Cada vez mais, infelizmente, me convenço que tal como na história de “O Rei vai nu”, também em Portugal existem evidências de algumas idiossincrasias, sobretudo a nível da aplicação da lei, que ninguém vê ou, melhor, ver até vêm, preferem é dizer que não vislumbram o que quer que seja.
Já muito se escreveu sobre o programa imposto pela troyka para a reabilitação do infortúnio português. Todavia, por muito que se continue a escrutinar e discorrer sobre tal, jamais alguém vislumbrará nada que, sem a vontade e a inteligência lusa, permita aliviar o negro cenário económico que nos ensombra.
Como é do conhecimento geral, o programa é de recuperação financeira, i.e., serve essencialmente para podermos pagar a enorme dívida contraída durante décadas e décadas de quase puro laxismo e despesismo desmesurado. Ora, essa responsabilidade é nossa e devemos assumi-la por inteiro, honrando, deste modo, a memória dos nossos antepassados.
Contudo, não haverá troykas governamentais, sindicais, associativas, legislativas ou outras quaisquer, que nos possam valer se nós não mudarmos, nomeadamente a nível do trabalho, ou seja, aquele factor que impele uma maior dinâmica à economia e ao desenvolvimento do país. E modificarmo-nos a nível do trabalho não significa, de modo algum, estar mais horas no local de trabalho, mas sim sermos mais eficazes e eficientes, aumentando, assim, a produtividade e, com isso, diminuindo o custo da mão-de-obra, o qual, como se sabe, é a circunstância que mais pesa no preço final do produto ou serviço.
Por outro lado, de uma coisa todos poderemos ter a certeza: jamais existirá troyka que possa substituir os portugueses, uma vez que somos nós que necessitamos de agarrar, nas mãos, o destino e assim construir a nossa futura história. Sempre assim foi e há-de ser. A não ser que queiramos a extinção!