O meu ponto de vista

Janeiro 31 2012

Nota-se de dia para dia o aumento da descrença e o abandono da esperança de que alguma vez sejamos capazes de superar as imensas dificuldades porque passamos. E por muito que saibamos, ou que repitamos até à saciedade, que Portugal já superou crises tanto ou mais graves que a actual, o certo é que as pessoas, cada vez mais, deixam de acreditar num futuro melhor.

E a culpa, no dizer da generalidade do cidadão comum, vai quase inteirinha para os políticos. A frase que mais se ouve é: “são todos iguais. Antes de irem para o poleiro, prometem fazer de modo diferente, lutar, até ao limite das suas forças, pelo bem do país e, sobretudo, pelos mais desfavorecidos, mas mal lá colocam os pés, é vê-los a proceder de igual modo aos que anteriormente tanto criticavam”.

Pessoalmente não digo que não haja um fundo de verdade – e não é assim tão pequeno como isso – nas palavras do nosso povo. Todavia, não querendo de modo algum branquear esta e aquela situação menos clara – algumas tenho-as aqui denunciado -, manda também dizer a verdade que nem tudo é igual.

A um cidadão, mas principalmente a um político, para além de uma honestidade e de um comportamento acima de qualquer suspeita, exige-se que tenha inteligência emocional, espírito aguerrido e inconformista, capacidade de ultrapassar obstáculos e antecipar oportunidades, proactividade, optimismo negocial, atitude positiva e capaz de evidenciar valor e uma forte motivação, mesmo em épocas de conjuntura adversa, como é esta.

Ora, durante muito tempo – alguns(!!!) resquícios ainda perduram -, e apesar do papel fundamental que desempenharam e desempenham no (in)sucesso da gestão da coisa pública, muito dos políticos chegavam à profissão quase como uma segunda opção, ou seja, com um único fito de se catapultarem para outros voos. Por isso, não admira que o seu papel fosse – e, infelizmente, em larga medida, ainda o é - o de “impingir” determinada ideia/conceito, esquecendo que a aspiração e/ou detenção de determinado cargo político, apesar de se servir de várias ciências (comunicação, economia, direito, ética ou, até, psicossociologia), obriga a assumir uma função de extrema importância na defesa dos interesses públicos, influenciando positivamente o bem-estar dos seus concidadãos e convertendo-se, de um modo constante, em consultor dos mesmos, analisando as suas necessidades e recomendando as respectivas soluções.

Estas palavras, como é evidente, servem também para outros detentores de cargos públicos, os quais, apesar de não se assumirem como políticos, agem como tal.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:10
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Janeiro 30 2012

Nunca o escondi e não é agora que o vou fazer. Sempre fui adepto da substituição de um docente por outro aquando da ausência de um deles. Pode-se não ministrar tão bem a aula conforme o detentor da cadeira, mas com o mínimo de seriedade (re)afirmo que é sempre preferível os discentes estarem dentro da sala de aula do que andarem a brincar ou a danificarem o material da escola. Não é por caso – e está provado – que, após a introdução das designadas substituições, os estragos provocados pelos alunos, bem como o número de acidentes diminuiu drasticamente.

Por isso, apesar de não gostar de as fazer tal como nenhum outro docente, sempre defendi que todos deveriam ter inscrito, no respectivo horário, um número mínimo de substituições. Todavia, como sei que existem colegas que fogem deste serviço como o diabo da cruz, apesar de, hipocritamente, proclamarem o contrário, alguns, ano após ano, não têm nenhuma ou, quanto muito, têm uma ou duas. Para que conste tenho muitas mais, pelo que devo ser o que mais tem. Bem, também não é por acaso. O cálice de fel tem de ser bebido até à última gota, sendo a paga por uma certa forma de estar na vida.

Exponho estas palavras por saber de uma pretensa estatística sobre quem, percentualmente, faz mais ou menos substituições. Como sabemos a estatística é algo que pode servir para tudo. Que o diga o governo de José Sócrates, o qual era especialista na manipulação de tal matéria. Aliás, é já banal aquela estória que diz que se um determinado individuo comer um frango e o outro estiver com a barriga a dar horas, estatisticamente cada um comeu meio frango à refeição. Assim, aqui também acontece o mesmo. Mas vamos a simples exemplo. Um professor que apenas tenha uma hora, por semana, de “ocupação” no seu horário, se fizer uma substituição de quinze em quinze dias, isso quer dizer que, estatisticamente, faz 50 %. Outro, pelo contrário, caso tenha seis horas no seu horário, se fizer duas por semana atinge apenas uns míseros 33 %. É justo e honesto elaborar a tal lista nestas condições? Porque não se coloca, então, cá fora os resultados em bruto, para que cada um tire as suas ilações?

Resumindo, para o próximo ano ou ainda neste – se é possível para uns, também o deve ser para outros - igualmente quero estar no topo do ranking das substituições, o que, na prática, quer dizer que deverei fazer parte do clube XPTO, integrar o grupo de trabalho MEME, vulgo máximo eduquês, mínimo ensino, ou, em última hipótese, pertencer à comissão X, Y e Z, ou seja ter, no máximo, uma ou duas "ocupações" por semana.

publicado por Hernani de J. Pereira às 18:43

Janeiro 27 2012

Presumo que todos os que, mais de perto, me conhecem sabem o quanto adoro a boa mesa. Não tenho a menor dúvida que faço parte da maioria dos portugueses que faz jus ao ditado que diz que os homens se conquistam pela barriga. Sendo certo que, em tempos, já comi muito mais que hoje, continua, no entanto, a ser verdade que adoro a mesa e, sobretudo, a confraternização que à volta da mesma se estabelece.

E como me lembro! Sim, é verdade, recordo com saudade os espaços onde a expressão “comer com os olhos” se aplicava na perfeição. Guardo na memória a casa familiar, o fabrico único, onde a arte, sem saber que tal praticava, era presença assídua. Em boa verdade, eram tempos em que não havia publicidade, ou melhor, o único marketing existente era o que se passava de boca em boca, enfim, o reconhecimento público daquilo que genuinamente se sabia fazer, fruto de séculos de experiencia prática, muito distante do quotidiano, em que tudo passa primeiramente pela escrita.

A decoração daqueles tempos? Sinceramente, não havia. Os motivos eram rústicos, é certo, mas com todo um odor especial, com um sabor à genuína natureza, i.e., muito superior às melhores fragâncias que, de forma caríssima, se adquirem hoje-em-dia. Era necessário que fosse diferente? Com toda a sinceridade, acho que não, pois o que, posteriormente, se ganhou em “beleza” perdeu-se em sabor.

Em tempos que tanto se valoriza os produtos biológicos, que saudade dos sabores de um tempo em que nada disso era preocupação! Por isso, mas também por força de amigos que me incentivam a continuar – desde já, o meu muito obrigado - eis-me a continuar a produzir, com prejuízo, é verdade, a maior parte dos bens alimentares que consumo.

Como é sabido, vivo numa pequena aldeia onde, pelo menos, o stress é inexistente. É evidente que a agitação e a notoriedade são diminutas, bem como os “bens culturais” se encontram mais distantes. Todavia, outras recompensas se erguem. Muito mais importante que o reconhecimento que teria se vivesse na cidade – levava, é certo, uma vida mais “tranquila” – é a qualidade de vida. Por morar numa pequena aldeia e, principalmente, por habitar numa vivenda isolada, recordo que em quaisquer momentos, os quais deixo à imaginação dos meus leitores, posso ter as “melhores e/ou piores atitudes”, sem ter receios de incomodar ou ser visto por quem que seja. E isso deixa-me, desde já, com água na boca …

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:07
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Janeiro 26 2012

Num passado não muito distante privilegiavam-se as pessoas, em termos de afabilidade e simpatia, em detrimento das suas competências técnicas. Hoje, apesar de ainda se verificarem alguns vestígios dessa prática, a elevação da fasquia técnica terá que estar na ordem do dia.

Pessoas voltadas para uma visão global, interventivas, menos românticas, no termo que a poesia lhes dá, exímias no relacionamento interpessoal, aptas a analisarem e integrarem as perspectivas dos diversos players, são necessárias como o pão para a boca.

Vêm estas palavras a propósito do que acontece com a maioria das câmaras municipais deste país, véu que somente agora começa a ser levantado. Afinal, imensas “Madeiras” existem por este rectângulo à beira-mar plantado.

Sintomático é o facto de logo após o Governo da República ter chegado a acordo com o Governo Regional da Madeira, cujos contornos, aliás, ainda estão no segredo dos deuses, as autarquias que estão com a corda na garganta – infelizmente são a maioria – começarem a reivindicar tratamento igual ao daquela região autónoma.

E manda a verdade dizer que aquilo que Alberto João Jardim fez na Madeira, i.e., obras e mais obras, muitas delas de apenas fachada – recordam-se do heliporto que apenas foi usado aquando da inauguração? -, sem se preocupar quem as pagaria, assim também sucedeu com os aludidos municípios. É só ver as rotundas, atrás de rotundas, estátuas de péssimo gosto, jardins com cisnes (ou serão patos?), repuxos e … caracóis – no Verão, acompanhados de um fino, adoro(!) -, pavilhões e piscinas, não em cada freguesia, mas sim em cada bairro ou lugar mais recôndito, que inundam este país, para perceber o despesismo que hoje temos de pagar e, ainda por cima, com língua de palmo. Isto sem falar no aumento dos funcionários, uma vez que é raro encontrar um presidente de câmara ou de junta que não tenha toda a família, incluindo os primos até ao terceiro grau, como empregados na respectiva autarquia.

E todos estamos a ver o final de mais esta novela. Os partidos, quer sejam do actual arco governamental ou não, alimentando-se fundamentalmente da sua clientela local, e esta comportando-se como a pior das sanguessugas, irão ceder. Dívidas serão perdoadas e outras renegociadas, de modo a que mais desmandos surjam de novo. As eleições autárquicas serão no próximo ano e, neste como noutros âmbitos, ninguém quer ter maus resultados. Este filme já todos o vimos e revimos dezenas de vezes, mas, mais uma vez, vai ser rodado.

publicado por Hernani de J. Pereira às 18:45
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Janeiro 25 2012

Por sempre ter reconhecido o papel primordial do director de turma e, sobretudo, pelo excesso de carga burocrática que lhe é imposto, enquanto responsável pela gestão escolar, fui dos primeiros a conceder mais uma hora semanal aos directores de turma, mesmo antes da introdução da disciplina de Formação Cívica (FC), ocorrida aquando da reorganização curricular de 2001 – Decreto-Lei nº 6/2001, de 18 de Janeiro -, facto, aliás, que continuou.

Todavia, ao longo de dez anos da vigência de tal normativo, os pressupostos que estiveram por trás do surgimento desta área não curricular, foram, como é por todos sabido, completamente desvirtuados. Esta passou, fundamentalmente, a ser utilizada como um espaço de gestão dos conflitos de turma, quando, obrigatoriamente, o deveria ser na aula suplementar que possuem no seu horário.

E, por muito que os respectivos docentes digam que isto também é formação cívica, manda a verdade dizer que não o é. A educação cívica, no mais intrínseco do seu ser, deveria actuar na defesa do respeito pela família, na apologia dos nossos valores ancestrais, no amparo ao bem comum e, sobretudo, na alegação da honestidade e urbanidade. Contudo, estas matérias raras vezes estiveram presentes.

Para além do tratamento de casos de indisciplina, esta área tem sido aproveitada pelos defensores do eduquês para promover, principalmente, aspectos fracturantes como por exemplo: a educação sexual, o activismo social e político, a (des)construção de um (novo) Estado, e a cereja em cima do bolo, a participação activa de todos, fazendo crer que a sala de aula mais não é do que uma assembleia popular onde o voto do professor é igual aos dos alunos, auxiliando de modo exponencial o minar da autoridade daqueles.

Para ajudar à festa daqueles que acham que a escola deve continuar a ser um sorvedouro de dinheiro, mesmo sabendo que mal temos para comer, vem o Provedor de Justiça afirmar que o fim de FC põe em causa compromissos internacionais. Engraçado, ou melhor, não tem graça nenhuma, o certo é que nunca o vi levantar a mais leve voz sobre a relevância que representa a possibilidade de não cumprirmos os acordos financeiros assumidos com os nossos credores. Ou será que também é de opinião de que, pura e simplesmente, tais não se devem honrar e pagar a dívida não passa de brincadeira de crianças?

Também o Conselho Nacional de Educação – mais uma estrutura xuxalista que nunca mais tem fim – vem colocar o seu dedo (sujo!) na ferida. Ontem, em DR, fez publicar uma recomendação, a qual, ao longo de quatro fastidiosas páginas, tenta fazer a abonação da educação para a cidadania – o nome é bonito e fica bem. Com imensas citações - Boaventura Sousa Santos, Maria Emília Brederode Santos, entre outras, não podia deixar de estar, não é? –, remata com esta pérola: no âmbito de atividades específicas de educação para a cidadania deve haver oportunidade para problematizar os fatores indutores de situações de risco e de vulnerabilidade social, que colidam com os direitos humanos. A educação para a cidadania deve basear -se em metodologias racionais e participativas que apelem aos conhecimentos científicos, técnicos e humanísticos, e que promovam o espírito crítico, o desenvolvimento moral e o desenvolvimento cognitivo dos estudantes.

Digam lá se isto não é belo e harmonioso? E, ainda por cima, dá para tudo e para nada!

Ora, sabendo que anda por aí uma polémica sobre o fim da FC, como se tal representasse o fim da nação, preconizo que, para além das duas horas inscritas no horário do director de turma e que fazem parte dos respectivos normativos legais, deve haver uma terceira, com o intuito simples de resolver os casos de indisciplina, articular actividades extracurriculares, etc. Mas, por favor, não lhe chamem nomes! E, já agora, todas elas, repito, todas a descontar na componente não lectiva. Só nos casos em que tal não seja possível, então, dever-se-á avançar para a parte lectiva.

publicado por Hernani de J. Pereira às 21:45

Janeiro 24 2012

Como se sabe, o epicentro de alguns tsunamis comportamentais centram-se dentro de nós, onde o desbaratar de créditos eleva o risco de rupturas a níveis impensáveis. Aliás, a proliferação de más práticas e o desafio permanente de incumprimento é de tal modo (im)previsível que facilmente se entra em ressaca, gerando uma onda enorme de desconfiança, obrigando os outros a reduzirem  - isto para ser benévolo - as suas margens de manobra.

As vicissitudes das nossas vivências e, sobretudo, o modo como as gerimos, têm repercussões de tal monta que geram angústias em muito boa gente, directa ou indirectamente relacionada, gente que, como é óbvio, vê o futuro próximo com cores sombrias.

Outras pessoas, porém, afirmam que tais crises escondem oportunidades inesperadas, mesmo num quadro parco em valores como o que presentemente vivemos. Então, para salvar o estilo de vida, dão-se ares de liberais, dão o dito por não dito e optam por soluções que antes consideravam impensáveis.

Aliás, não é por mero acaso que nos querem fazer crer que as aludidas oportunidades podem voltar a constituírem-se como novos cenários, esquecendo contudo o pano velho de que são feitos. E, bem vistas as coisas, neste mundo em que as qualidades matriciais são imensamente voláteis, até chegam a asseverar que podem ser uma bênção.

Não sei como se atrevem a tais pensamentos, mas que é assim que agem, lá isso é verdade!

publicado por Hernani de J. Pereira às 18:42
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Janeiro 23 2012

Excelência,

Preocupado, como sempre estive, com aqueles que mais dificuldades sentem, sobretudo nestes tempos de enorme austeridade, e apesar de saber que, conforme o jornal "i" escreve hoje, para além dos 10 mil euros por mês das pensões, Cavaco Silva recebe ainda 2900 euros por média para despesas de representação pelo cargo que ocupa, com a maior singeleza e sem pretender dar lições de economia ao distinto professor que foi, a título meramente gratuito aqui vão algumas informações que presumo serem úteis:

  • Tente conciliar os seus gastos familiares com os parcos proventos que aufere, o que, em boa verdade, com 13 mil euros por mês não é fácil;
  • Esteja disposto a abdicar de algum tempo de lazer e procure um segundo emprego em part time;
  • Seja capaz de dizer não a férias longas e renuncie a um ou outro fim-de-semana com vista a cultivar uma hortazita em qualquer recanto do Palácio de Belém, ou, na ausência de tal espaço, procure na zona saloia dos arrabaldes de Lisboa, uma vez que por estas bandas ainda existem terrenos com algumas centenas de metros quadrados para cultivar;
  • Faça uma avaliação rigorosa das suas necessidades de tesouraria e, caso veja que é impossível sobreviver com tão pouco, reivindique um aumento;
  • Se mesmo assim, cumprindo todas as determinações anteriores, a solução para tão grave problema financeiro não for, atempadamente, encontrada, em última análise, vá em frente, i.e., demita-se. Com toda a franqueza, ninguém é obrigado a passar por tão grande carestia.

Atentamente,

Um eleitor que sempre votou em V. Exª.

 

Adenda: Cada ex-Presidente da República, por via das suas mordomias – vencimentos, gabinete, carro, telefone, motorista e secretária, entre outras mordomias -, custa ao Estado cerca de 300 mil euros por ano.

publicado por Hernani de J. Pereira às 18:43
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Janeiro 22 2012

O mais certo é nunca pararmos para reflectir sobre a materialização das ideias e projectos que fazem parte do nosso dia-a-dia. Materializar significa, de acordo com o dicionário, tornar material, sendo um conceito pouco aplicado. Fundamentalmente, fazemos, diariamente, a maior parte das coisas de uma forma automática, sem questionarmos como, porquê e quando.

Quantas vezes indagamos, a nós próprios, se os objectivos que estão na base das nossas acções são assim tão nobres que justifiquem todos os sacrifícios que fazemos? Essencialmente, será que procuramos, de forma altruísta, produzir algo que materialize o sonho que alguém teve? E, se sim, de que forma?

A produção rápida de protótipos, evidentemente à nossa medida – sublinho à nossa medida -, levam-nos a responder positivamente ou negativamente à questão anterior e, em caso último, até testar e encaixar tudo que justifique tal. Porém, é do livros, que a análise precoce, para não dizer diminuta, do desenvolvimento de uma ideia e/ou acção é o caminho mais curto para a progressão de eventuais erros, muitos dos quais, aliás, significam um regresso à estaca zero.

Uma vez que passamos muito rapidamente do “sonho” ao papel, i.e., depois da ideia embrionária à fixação, sendo que, na maior parte das vezes, é pouco concertada por muito que a gestação seja eficiente – uma parte substancial dos casos não o é -, o produto final não será certamente o melhor.

Como já o disse, por variadíssimas vezes, é evidente que não tenho qualquer varinha de condão para dizer como verdadeiramente fazer. Limito-me, quanto muito, a reflectir e apontar pistas. O que sei é que a obra só deve nascer e ganhar forma para enriquecer quem a executa e quem a usufrui. Afinal, quase parafraseando o poeta, o sonho verdadeiramente materializado é aquele que comanda a vida.

O sentimento de agradecimento a Deus e a aos outros não deve, com toda a certeza – pecador me confesso - ser materializado. Contudo, de certo modo, contradizendo o anteriormente exposto, a matéria em análise também não deve ser olvidada e, por isso, não se pode fazer de tal máxima o ditado que refere “quem me deve que me pague, quem eu devo que espere”. Acrescento, sentado na melhor das hipóteses.

publicado por Hernani de J. Pereira às 22:10
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Janeiro 19 2012

Hoje fala-se muito de avaliação e que não é possível aumentar o nível de desempenho de uma instituição, seja ela pública ou privada, sem a ela recorrer. Todavia, também não é possível garantir o sucesso apenas por a mesma existir. É necessário, sobretudo por ser relevante, apostar na diferenciação, sendo que esta, na maior parte das vezes, é mal vista pelos detentores e defensores acérrimos do status quo.

Na escola, em particular, é preciso investir em conhecimento e menos em diversão. A língua materna, a matemática, o inglês, a física, a história, as técnicas, para não falar da filosofia e sociologia, são fundamentais. É preciso, afastar do dia-a-dia escolar a maior parte das viagens de “estudo”, as representações teatrais, os clubes disto e daquilo, o jornalismo de caserna, entre tantas outras (in)actividades extra-curriculares, e apostar no estudo, na investigação e experimentação. Isto porque nada é garantido, como a vida nos ensina, e porque temos de incutir nos nossos discentes, de uma vez para sempre, que muito menos há almoços de graça.

Quando a escola já não consome apenas para suprir necessidades básicas, quando procura novidade e irreverência, quem está na linha da frente deve rodear-se dos profissionais mais qualificados, com experiência no desenvolvimento de estratégias de sucesso, que garantam as condições necessárias para dar o melhor aos seus alunos e, deste modo, enfrentar a concorrência.

Desenganem-se aqueles que pensam que este interlúdio nada tem a ver com a avaliação de desempenho docente aludida anteriormente. Em primeiro lugar, reitero que esta deveria ser tornada pública e só não o é, por simples defesa dos avaliadores, os quais certos que, muitas vezes, erram nas classificações que atribuem, preferem a ocultação da mesma. Olhos que não vêm, coração que não sente, já lá diz o ditado. Em segundo, dando azo ao escrito em textos anteriores, seria excelente e/ou muito bom que os docentes que usufruem das avaliações mais altas – quando, ao acaso, foram atiradas ao ar e caíram dentro do chapéu – estivessem na linha da frente, dessem aulas (enfrentando as turmas mais problemáticas) e, principalmente, se predispusessem a demonstrar aos seus colegas mais “básicos” – leia-se os que apenas conseguiram o bom – como se prepara a escola do futuro, se “aduba” os discentes para fazer face à concorrência do amanhã, uma vez que é sabido que à nossa volta há quem não durma em serviço e está atento às nossas falhas.

publicado por Hernani de J. Pereira às 18:29

Janeiro 18 2012

O acordo de Concertação Social que foi assinado hoje entre o Governo, patrões e UGT, sem qualquer dúvida, retira direitos aos trabalhadores com a finalidade de tornar as empresas mais competitivas.

Em resumo, os trabalhadores terão menos dias de férias, o número de feriados desce, o preço e o modo de pagamento do trabalho extraordinário embaratece, é facilitado o despedimento, a gestão do designado banco de horas tornar-se-á mais flexível, entre outras medidas.

Todavia, se é certo que os ventos que sopram não são de feição para os trabalhadores – o desvario de dezenas de anos a isso levou -, também não é menos verdade que a partir deste momento a “bola” passará a estar do lado dos empresários. É que se até aqui estes se queixavam que não tinham condições de competitividade, com as presentes medidas lá se vão os estafados argumentos de que havia forçosamente de baixar os custos do trabalho.

Por isso, é com enorme expectativa que espero ver se os patrões afinal têm ou não “unhas para tocar guitarra”. É que cada vez mais me convenço de que a fraca produtividade dos portugueses – facto indesmentível, por estar largamente comprovado – também, em grande parte, se deve à má preparação gestionária de quem dirige o nosso tecido empresarial. Aliás, não é por acaso, que muitas empresas existem - e a estatística demonstra-o - onde o nível médio de escolaridade/formação dos donos/gestores é inferior à dos respectivos trabalhadores.

O que não me causa qualquer espanto são as tomadas de posição da CGTP e do PCP. Alguém tem dúvida que esta central sindical nunca assinaria um acordo, por mais “suave” que fosse? Já agora, repararam que os comunicados são quase iguais? Porque será?

publicado por Hernani de J. Pereira às 23:23
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Análise do quotidiano com a máxima verticalidade e independência possível.
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