O meu ponto de vista

Outubro 28 2011

Conhecidas que são as grandes carências com que a maioria das nações se debatem na procura da construção de sociedades mais justas e democráticas, no meio de enormes desequilíbrios provocados pela irracionalidade económica mundial, o ensino é o que mais sentido faz estimular e promover.

O ensino, em princípio, é durável, forte, de manutenção fácil, não refém de tecnologias sofisticadas, pois o quadro, o caderno e o livro continuam a ser o melhor método. Por isso, pugno por escolas bonitas, simbólicas, amigáveis, onde os materiais e os modos de construção do ensino, localmente mais popularizados, têm de adquirir nova expressão.

Assim, não é um lugar-comum afirmar que a quimera pode ser concretizada na realidade quotidiana. Temos o dever de melhorar a vida das populações, diminuindo, tanto quanto baste, o desperdício e a ineficácia e, simultaneamente, aumentando exponencialmente o ensino. Este, ao concretizar-se durante toda a vida, deve ir muito para além da utopia – qualquer uma está pronta a ser construída – e a intenção deve servir também esse propósito. O sonho é possível!

O mundo é uma aldeia global e não existe estudante que não o saiba. Contudo, a centralidade do ensino é essencial, mesmo que se advogue – e muito bem – a interligação entre a teoria e a prática. Para hastear a bandeira da qualidade as escolas devem afastar-se o mais possível de projectos, palestras, encontros, clubes e demais tralha que o “eduquês” trouxe para dentro das salas de aula, levando ao afastamento da ministração do saber concreto, traduzido no que sempre foi o ensino, isto é, o estudo através da leitura, da memorização e da prática do raciocínio lógico e abstracto.

 

P.S. – Quando se tem consciência de que os docentes estão cansados de reuniões inúteis, de uma burocracia que lhes chega ao cotulo da cabeça, para que haja público para palestras, as quais apenas servem para denotar evidências, em forma de show off, de alguns, toca a convocar aqueles. Atrevam-se a não intimar – tenho dúvidas sobre a legalidade de tal – e vão ver quantos aparecem! Não há pior cego do que aquele que não quer ver!

publicado por Hernani de J. Pereira às 23:18

Outubro 27 2011

Recordam-se do vídeo que aqui coloquei há dias? Acontece que o mesmo estava incompleto e, por isso, com o auxílio da equipa do “Café da Manhã”, da RFM, a qual teve acesso à totalidade da tarja sonora, disponibilizo-a, com a permissão do blog bairradices, para que possam ter uma informação capaz.

 

http://bairradices.blogspot.com/2011/09/miudo-mais-corajoso-do-momento-e-de.html

 

publicado por Hernani de J. Pereira às 18:19
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Outubro 26 2011

Quando com três reuniões de “avaliação” intercalar se gasta o tempo que medeia entre as 14H30 e as 20H30, o que acarreta, na maioria dos professores, chegar a casa às 21H30 ou mais, com o consequente jantar que, como é óbvio, já será ceia, que disposição se tem para preparar aulas ou mesmo dá-las no dia seguinte?

Entre participar nestes eventos, com toda a carga burocrática que lhes está subjacente, bem como a inquietação que causam, e ter tempo bastante para, com serenidade e tempo para estudo e pesquisa, preparar adequadamente o ensino do seu “core” disciplinar, qual é preferível?  Uma vez que os dois casos são incompatíveis, bem gostaria de ouvir a opinião dos pais e, sobretudo, da comunidade educativa.

O Ministério da Educação e Ciência, especialmente Nuno Crato, não pode ficar imune à continuação do desvario em que se transformou o ensino – atenção que não refiro educação – em Portugal.

Por isso não é de estranhar a saudade de outros tempos. Como afirma Ramiro Marques, na década de 80 só havia 3 reuniões por ano: uma no final de cada período. (…). Não havia planos nem relatórios. Os professores integravam grupos disciplinares coordenados por um delegado de grupo disciplinar eleito. (…). Não havia estatuto da carreira docente nem avaliação de desempenho.

Todavia, infelizmente, muito poucos se podem, efectivamente, queixar já que, quando possuem todos os dados para recusar a “carneirada”, acabam por enfiar a “viola no saco”, tal como a avestruz faz com a cabeça. Um dia destes, ainda os hei-de ver a limpar os WC e a tomar conta dos alunos na cantina e no pátio do recreio. Acreditem que já faltou mais. E não estou a ser pessimista, antes realista.

publicado por Hernani de J. Pereira às 23:20

Outubro 25 2011

Oh, Paris, Paris. Estava a ver que nunca mais. Enfin, Paris.

Depois de sete longos a porfiar, tratando do destino de uns ingratos, impedindo-o de frequentar os melhores pronto-a-vestir - sim, porque um homem deve-se apresentar o melhor possível, dando, aliás, exemplo de primeiro -, recusando-lhe a possibilidade de frequentar, tanto como desejaria e, já agora, merecia(!!!), a melhor sociedade pensante da velha Europa, como sabe bem este remanso à beira-rio.

A proximidade do Sena acaba por determinar todo o conceito arquitectónico da quinto andar, alugado por 2500 euros mensais, proporcionando um ambiente protegido e uma paz interior que se quer mostrar. O recheio foi escolhido criteriosamente, através de um arquitecto francês meio-gay – só podia, não era? -, mas que se mexe muito bem entre a nata da melhor socialite gaulesa. Os móveis e os quadros – de gosto eclético, mas sempre genuínos, uma vez que para cópia já chega o seu “canudo” - firmam esse vínculo com a paisagem que se avista das enormes janelas sacadas do apartement. Este, devido à exposição de luz natural, é dotado de pérgulas, as quais fazem um jogo caprichoso de luz e sombra que o torna muito estimulante.

Os jantares em sua casa, apesar da ainda curta estadia, já se tornaram lendários. As entradas, que vão desde as cuisses de grenouilles, passando pelos escargots, os foie gras, há muito que deram brado. Nos designados pratos fortes, a coisa não fica por menos. Senão vejamos: o blanquette de veau, o coq au vin, o boeuf bourguignon, o cassoulet, para só citar alguns, continuam a fazer crescer água na boca a quem os saboreou. Como é evidente, as sobremesas afinam pelo mesmo diapasão. Os mais diversos crepes, e especialmente o crème brûlée, têm deliciado os mais ilustres visitantes. Claro que os famosos vinhos, espumantes e conhaques, como é lógico, não faltam. Só para citar alguns, eis o que há sua mesa são regularmente servidos: nos vinhos de mesa o Château Les Gravières 2006 e o Chablis 1er Cru "Les Fourneaux" 2008 são habitués. Todavia, uma vez ou outra, já se provaram o Echezeaux e o Clos Vougeot "Musigni”, ambos de 2008, sem dúvida uma das melhores colheitas das últimas décadas. Nos espumantes o Dom Pérignon tem sido rei e senhor. Já nos conhaques o Courvoisier, intervalado com o Baron de Sigognac, tem dado excelente conta de si.

À noite, quando o repouso e serenidade regressam ao bairro chique, quando a Lua se espelha nas águas mansas do Sena, ao som de, por vezes, Marisa, por outras a sempre eterna Amália, as discussões estendem-se até de madrugada. O tema, como não podia deixar de ser, é, quase sempre, a filosofia. Por ali são dissecados os grandes pensadores contemporâneos, sobretudo franceses, entre os quais se destacam Jean-Paul Sartre, Edgar Morin, Jean-François Lyotard, Michel Henry, entre tantos outros. Todavia, uma vez ou outra, os filósofos da antiga Grécia são citados, já que o saber nunca ocupou lugar, para além de ser de bom-tom mostrar que se sabe também algo dos clássicos dos clássicos. Assim, as referências a Aristóteles, a Platão, passando pelo seu homónimo, bem como muitos outros, são comuns.

Oh, combien il est bon de vivre avec quelqu'un qui nous comprend.

 

N.B. – A notícia que alguns jornais publicaram de que a sua candidatura à Sorbonne Université tinha sido recusada por três vezes, devido a dúvidas sobre a sua formação académica anterior, e que a sua admissão só foi possível face à intervenção do nosso embaixador em Paris, como é óbvio, não passa de má-língua e inveja.

publicado por Hernani de J. Pereira às 19:13
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Outubro 24 2011

Foi notícia no outro fim-de-semana. Porém, por falta de informação ou, então, propositadamente pouco foi referido entre os docentes.

Contudo, pessoalmente, como tenho vindo a referir, ano após ano, não lhes dando importância capital, também não reduzo o seu valor a zero. Valem o que valem, sabendo, de antemão, que, para analisar estes dados, não existem critérios objectivos totalmente justos, tanto mais que a subjectividade que lhes está intrínseca é de difícil, senão impossível, mensuração.

Mas vamos aos resultados, e mais concretamente a este rincão onde se exerce a actividade docente. Assim, no que concerne aos exames do 9º ano, de acordo com o “Público“  (http://static.publico.pt/docs/educacao/rankings2011/basico), temos EB 2,3 de Pampilhosa na posição 237(241), a Secundária de Mealhada na 359(966) e EB 2,3 de Mealhada na 799(1038). [Nota: o mencionado entre parêntesis refere-se à classificação de 2010].

Nesta ordem de ideias, constata-se que todas as escolas subiram de posição, em especial a Secundária, o que é de louvar. Todavia, também é justo dizer-se que, face ao lugar cimeiro que a Pampilhosa ocupa, a eventual subida é mais difícil. Com estas palavras não quero, de modo algum, dizer que não devam fazer mais e melhor. Bem pelo contrário, pois sei que há bons recursos humanos para isso.

Saliente-se, no entanto, que a Pampilhosa continua, de longe, a liderar, o que não é para estranhar, tanto mais relevante quanto se sabe que o nível sócio-económico dos discentes é pior que o das outras escolas.

Outra ilação que se pode tirar prende-se com o facto de, apesar de a Pampilhosa desde sempre ter liderado este ranking, os poderes actualmente instituídos querem apostar em práticas usadas por outras escolas, quando, como é óbvio – não há pior cego que aquele que não quer ver –, deveria ser ao contrário. Há coisas que não se conseguem compreender. Enfim!

No que respeita ao secundário, é patente a melhoria de resultados. Mealhada posicionou-se na 193ª posição, isto é, bem à frente dos concelhos vizinhos, tais como Anadia e Oliveira do Bairro. Em 2010 detinha o 365º lugar. É, por isso, justo o louvor público.

publicado por Hernani de J. Pereira às 16:15
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Outubro 20 2011

Já o sabia mas, hoje, confirmei-o junto de outras escolas. As reuniões para a avaliação intercalar não são de realização obrigatória. É que se nos dermos ao trabalho de consultar o ponto 2.6 do Despacho nº 9788/2011, de 4 de Agosto, que regulamenta o calendário escolar para o presente ano lectivo, podemos ler que as avaliações intercalares devem ocorrer nos termos previstos no regulamento interno da escola, em período que não interfira com o normal funcionamento das actividades lectivas e com a permanência dos alunos na escola.

Ora, se também nos dermos ao afazer de compulsar o regulamento interno(RI) em momento algum é referido a efectuação das aludidas avaliações. Nesta ordem de ideias, a realização das mesmas é, numa primeira análise, ilegal. Aliás, não é por caso que a convocatória daquelas não é feita ao abrigo de qualquer articulado do RI ou de outra legislação vigente.

Todavia, num gesto de boa vontade, até posso dar de barato a efectuação daquelas. Porém, o que de modo algum posso concordar é com a avaliação intercalar efectuada em moldes individuais, aluno a aluno, a qual irá ser, posteriormente, do conhecimento do respectivo EE, aumentando, desta forma, a já desmesurada carga administrativa que os professores suportam, bem como colocá-los, ainda mais, sob a vigilância daqueles. Quanto tempo levará, e a preocupação que causará, para que as respectivas fichas passem de professor em professor?

Num momento em que os docentes pouco informação têm dos discentes, levará aqueles que obedecerem – haverá sempre quem suporte tudo e mais alguma coisa – a debitarem, quanto muito, informações genéricas para mais tarde não se sentirem “queimados”. Recordo que a maioria dos professores, nesta altura do campeonato, ainda não realizou qualquer prova de avaliação sumativa.

Já agora, no que concerne à autoavaliação dos alunos, o citado RI - ponto 3 do artº 132º - apenas refere que no final do não lectivo, com excepção do 1º e 2º anos, cada aluno fará a sua autoavaliação, de acordo com o modelo e os critérios aprovados em CP.

Mais: tanto quanto se sabe esta avaliação, bem como os moldes em que é feita, não foi objecto de qualquer análise no Conselho Pedagógico (CP), pelo que também aqui se regista, para não dizer outra coisa, uma não conformidade com os normativos.

Quando os professores vêm diminuídos, de forma drástica, os seus rendimentos, a única coisa que aumenta é a burocracia? É absolutamente necessário dizer basta. O direito à indignação tem que ser exercido. Nuno Crato, fazendo jus às suas anteriores afirmações, tem que, de uma vez para sempre, implodir o poder totalitário que, cada vez com maior ênfase, se vem estabelecendo de paróquia em paróquia.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:02

Outubro 19 2011

Bem pior que a inimizade entre o bom e o óptimo é o calculismo que se pode instalar entre inimigos íntimos que disputam os mesmos amores, sejam eles os favores do eleitorado, sejam eles a compreensão dos aliados mais bem posicionados e poderosos. Aliás, como bem nota, em “Último Volume”, Miguel Esteves Cardoso: é com desagrado que se tem desenvolvido muito em Portugal uma modalidade desportiva que julgara ter caído em desuso depois da revolução de Abril. Situa-se na área da ginástica corporal e envolve complexos exercícios contorcionistas em que cada jogador procura, por todos os meios ao seu alcance, correr e prostrar-se de forma a lamber o cu de um jogador mais poderoso do que ele. Este cu pode ser o cu de um superior hierárquico, de um ministro, de um agente da polícia ou de um artista. O objectivo do jogo é identificá-los, lambê-los e recolher os respectivos prémios. Os prémios podem ser em dinheiro, em promoção profissional ou em permuta. À medida que vai lambendo os cus, vai ascendendo ou descendendo na hierarquia.

Ora, apesar de saber que, muitas vezes, prego no deserto, só posso acrescentar que a tentação de “curvatura” é incompatível com o superior interesse ético do Homem, enquanto ser íntegro e vertical. Aliás, não há proveito que deva prevalecer mesmo quando, por questões de conveniência pessoal, se reconheça que o bom deve ser alterado, como acontece tantas vezes por simples capricho.

Por outro lado, manda também o bom senso e as melhores práticas, que a urgência na aceitação dos consensos alcançados, deve impor-se, em nome das soluções possíveis, pelo menos em matéria de sustentabilidade, venham elas de onde vierem, mas mais ainda quando os motivos diferenciadores são insignificantes face ao que realmente importa.

publicado por Hernani de J. Pereira às 18:02

Outubro 18 2011

A maioria dos portugueses interroga-se amiúde sobre como foi possível chegarmos a tão grande crise financeira/económica. Bem tentam fazer um exercício de memória e poucos se atrevem a chegar a uma conclusão plausível e curial. Grande parte de nós sacode a água do capote, e, sistematicamente, aponta o dedo aos outros, a começar pelos governantes, passando pelos políticos em geral, não esquecendo os bancos e grandes grupos económicos, e terminando nas empresas públicas e demais tralha "xuxalista", como sejam as parcerias público-privadas, vulgo PPP, etc., etc.

Raros, para não dizer raríssimos, são, porém, aqueles que se atrevem, num gesto de nobreza e carácter, a dizer: “eu também fui culpado do estado a que o país chegou”.

Culpado por preferir um certo laxismo ao rigor, por adorar não cumprir o horário, por vasculhar constantemente a melhor forma de fugir ao fisco, por ver como e aonde posso contornar a lei, por faltar ao trabalho – as ausências ao serviço nas empresas públicas é seis vezes superior às do privado -, por mau desempenho profissional, por desejar ardentemente aposentar-me mesmo que seja aos cinquenta e poucos anos, pouco me importando de ter menos anos de contribuição do que futuro benefício, por ter uma pensão em que ganho mais que o meu colega no activo, gozando, ainda por cima, apoios nas universidades seniores, férias no Inatel e spas em health clubs, por reivindicar cada vez mais direitos – então, dos adquiridos, nem é bom falar(!) -, esquecendo invariavelmente os deveres, por gozar férias em paraísos turísticos quando nem dinheiro tenho para ir à praia mais próxima, por só excepcionalmente pedir recibo de compra, originando com isso fuga aos impostos, por admitir que os sindicalistas, associativistas, fundacionistas, etc., vivam à custa de todos e não dependam dos respectivos associados, como, aliás, seria natural, por não me revoltar pelo facto dos partidos sobreviverem à custa do erário público, por não enxergar, atempadamente, que aos filhos e netos se devem deixar somente bens tangíveis e jamais dívidas, por acreditar utopicamente que a educação e a saúde poderiam ser totalmente gratuitos, mesmo para aqueles que nem um cêntimo descontaram, por admitir tão pacificamente os casos BPN, Vara, Freeport, Madeira, Face Oculta, …, e por muitas outras maleitas, cujo rol seria demasiado fastidioso estar a enumerar.

Sim, eu sei, que foi muito mais fácil enterrar a cabeça na areia, como a avestruz, e dizer que nada era comigo.

É que são pouquíssimos aqueles que, ao longo destas últimas décadas de um completo desvario, preferiram alguém que chamasse “os bois pelos nomes”, isto é, que dissesse que era absolutamente necessário maior rigor na gestão do dia-a-dia, maior eficácia no trabalho e no cumprimento das obrigações legais, máxima ponderação com os gastos que o Estado, ou seja, todos os contribuintes, coloca a favor de cada instituição, maior eficiência na administração dos recursos sejam eles materiais ou humanos. Como se sabe aqueles que se atreveram a dizer basta, que era necessário colocar cobro à loucura, levaram um chuto onde mais dói. Hoje, estes riem-se, baixinho, mas, sobretudo, com lágrimas a correrem-lhe pelas faces, constatando que tiveram razão antes do tempo.

A larga maioria elegeu como opção quem governasse, desde o mais alto dignitário da nação ao mais simples chefe de qualquer repartição, de modo laxista. O que sempre almejou foi navegar ao sabor do vento, acompanhando a crista da onda, num perfeito equilíbrio do “nim”, mesmo quando, poucos, é certo, apontaram que tal insânia, mais cedo que tarde, se pagaria com língua de palmo.

E, agora, queixamo-nos de quê? Se mesmos dos poucos que nos tentaram abrir os olhos para a realidade nua e crua, desprezámos e até vilipendiámos? Para não citar outros, e de modo algum querendo puxar a brasa à minha sardinha, recordam-se o que dizia Manuela Ferreira Leite em 2009? E mais recentemente o que afirmava Medina Carreira?

publicado por Hernani de J. Pereira às 18:54

Outubro 17 2011

Digo-vos, com toda a franqueza, que depois da última comunicação ao país de Passos Coelho tenho andado a necessitar seriamente de uma cura. Sinto-me carente de um tratamento que me dê outro alento. Por isso, a psicologia, a filosofia, o desporto e – porque não? – também a espiritualidade devem ser lacunas a preencher. Já que o dinheiro e os amores não são problema (!!!).

Necessito que haja alguém que trabalhe comigo, conduzindo-me à mudança e ao incremento de novas performances, de modo a reequilibrar a vida, alcançar novos objectivos, solucionar problemas, melhorar a comunicação e definir diferentes caminhos para a carreira profissional e pessoal, entre tantos outros.

Quero voltar a ter imensas oportunidades de viajar, férias de sonho, ter uma agenda muito preenchida, onde abundem imensas “distracções” e a cultura e o divertimento andem de mãos-dadas, visando, assim, o equilíbrio da vida pessoal e profissional com vista a influenciar positivamente o que me rodeia.

Bem, caro leitor, se entre o que acabou de ler e a realidade existe algo, tal não passa de mera coincidência. Podem apostar!

Sendo certo que as medidas anunciadas, no p.p. dia 13, pelo primeiro-ministro são brutais, a verdade manda dizer que não existe alternativa. Ou melhor, alternativas existem, mas são muito piores. O não pagamento da dívida, ou mesmo renegociá-la, a saída do euro, etc., tal como é defendido pelo PC e pelo BE, para além do descrédito, era a bancarrota total, acarretando a obrigatoriedade da nacionalização da banca, seguros e todos os grupos económicos, por causa da fuga de capitais, bem como uma espiral inflacionista medonha, e ainda a impossibilidade de comprar o que quer que seja ao estrangeiro – produtos alimentares, por exemplo – devido à falta de divisas, entre tantas outras catástrofes.

Vejam o que aconteceria – outro mero exemplo - às nossas casas e carros. Como a maioria destes bens se encontram hipotecados, por via de empréstimos bancários, com a nacionalização tudo passaria para o Estado. Mas se este problema não bastasse, com a saída do euro e o retorno do escudo, este teria, no mínimo, de desvalorizar 50%. Como é que poderíamos, então, comprar o petróleo e outros bens de primeira necessidade de que tanto dependemos? Voltaríamos a andar a pé ou de bicicleta e a comer pão e a beber água?

publicado por Hernani de J. Pereira às 19:11

Outubro 14 2011

Convençamo-nos de uma coisa: o paradigma social a que nos habituámos nas últimas décadas está obsoleto. Durante muitos e muitos anos o mundo ocidental convenceu-se que não voltaria a ter precariedade. Há imenso tempo que se ganham direitos. E se é evidente que, infelizmente, muitas pessoas existem que precisam de lutar por eles, porém, desgraçadamente, de deveres pouco ou nada se tem falado.

O Estado, o tal que achamos que se trata de uma realidade abstracta ou uma entidade concreta (composta por cidadãos), não tem recursos, capacidades ou servidores - pelo menos no que respeita aos políticos e outros detentores do poder nos últimos anos – capazes de fazer face às necessidades das pessoas. As receitas económicas, as reengenharias financeiras, por tão velhas e gastas que estão, não conseguem convencer o mais crente dos crentes.

Com toda a certeza, ninguém me poderá acusar de não sensibilizar e apelar à mudança. Todavia, esta transformação tem de ser geral. Para além de um desempenho profissional, muitas vezes, medíocre, existe uma gritante falta de qualificação dos nossos recursos humanos, bem como uma certa classe empresarial para quem o lucro imediato é rei e senhor, assim como um mau funcionamento do Estado.

Por exemplo, no sector patronal, basta lembrarmo-nos dos empresários da mão-de-obra barata, dos falsos recibos verdes, das subcontratações que escondem fraudes ao Fisco e à Segurança Social. Ora, a resposta a estes empresários, autênticos “patos-bravos”, e a este Estado anémico e corrupto é dada pela fuga dos nossos melhores quadros para o estrangeiro.

Bem sabemos que, mais tarde ou mais cedo, estes empresários, se é que lhes podemos chamar verdadeiramente empresários, e políticos passarão. Estamos certos que ninguém os recordará. Contudo, o que fizeram de mal ao país não passará. Ficará marcado indelevelmente na História da pátria, traduzido em anos de atraso competitivo e em sofrimento de milhões de concidadãos, sem que estes, em muitíssimos casos, tenham tido consciência do caminho que calcorreavam.

 

P.S. – Há que, de uma vez para sempre, responsabilizar, não só politicamente, mas principalmente criminalmente, todos aqueles que levaram o país à bancarrota e que originou as gravíssimas medidas anunciadas ontem por Pedro Passos Coelho. E isto é válido para todos, incluindo Alberto João Jardim, José Sócrates, presidentes de câmara, presidentes de empresas públicas e demais canalha chupista. Como é possível nos primeiros seis meses deste ano já se ter gasto cerca de 70 % do orçamento para 2011?

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:31

Análise do quotidiano com a máxima verticalidade e independência possível.
hernani.pereira@sapo.pt
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