Nota-se de dia para dia o aumento da descrença e o abandono da esperança de que alguma vez sejamos capazes de superar as imensas dificuldades porque passamos. E por muito que saibamos, ou que repitamos até à saciedade, que Portugal já superou crises tanto ou mais graves que a actual, o certo é que as pessoas, cada vez mais, deixam de acreditar num futuro melhor.
E a culpa, no dizer da generalidade do cidadão comum, vai quase inteirinha para os políticos. A frase que mais se ouve é: “são todos iguais. Antes de irem para o poleiro, prometem fazer de modo diferente, lutar, até ao limite das suas forças, pelo bem do país e, sobretudo, pelos mais desfavorecidos, mas mal lá colocam os pés, é vê-los a proceder de igual modo aos que anteriormente tanto criticavam”.
Pessoalmente não digo que não haja um fundo de verdade – e não é assim tão pequeno como isso – nas palavras do nosso povo. Todavia, não querendo de modo algum branquear esta e aquela situação menos clara – algumas tenho-as aqui denunciado -, manda também dizer a verdade que nem tudo é igual.
A um cidadão, mas principalmente a um político, para além de uma honestidade e de um comportamento acima de qualquer suspeita, exige-se que tenha inteligência emocional, espírito aguerrido e inconformista, capacidade de ultrapassar obstáculos e antecipar oportunidades, proactividade, optimismo negocial, atitude positiva e capaz de evidenciar valor e uma forte motivação, mesmo em épocas de conjuntura adversa, como é esta.
Ora, durante muito tempo – alguns(!!!) resquícios ainda perduram -, e apesar do papel fundamental que desempenharam e desempenham no (in)sucesso da gestão da coisa pública, muito dos políticos chegavam à profissão quase como uma segunda opção, ou seja, com um único fito de se catapultarem para outros voos. Por isso, não admira que o seu papel fosse – e, infelizmente, em larga medida, ainda o é - o de “impingir” determinada ideia/conceito, esquecendo que a aspiração e/ou detenção de determinado cargo político, apesar de se servir de várias ciências (comunicação, economia, direito, ética ou, até, psicossociologia), obriga a assumir uma função de extrema importância na defesa dos interesses públicos, influenciando positivamente o bem-estar dos seus concidadãos e convertendo-se, de um modo constante, em consultor dos mesmos, analisando as suas necessidades e recomendando as respectivas soluções.
Estas palavras, como é evidente, servem também para outros detentores de cargos públicos, os quais, apesar de não se assumirem como políticos, agem como tal.