Segundo um inquérito do DN, apenas um em cada cinco autarcas se opõe ao trânsito para outros municípios, ou seja, dos 117 autarcas impedidos, por lei, de se recandidatarem aos actuais municípios, a larguíssima maioria está na clara disposição de mudar de poiso, com vista a manter-se no poder, independentemente, de ter ou não qualquer ligação à eventual câmara municipal onde possa concorrer.
A isto chama-se, sem margem para dúvidas, sede de poder e ganância pelo tacho. E ainda têm a desdita de se autoproclamam paladinos dos paladinos da melhor democracia (directa)!!!
É um facto que a consciência democrática ainda não chegou a todo o lado. Todavia, também é certo que a desenvergonhice tem limites. E, apesar da igualdade entre os cidadãos se encontrar longe de ser atingida, muito embora alguns progressos tenham sido feitos nesse sentido, nos últimos anos, manda a verdade dizer que a nossa lei, nesta matéria, já não é libertina, mas as cabeças de quase todos ainda o são.
Não se pode falar aqui, como em muitos outros casos, do agravar de preconceitos antigos contra os políticos. Aliás, parte-se de princípio que a candidatura de alguém com experiência, mesmo que seja numa autarquia cujos problemas estão quase nas antípodas da anterior, é, senão mais lucrativo, pelo menos mais vantajoso, já que se parte de um know how adquirido, esquecendo que bem pior que a eventual utilidade de tal, são os prejuízos causados pela cristalização de maus hábitos.
Volto a recordar que imensas “Madeiras” se hão-de descobrir nos próximos tempos e como acudir a elas nos vai custar os olhos da cara. Esperem para ver!