Num contexto como o que presentemente vivemos, não é, de modo algum, possível que as pequenas e médias empresas, i.e., aquelas que empregam a maioria dos trabalhadores deste país, continuem confrontadas com crescentes dificuldades no acesso ao crédito e com a exigência excessiva de garantias por parte da banca.
A banca é crucial para o financiamento da actividade económica e, por isso, há que assegurar que cumpra o papel que lhe compete no quadro de uma economia de mercado. Infelizmente, continuamos a constatar que os apoios que lhes são assegurados por parte do Estado não são transpostos, como aliás deveriam ser, para a economia, verificando-se, sim, o sucessivo agravamento das restrições e dificuldades de crédito. Por outro lado, é muito comum ser a própria banca a exigir alterações às condições de empréstimo em vigor, impondo, unilateral e injustificadamente, a prestação de novas garantias e o pagamento de spreads mais elevados.
Como dizia, outro dia, um pequeno empresário e meu amigo, “não podemos continuar a assistir ao incremento da capitalização dos bancos à custa do empobrecimento das empresas”.
Em tempos não muito distantes, o comendador Berardo, como é sabido, nessa altura muito próximo de Sócrates, usou e abusou de enormíssimos empréstimos da CGD para, numa guerra fratricida, se apoderar do BCP, dando como garantia as acções que ia comprar. Como é público, no momento da aquisição, estas valiam cerca de quatro euros cada. Agora, face à crise internacional e, sobretudo, aos fortes investimentos que este banco, em mau momento, fez na Grécia (!!!), valem cerca de quinze cêntimos ou nem isso. Imaginam quem ficou com o problema nas mãos? Se pensam que foi o Senhor Comendador estão bem enganados.
Contudo, para a CGD, a maior instituição bancária portuguesa e tutelada pelo Estado, ou seja, cujos administradores são nomeados pelo Governo, não chega ter errado - e de que monta(!) - uma vez, pois prepara-se, se é que já o não fez, para emprestar mais umas centenas de milhões de euros ao Sr. Américo Amorim, o tal que, despudoradamente, em tempos se afirmou trabalhador como outro qualquer e que anda de braço dado com toda a fina flor da nata financeira angolana – leia-se Isabel dos Santos e quejandos (enquanto o povo morre de fome) -, com o único fim de este adquirir uma posição maioritária na Brisa. Estou mesmo a ver que as garantias serão as mesmas do outro senhor e, daqui a uns anos, o final da história há-de ser igual.
Como é óbvio, não sendo o dinheiro elástico, indo para um lado não vai para o outro. E, depois, admiramo-nos do nível de desemprego? Então, se uma empresa necessita de dinheiro para comprar matéria-prima para produzir os seus produtos e a banco lho nega, como podemos querer que não feche e não coloque os respectivos trabalhadores na “rua”?