Convençamo-nos de uma coisa: o paradigma social a que nos habituámos nas últimas décadas está obsoleto. Durante muitos e muitos anos o mundo ocidental convenceu-se que não voltaria a ter precariedade. Há imenso tempo que se ganham direitos. E se é evidente que, infelizmente, muitas pessoas existem que precisam de lutar por eles, porém, desgraçadamente, de deveres pouco ou nada se tem falado.
O Estado, o tal que achamos que se trata de uma realidade abstracta ou uma entidade concreta (composta por cidadãos), não tem recursos, capacidades ou servidores - pelo menos no que respeita aos políticos e outros detentores do poder nos últimos anos – capazes de fazer face às necessidades das pessoas. As receitas económicas, as reengenharias financeiras, por tão velhas e gastas que estão, não conseguem convencer o mais crente dos crentes.
Com toda a certeza, ninguém me poderá acusar de não sensibilizar e apelar à mudança. Todavia, esta transformação tem de ser geral. Para além de um desempenho profissional, muitas vezes, medíocre, existe uma gritante falta de qualificação dos nossos recursos humanos, bem como uma certa classe empresarial para quem o lucro imediato é rei e senhor, assim como um mau funcionamento do Estado.
Por exemplo, no sector patronal, basta lembrarmo-nos dos empresários da mão-de-obra barata, dos falsos recibos verdes, das subcontratações que escondem fraudes ao Fisco e à Segurança Social. Ora, a resposta a estes empresários, autênticos “patos-bravos”, e a este Estado anémico e corrupto é dada pela fuga dos nossos melhores quadros para o estrangeiro.
Bem sabemos que, mais tarde ou mais cedo, estes empresários, se é que lhes podemos chamar verdadeiramente empresários, e políticos passarão. Estamos certos que ninguém os recordará. Contudo, o que fizeram de mal ao país não passará. Ficará marcado indelevelmente na História da pátria, traduzido em anos de atraso competitivo e em sofrimento de milhões de concidadãos, sem que estes, em muitíssimos casos, tenham tido consciência do caminho que calcorreavam.
P.S. – Há que, de uma vez para sempre, responsabilizar, não só politicamente, mas principalmente criminalmente, todos aqueles que levaram o país à bancarrota e que originou as gravíssimas medidas anunciadas ontem por Pedro Passos Coelho. E isto é válido para todos, incluindo Alberto João Jardim, José Sócrates, presidentes de câmara, presidentes de empresas públicas e demais canalha chupista. Como é possível nos primeiros seis meses deste ano já se ter gasto cerca de 70 % do orçamento para 2011?