Neste compasso de espera, enquanto aguardamos pela posse do novo governo, especulando quem será o ministro X, Y ou Z, o debate político, como, aliás, é natural e esperado, arrefeceu. Até das medidas extraordinariamente difíceis que o Memo of Understanding da Troyka, vulgo acordo com FMI/UE/BCE, impôs pouco ou nada se fala.
E, diga-se em abono da verdade, as pessoas tudo fazem para esquecer os tempos de agudização económica que se avizinham. Por isso, poucos foram os que se admiraram do corrupio gerado, no fim-de-semana passado, na macrocéfala capital. Metade dos lisboetas, aproveitando a ponte proporcionada por dois feriados, rumou até praias algarvias, lotando quase por completo a respectiva capacidade hoteleira. Os restantes invadiram os típicos bairros lisboetas à procura dos afamados arraiais, onde a sardinha e o vinho, apesar do seu preço quase proibitivo, esgotaram.
Tanto num local como no outro, as pessoas entrevistadas, sobretudo pela televisão, lá foram dizendo, por um lado, que a vida são dois dias e, por isso, estes fins-de-semana prolongadíssimos são necessários para retemperar forças, e, por outro, afirmam que poupam aqui, acolá e mais além para poderem gozar este tempo. Puras mentiras. A verdade é que os portugueses ainda não interiorizaram que vivem tempos de enorme crise e de uma incerteza avassaladora. Para uma larga maioria, a vida continua o que era há um, dois ou três anos. Pouco ou nada mudou. Pura e simplesmente a crise é apenas uma palavra que escutam muito. Mais nada!
No fundo, são os portugueses no seu melhor. São os sempiternos alquimistas, sempre tendentes a descobrir o elixir da vida e a pedra filosofal. Outros, porém, chamar-lhe-ão desenrascanço, essa “maravilhosa” característica de ser português, eterno fado, esperando constantemente que haja alguém que nos salve ou que surja um qualquer “D. Sebastião” do meio do nevoeiro.
P.S. - Já agora, para que não se levantem questões onde elas não têm razão de existir, esclareço que passei a sexta-feira na agricultura, enquanto na segunda exerci o meu múnus profissional.