Concluído que está o Tríduo Pascal, é o momento para fazer uma reflexão sobre a vivência destes últimos dias.
E se algo me tocou foi o significado e a assunção da expiação. Sofrer por nós e pelos nossos é fácil e, diria até que, mais não fazemos que a nossa obrigação. Outra coisa, completamente distinta, é carregar os pecados dos outros, assumi-los e responsabilizar-se por tais.
Numa época em que o individualismo é, cada vez mais, sinónimo de um quotidiano (decadente), há que voltar a colocar os olhos e, sobretudo, o coração no que aconteceu há dois mil anos.
Tenho para comigo, sem falsa humildade, que carrego mil anos de ofensas. E se o digo não é por excesso de modéstia, mas por ser verdade. Aliás, por acreditar nas Sagradas Escrituras, não tenho a menor dúvida que, se, hoje morresse, a minha alma iria carregar forte fardo de provações - "quem estiver limpo que atire a primeira pedra”. Por isso, pronto a perdoar e a ser perdoado, indago se tal gesto seria entendido como tal ou, pura e simples, escarnecido.
Dilema que, quer se queira ou não, dificulta dar o passo certo. Assim, nesta Páscoa, peço a Deus que me ajude a despedaçar tão inquietante questão.
Desnudei-me, sem que as minhas vestes fossem tiradas à sorte. Consciente desse acto, e com toda a minha "pequenez", tenho, de antemão, a perfeita noção do que representa tal gesto. Aguardo o sinal do(s) outro(s) lado(s).