O mundo ainda não é um lugar perfeito e duvido que alguma vez o venha a ser. Um dos exemplos deste facto é que existe uma parte significativa dentro de nós que quer ser uno e só, um ser individual no pleno gozo de todas as regalias e mordomias, ou seja, achando que tem, inegavelmente, direito ao amor e à felicidade, partilhando, quanto muito, umas míseras migalhas com o outro, sem jamais renunciar aos seus desejos e anseios.
E porquê? Porque as pessoas não conseguem antecipar as suas necessidades futuras, para além de não terem consciência de que estas são, cada vez mais, imprevisíveis. Por outro lado, o estabelecimento de laços afectivos não está exclusivamente relacionado com a potenciação dos mesmos, mas sim na forma como dia após dia, semana após semana, mês após mês e ano após ano se mantêm.
Se nas relações laborais existe a figura de contratação temporária, o mesmo não se pode aplicar às relações entre dois seres. Estrategicamente tal faria aumentar substancialmente o custo afectivo e jamais reduziria, bem pelo contrário, a organização dos atritos.
Não é sustentável obrigar alguém a manter um vínculo sem termo, se o outro alterar o seu comportamento, o seu modo de ser e estar do dia apara a noite. Perante este desafio, surge, por vezes, o dilema da flexibilidade. Este, porém, resulta do modo como a maioria das pessoas encara as suas relações, isto é, a existência de picos e quebras, ou, dito de outro modo, a subsistência de altos e baixos. Todavia, esta eventual hesitação não pode durar toda a vida. Há um momento em que é absolutamente necessário dizer basta!
Coordenar entre pessoas distintas os ditames necessários para uma conjugação mútua de esforços, é, sem dúvida, um primeiro passo para o começo da mudança da própria mentalidade.