente, este deixa claro que existe uma grande fatia das mulheres que denotam ausência de uma estratégia ou filosofia definida para o desenvolvimento de cargos de chefia, bem como falham na identificação do potencial e talento que encerram dentro de si.
Não é de admirar, portanto, que falhem igualmente aquando do recrutamento e selecção - a não ser quando apenas se medem e comparam classificações académicas, algo, de certo modo, subjectivo, como, aliás, bem se sabe -, assim como nas experiências de desenvolvimento que apoiem uma evolução profissional, o que, na maior parte das vezes, as torna claramente em desvantagem em termos de igualdade de oportunidades, sobretudo no que se refere a posições de liderança.
Diga-se, porém, em abono da verdade, que uma parte substancial das nossas organizações, sejam elas públicas ou privadas, não possuem a mínima sensibilidade para fomentarem programas e canais que vá ao encontro das especificidades próprias das mulheres, enquanto mães e profissionais. E, aqui, sim, dou-lhes inteira razão nas suas queixas.
Voltando ao início, é minha percepção que uma organização em que a maioria são mulheres, não sendo de todo ineficaz, deixa a eficiência algo por baixo. Tal é fundamentado na eficácia demonstrada, por exemplo, a nível das reuniões, onde se fala, fala, quase chegando a discutir-se o sexo dos anjos, onde o que se podia resolver em uma hora demora duas, três ou mais. Como é evidente existem excepções, as quais, aliás, só confirmam a regra.
As mulheres, por serem mais emocionais, são raros os programas de reforço e incentivo a cargos de chefia que deem frutos. O coaching, o mentoring e a diversidade de géneros de procedimentos, para a maioria, estão longe de ser a solução. Aliás, os especialistas continuam, pelo menos a curto prazo, cépticos quanto a haver soluções, chegando, inclusive, a haver alguns que afirmam faltar ainda muitos anos para que se rompa este ciclo e, por isso, se veja reflectido verdadeiramente o seu potencial.
Já agora, também é minha convicção de que aquelas – infelizmente poucas - que atingem lugares de liderança, o exercem de forma mais dura, para não dizer muito mais despótica, que a maioria dos homens.
Aguardo serenamente as reacções.