Que a chuva faz muita falta ao país é um dado inquestionável. E que por muito que chova - não tem sido o caso - partes do país existem que, em termos agrícolas, florestais e sílvicas, já não se conseguem salvar, é algo fora de discussão.
Agora, também é indiscutível que, em finais de Abril, com este tempo que, de manhã à noite, se apresenta soturno, em que a cor do céu é constantemente plúmbea, nos deixa ainda mais constrangidos lá isso é verdade. Caramba, já não chegava a crise?
Quando nos apetecia, e era lógico que assim fosse, vestir roupa mais leve, passear por parques e jardins – e por que não também à beira-mar? -, apreciar o chilrear dos passáros, o desabrochar da Natureza, nas suas mil e uma cores, deleitarmo-nos com os primeiros piqueniques, eis que vem chuva e frio, obrigando-nos novamente a tirar, do armário, os sobretudos e os pesados casacos. E a lareira que, obrigatoriamente, se acende quase o dia inteiro!
Que saudades do bombardeamento de várias cores que, há uns anos, por esta época, éramos submetidos, como que por conspiração do Universo a alegria da renovação pessoal se estendia às ruas, mas a que as montras, as revistas, os catálogos, e até a net, não ficavam indiferentes.
Será que todos os designers celestiais, por coincidência, se lembraram de, simultaneamente, explorar, neste momento, a mesma tonalidade ou não sendo propriamente um acaso acaba por ser uma conspiração da ala criativa?
Num ano em que tanto se fala em crise, défice, FMI e planos de reestruturação económica … este tempo não podia ser o menos apropriado. Quanto muito pode ter algo de providencial!
Sinceramente, o que está a faltar são cores alegres, de modo a sonharmos e transmitirmos confiança, elevando o espírito e camuflando as dores. Necessitamos, urgentemente, de algo cativante e estimulante de modo a pôr a adrenalina a mexer, evitando, desta forma, mais momentos de melancolia.
Sou dos que acredita que posso tornar a vida mais feliz, simplesmente, mudando-lhe a cor.