Quando eu pensava que, com Nuno Crato, o “eduquês” tinha os dias contados, eis que, afinal, a prática demonstra o contrário. Ou o Ministro da Educação (ME) não tem força suficiente para se impor perante a máquina pesadíssima que herdou ou, então, é esta que continua com uma força tal que se impõe àquele. Quero continuar a acreditar que o bom senso e o prazer de ensinar - no sentido literal e integral do termo - hão-de acabar por prevalecer. Mas as dúvidas permanecem.
Vejamos, porém, o que nos diz o Diário da República, do dia 19 de Abril do corrente mês, o qual publicou o Despacho nº 5368/2012:
O Ministério da Educação e Ciência assume como sua missão contribuir para a constituição de uma nova geração interessada e capaz de valorizar o conhecimento e a cultura, motivada para o trabalho, o esforço e o rigor científico. Por entender que tal missão não se fecha nem se esgota nos currículos escolares, o Ministério de Educação e Ciência cria o programa «O Mundo na Escola».
«O Mundo na Escola» dará maior visibilidade e mais fácil acesso às atividades científicas e culturais em curso, valorizando e rentabilizando os melhores recursos; e aproximará a população escolar das instituições e dos profissionais que trabalham no domínio da ciência, das artes e da literatura.
Através de um conjunto de ações, adequadas aos diferentes níveis de ensino, este programa fará chegar a todos conhecimentos, conceitos e obras fundamentais nas várias áreas da ciência e da cultura. Com «O Mundo na Escola» pretende -se criar um clima de divulgação e de partilha de saberes, que contribua para a consolidação de conhecimentos e fomente a curiosidade dos alunos pelo mundo físico e cultural que nos rodeia.
Assim, (…), determino o seguinte:
1 — É criado o programa de formação para a cultura e para as várias áreas do saber nas escolas, denominado «O Mundo na Escola».
2 — O Programa «O Mundo na Escola» versará, na sua fase inicial, sobre Ciência e Tecnologia de uma forma que dinamize a aproximação entre a comunidade científica e a comunidade escolar, valorizando os recursos existentes.
Se isto não é mais do mesmo, então, não sei o que seja. Até poderia perguntar: onde é que eu já li isto?
Bem sei que ainda é cedo para dar uma grande varredela na prática seguida nos últimos anos pelo ME e, não querendo, de modo algum, fazer julgamentos precipitados, não posso, todavia, deixar de dizer o que, na minha modesta opinião, continua mal no reino da “5 de Outubro”. Este tipo de actuação, parecendo igual aos dois consulados anteriores, i.e., recorrendo, de certo modo, à propaganda e ao marketing, preconiza que o “eduquês” ainda é rei e senhor. Espero e faço votos que, na forma e, sobretudo, a nível do conteúdo, o caso mude rapidamente de figura.