Na voragem do tempo tudo se consome, tudo passa, tudo se consolida ou desvanece e não é por acaso que se costuma dizer que o tempo tudo cura. Por outro lado, todos sabemos que nada é definitivo e a frase “nunca digas nunca” aí está a prová-lo. E, apesar da nossa memória ser curta, mesmo assim sempre recordamos um ou outro facto, uma ou outra situação, umas caricatas, outras nem tanto, sendo certo, porém, que, por vezes, vale a pena voltarmos ao passado.
Por isso, observando que Kadhafi, outrora o líder todo-poderoso da Líbia e grande amigo do nosso ex-primeiro, se encontra fugido em parte incerta, procurado pelos rebeldes, os quais colocaram a sua cabeça a prémio, lembro o que em finais de Agosto do ano passado, numa visita a Itália, defendeu que o Islão deveria tornar-se, no menor prazo de tempo possível, a religião de toda a Europa, ou seja, ao fim de dez anos todos nós deveríamos adorar apenas Alá.
Afinal, viu-se quem teve de mudar!
Ah, já agora, evocando novamente a aludida visita, diga-se que Kadhafi, num gesto de enorme extravagância que, aliás, lhe era tão característico, enviou 30 cavalos puro-sangue para Itália com vista a que desfilassem numa parada. Como todos vimos recentemente, a sua verborreia, jactância e auto-endeusamento custou-lhe caro. O povo líbio, cansado de tanto vilipêndio, acabou com a demência.