Talentos! Quem os tem chama-lhes seus e, muitas vezes, pensa que só ele os tem. Oh, glória vã! Oh, insana vaidade! Estando provado que muitos de nós de talentos temos pouco, a verdade é que todos achamos que as organizações, sejam elas privadas ou públicas, deveriam aumentar exponencialmente a sua competição através de recrutamento de pessoas talentosas. Isto serve para todos os cargos, desde o mais simples colaborador ao dirigente máximo.
E, sobre isto, dois factores estão na ordem do dia. Por um lado, as alterações demográficas - na velha Europa devem-se, essencialmente, a motivos egoístas – com o consequente envelhecimento da sociedade; e por outro, a recessão e os layoffs, bem como as reorganizações que obrigatoriamente provocam, levam a um não comprometimento sobre a disponibilidade de recrutamento de novos talentos. Quem, neste momento, tem um cargo de liderança, por mais insignificante que seja, agarra-se a ele, como o nosso bom povo costuma dizer, com unhas e dentes.
Contudo, o mais engraçado, ou talvez não, é que o recrutamento de talentos não pode ser uma ferramenta cega e muito menos enviesada. Aliás, não é por acaso que na maior parte das nossas organizações – falo principalmente das escolares, pois são essas que melhor conheço – as lideranças se mantêm, quase que poderíamos dizer, há séculos. Claro que o facto se explica, por muito estranho que possa parecer a quem não está por dentro da engrenagem, sobretudo pela ausência de liderança.
É exactamente essa (des)governação feita ao sabor dos dias, navegando apenas na espuma das ondas, sem uma estratégia a médio e a longo prazo, tentando agradar a “gregos e a troianos”, que, afinal, dita a sua continuidade.
Ora, apesar de, nos últimos anos, o país tanto ter mudado e, sobretudo, o paradigma da educação ter sofrido tantas e tantas alterações, neste campo pouco ou nada se reformou. E é pena!