De acordo com um estudo do The Economist “o desafio do momento é colocar o talento certo, no lugar certo, mas apenas pelo tempo certo”. É que está provado e este estudo apenas o reforça, serem raras as pessoas que têm capacidade para, de forma eficaz, desempenharem um cargo ou ocuparem um determinado posto de trabalho durante uma vida inteira.
Por isso, tenho as maiores dúvidas sobre os designados políticos profissionais, os quais, desde os tempos das “jotas”, nada mais exerceram, em termos oficiais, é claro, do que cargos de natureza política. O grande problema é que as máquinas partidárias deixaram-se aprisionar por estes profissionais, impedindo que as estratégias de transferência possam dar os seus frutos, tanto na abertura a novas ideias como no que toca aos desafios operacionais diários. E isto tanto é válido para as estruturas nacionais como para as mais pequenas, a nível de freguesia e/ou concelho.
A necessidade de contar com políticos de abrangência global, móveis e flexíveis está a tornar ainda maior o desafio de oferecer infra-estruturas adequadas – ou right-sized – a estes tempos de mudança.
Enquanto no mundo empresarial a maioria dos dirigentes de topo, de acordo com o citado estudo, são adeptos do trabalho global e móvel e acreditam que uma colocação em outras funções contribui para o seu progresso enquanto profissional e ser humano, os políticos pelam-se pela não mudança e grudam-se ao carreirismo de um modo bem pior que a lapa à rocha.
Como é óbvio, já ninguém se admira quando o cidadão, mais ou menos anónimo, afirma que os nossos políticos se encontram completamente desfasados da realidade, como, o recente e infeliz episódio protagonizado por Cavaco Silva, a propósito das suas dificuldades económicas, o comprova.