Sinto-me tão bem ou tão mal que, segundo as sondagens, faço parte dos nove em cada dez portugueses que estão dispostos a mudar de emprego. Mais, se fosse mais jovem aumentaria a percentagem – são já cerca de cinquenta por cento – dos que não colocam qualquer entrave a trocar de país ou continente para melhorar o seu nível de vida.
Bem, também não admira. Não faço parte – também não queria – da enorme legião de boys e girls seguidores do extraterrestre – ou será alienado? - que nos (des)governa nos últimos anos.
Segundo os especialistas, a emigração faz cada vez mais parte das opções dos portugueses e não pelas melhores razões. As ambições de uma carreira à escala internacional por mero gosto de evolução e experiência profissional foram superadas pela necessidade de ter um salário no final do mês. Com o desemprego a atingir números recorde – já vais nos 12,6 % - há cada vez mais pessoas a fazer as malas e colocar o seu talento ao serviço de outras economias. Aliás, nunca como hoje se pode afirmar, sem receio de ser desmentido, que “santos ao pé de casa não fazem milagres”.
Esta é uma realidade que não conhece fronteiras etárias: geração Y (entre os 18 e os 29 anos), geração X (dos 30 aos 49) e até os Baby Boomers (com mais de 50) têm em comum uma disponibilidade crescente para arriscar recomeçar noutro país.
Um estudo da Kelly Services, revela que, em Portugal, um número significativo de pessoas trabalha em condições não convencionais que incluem a realização de horas extra – onde é que eu já vi e ouvi falar disto? -, a necessidade de vários empregos e percorrer longas distâncias até ao trabalho.
Sabem os leitores que não tenciono mudar de país, como é evidente. Todavia, como a “boa vida” acabou, acho que devemos, por um lado, e, desde já, esquematizar as etapas e definir objectivos precisos, assim como, quando e em que contexto queremos que se realizem as mudanças. Por outro, focalizarmo-nos nas crenças e valores, na identidade e visão da família são causas fundamentais para a mudança desejada.
Pressentimos um impulso de mudança? Se sim, que senso de identidade se encontra por detrás de tal sentir? E será que as motivações interiores superarão os obstáculos que, sem dúvida, surgirão? Teremos valores suficientes que se sobreponham às barreiras e às dificuldades emergentes?
Por fim, conseguimos avaliar os ganhos no processo, encarado como um todo? Se sim e se a resposta for positiva avançar é a solução. Caso contrário, “escute, pare e … medite”!