Que a conjuntura não é das mais favoráveis é algo que todos sabemos. Que tal situação desaconselha a grandes reivindicações e que a tónica deve ser colocada na concordância e não na contestação são também verdades indiscutíveis.
No entanto, especialistas existem a defender que, mesmo nestas circunstâncias, as pessoas não podem esquecer os seus direitos e, sem prejudicarem a organização onde estão inseridas, devem procurar a harmonia entre a vida profissional e pessoal. Isto a bem da sua saúde.
Quando se nota que quando as carreiras são, cada vez mais, competitivas e em que os professores trabalham mais horas e a delimitação entre o horário de trabalho e o lazer é praticamente inexistente, algo vai mal. Por isso, não estranha constatar que raríssimos são aqueles que, actualmente, deixam o trabalho no trabalho e o certo é que o impacto desta situação no equilíbrio, na saúde e na estabilidade emocional dos docentes é inimaginável.
Horas extra, telemóvel sempre ligado, emails a toda a hora, viagens para aqui e para a ali, reuniões e mais reuniões, tudo isto com nítido prejuízo de fins-de-semana, passeios e serões passados com a família, não são só uma realidade cada vez mais comum, mas também um primeiro sinal de que a escola não está a respeitar a estabilidade dos docentes enquanto pessoas.
O argumento de querer progredir na carreira e, assim, ter de provar que está à altura é válido e compreensível e, daí, é ver quem mais evidências demonstra –leia-se exposições, visitas de estudo, colóquios, semanas disto e daquilo, dias abertos e “fechados”, entre tantos outras -, quem faz o relatório maior, quem apresenta o projecto X, Y e Z mais rápido, isto sem falar de muitos e muitos outros papers que, em concreto, para nada servem.
Como é óbvio, depois não nos admiramos ao verificar que o número de casos de esgotamento, de stresse e de depressões associadas ao exercício da função docente nunca foi tão elevado como agora.
E, com a toda a franqueza, temo que o actual cenário ainda se poderá agravar mais nos próximos anos, potenciado pela gravidade da crise económica, bem como pelo “terror” que muitos directores e demais subalternos geram nos “seus” professores com a eventual possibilidade de perderem o emprego ou mudarem de local de trabalho.