Acreditem que bem me apetecia escrever sobre algo agradável. Discorrer acerca deste belo tempo que agora faz, da vontade de começar, desde já, a fazer praia, de comer, por exemplo, umas belas favas com entrecosto, entre tantos outros assuntos aprazíveis, seria o ideal.
Todavia, como diz o nosso povo, “quando vemos as barbas do vizinho a arder é conveniente colocar as nossas de molho”. Por isso, ao verificar o encerramento dos Centros Novas Oportunidades, com o consequente despedimento colectivo ou individual dos profissionais que aí exercem funções, e cujo contrato termina somente em Dezembro de 2013, bem como a tentativa de deslocar, mesmo que seja com ajudas de custo, os funcionários públicos de – mais um exemplo - Bragança para Lisboa, ou vice-versa, e apesar do meu natural optimismo, começo a ficar preocupado.
Austeridade sim, mas com conta peso e medida. Os despautérios cometidos durante os seis anos da governação socratina não podem transformar-se, de um momento para o outro, em desertos de um futuro incerto ou num mar de angústias permanentes.
É dos livros que o desemprego, em especial quando cresce de forma violenta, como é presentemente o caso, mina a confiança interna e, por consequência, a economia do país, para além de fazer diminuir a autoestima das pessoas e de aumentar exponencialmente o risco de convulsões sociais.
Não querendo parecer catastrofista, não posso deixar, porém, de dizer que o aumento desmesurado do desemprego potencia um ciclo vicioso que coloca em causa, de modo irreversível, a maioria dos sectores da economia, gerando caldos de cultura que podem atentar contra a matriz da nossa sociedade, a qual foi sendo construída durante os últimos oito séculos e se caracteriza por ordem e civilidade.
Pragmaticamente é isto que está em jogo, sendo absolutamente necessário que os nossos governantes se apercebam de tal e antes que seja tarde! Quem avisa amigo é!