Ninguém vive somente de palmadinhas nas costas, pese embora, por vezes, saberem muito bem, assim como é muito agradável saber que o nosso esforço é reconhecido e até apontado como um exemplo no quadro do desempenho global.
Como é sabido, cada um de nós também é Estado, na exacta medida em que o conceito alargado e rigoroso deste engloba território, língua e população, não se restringindo, de modo algum, apenas aos órgãos de soberania. Por isso, sempre advoguei que temos obrigação de agir antes de reclamar e de contribuir para a solução do(s) problema(s).
Nesta ordem de ideias, quando se fala em Estado vem-me sempre à memória aquela célebre frase do discurso de Presidente Kennedy, quando ele exorta a que não se pergunte o que o Estado pode fazer por cada um, mas antes que cada um pergunte o que pode fazer pelo Estado.
Nós, no Ensino – propositadamente escrevo Ensino e com letra maiúscula – sabemos bem o que podemos fazer pelo Estado e pela educação em Portugal. Sabemos e, maioritariamente, temos cumprido o nosso dever de professores empenhados no bem colectivo. Por isso, também podemos acrescentar ser mais que justo beneficiar dos apoios que estas acções merecem.
Assim, aos responsáveis de perto e de longe, o apelo singelo: deixem-nos dar aulas. Não nos massacrem em burocracias. Deixem de nos impor este e aquele quesito numa atitude que pode ser, claramente, classificada de mais papista que o Papa.
A título de exemplo, pergunto como é possível solicitar aos docentes indicações de acções de formação quando cada centro de formação tem, para além da afectação de funcionários administrativos, um(a) director(a), isento de componente lectiva, e que, ainda por cima, recebe um suplemento remuneratório igual ou quase ao do director de qualquer agrupamento de escolas? Sem serviço que se veja, não é capaz de conversar com A, B ou C, e, posteriormente, entabular conversações com a tutela para que, a tempo e a horas, e através de uma agenda o mais rotativamente possível, i.e., por todas as escolas, promover formação para todos os grupos disciplinares?