O meu ponto de vista

Junho 29 2011

Houve-se, hoje-em-dia, em imensas ocasiões, principalmente aos jovens, a expressão “a vida é minha e, por isso, faço dela o que quiser”. Ora, parecendo, numa primeira análise, algo de positivo, isto é, alvitrando que aqueles querem agarrar o futuro nas suas próprias mãos, tal convida-os, porém, a um percurso de inovação, o que por si não é negativo, mas que, na maior parte das vezes, se torna num processo inconsciente na descoberta do mundo de oportunidades que se colocam a quem tem de decidir um rumo de futuro.

Tais conceitos, porém, levam-nos a colocar algumas questões-chave que envolvem os jovens: o que procuram estes em matérias como o desenvolvimento económico, a participação política, em suma como cidadãos de pleno direito? O que esperam da formação escolar e complementar, de modo a que contribuam o mais eficazmente para o progresso e sustentabilidade do país? E em termos de valores e ética? Será que se atrevem a apontar caminhos?

Longe de mim querer indicar vias ou soluções. Quanto muito, modestas contribuições, fruto de experiências, de leituras e pensamentos esparsos. Assim, atrevo-me a dizer haver necessidade de estruturar diferentes conteúdos, optar por soluções possíveis, tipo pequenos mas firmes passos, para mais facilmente apreender as flutuações sociológicas, as variáveis da economia e a instabilidade, e, sobretudo, projectar o futuro.

Sendo verdade absoluta que o mundo está em mudança e o que hoje temos como certo, amanhã não o é, há que estar preparado para uma aposta contínua na mobilidade nacional e internacional, na assumpção do risco e na qualificação ao longo da vida, mesmo que isto contribua, para o adiamento da constituição e estabilização familiar. Todavia, em próximo texto voltaremos a este último tema.

Sem receio de desmentidos, de algumas coisas poderão estar certos: é fundamental apostar na educação para triunfar no futuro e trilhar um caminho de sucesso. Por outro lado, há que tomar boas decisões – o que são e como se podem antever, eis o busílis da questão(!!!) -, obter um aconselhamento adequado e no momento exacto, constituem o elemento essencial para um futuro bem sucedido.

publicado por Hernani de J. Pereira às 14:23

Junho 28 2011

A avaliação do desempenho docente (ADD) continua a ser pasto para chamas. Um autêntico oásis para a prepotência de alguns, muitos deles pouco mais que imberbes, mas cheios de “agulha”, ainda que excessivamente verde, e, simultaneamente, um calvário para os restantes, os quais não passam de terrenos que aqueles, quais eucaliptos, secam até ao tutano.

Todavia, o pior é que a maioria dos docentes, ao contrário do que fazia crer há dois ou três anos, apresenta um estado apático, tudo admitindo, encolhendo quase incessantemente os ombros, num gesto de tanto lhe convir isto como aquilo. E se falam, procuram-no fazer às escondidas ou, quanto muito, em voz baixa e longe dos poderes instituídos.

Aliás, por vezes, assalta-me a velha ideia de “tudo o que é de mais faz mal”, para justificar a actual letargia dos docentes. Como, em tempos não muito distantes, a classe docente por ter conseguido, por mais de uma vez, congregar as maiores manifestações alguma vez feitas neste país, cansou-se, entrou em saturação extrema, e, face à posterior traição das principais forças sindicais, decidiu baixar, por tempo indeterminado, os braços e … render-se.

Bons tempos para as actuais direcções escolares.

Mas vamos ao concreto. Como é bem explícito no artº 5º do Decreto Regulamentar Nº 2/2010, de 23 de Junho, a avaliação do desempenho do pessoal docente integrado na carreira desenvolve -se em ciclos de dois anos lectivos e reporta -se ao serviço prestado nesse período, pelo que, para além de outros aspectos, os quais nos oferecem as maiores dúvidas, referir que considerando que muita da regulamentação sobre a matéria só foi publicada já no início do presente ano lectivo, o relatório (de auto-avaliação) deve estar reportado o este ano lectivo apresenta as maiores dúvidas legais. Isto para não falar da má redacção usada. E não afirmo a sua total ilegalidade uma vez que tal não passa de uma mera recomendação, pois disso, aliás, não pode passar, já que não utiliza a forma verbal “deve”. Por isso, não é peremptória, como jamais podia ser.

Assim, os docentes que queiram ver analisado o seu percurso educativo relativo aos dois últimos anos, de modo algum podem ser impedidos, pelo que os relatores e restantes elementos avaliadores não terão outra solução senão debruçarem-se sobre o desempenho durante tal período, bastando, para isso, que aqueles o declararem.

publicado por Hernani de J. Pereira às 00:58
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Junho 26 2011

As forças militares, ao abrigo de uma lei já revogada e outra inexistente, aumentaram os ordenados dos seus membros, principalmente dos oficiais de patente superior, fazendo derrapar, em 2010, o respectivo orçamente em mais 8,6 milhões de euros.

Por outro lado, o Ministério da Justiça, entre outras coisas “estrambólicas”, isto para ser muito “soft”, pagou cerca de 250 mil euros como complemento dos vencimentos a juízes e magistrados jubilados que já tinham falecido sem o seu conhecimento(!!!), dizem.

Gestores públicos existiram que, para além de acumularem por inteiro vencimentos e reformas, o que contraria integralmente a legislação aplicável, possuíam dois e três carros topo de gama para seu serviço pessoal e da respectiva família, isto sem contar com o número de motoristas.

Sabe-se também que cerca de 40% da despesa com medicamentos tem origem em fraudes, o que, segundo uma auditoria da Inspecção-Geral de Finanças, representa cerca de 1,2 mil milhões de euros.

A Parque Escolar, pelo seu lado, continua a sua saga, isto é, intervenções sumptuárias nas escolas secundárias. Por exemplo, no dia 4 de Julho próximo, aquela empresa pública dará início às obras de requalificação da Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes,em Abrantes. A intervenção vai durar 18 meses e custará 15 milhões de euros. Para além da construção de nova área de recepção e recreio, um novo pátio central, oficinas, biblioteca, mediateca e espaços desportivos, haverá também um borboletário. Sim, sim, leram bem. Trata-se de um borboletário, o qual, segundo os responsáveis daquela empresa estatal, servirá para os alunos observarem a evolução daquela espécie, ou seja, desde o nascimento até à sua morte.

Entretanto, temos um aeroporto internacional, situado em Beja, cujo custo de construção ultrapassou 33 milhões de euros, sem contar com a actual manutenção, e que abre apenas ao domingo para receber, em média, 117 passageiros.

Mais palavras? Para quê? São os frutos da grande dinastia socialista!

publicado por Hernani de J. Pereira às 12:09

Junho 24 2011

É costume afirmar-se, no meio jurídico, de que nem tudo o que não é proibido é permitido, tal como tenho para comigo que, na vida, à luz da ética e da moralidade, nem tudo o que não é ilícito é admissível.

Vêm estas palavras a propósito de algumas posturas – em termos de vestir e calçar, como é lógico – que encontramos nas nossas escolas. Como é evidente não há nada na lei geral, bem como na maioria dos regulamentos internos, que diga o modo como os docentes, funcionários e alunos se devem vestir e calçar. Todavia, isso não permite, a quem quer que seja, vir para a Escola tal como se fosse, por exemplo, para a praia.

Não pretendendo, de modo algum, sacralizar a Escola, esta é, porém, um lugar onde se traça, hoje, o modo como a sociedade, no futuro, se comportará e desempenhará, com maior ou menor eficácia, as suas obrigações. Todos sabem e, muitas vezes, até à saciedade, mas não resisto a, mais uma vez, expor o axiomático: a Escola não cumpre a sua função, se não for responsável, rigorosa, educadora, na verdadeira acepção da palavra, modelo de valores, onde os adultos, sem quaisquer margens para dúvidas, sejam, em todos os campos, exemplos para os jovens.

Sem ser excessivamente pudico, mas possuindo uma visão da Escola, em que a integridade e a honestidade não são palavras vãs, em que o sentido formal do acto de ensinar, se conjuga quase em absoluto com o modo de ser e estar, pergunto: como se pode exigir decoro a alunos e alunas quando vemos funcionários e docentes de calções e sandálias de enfiar no dedo, ou seja, trajando em moldes não diferentes do modo como vão para a praia?

Recordando a polémica, bem como as enormes resistências que, em tempos, sofri por ter procurado manter o decoro dentro dos muros da escola, responderei, desde já, que, apesar de compreender que existam várias versões/ideias sobre este assunto, entendo, bem como muita boa gente – lamento apenas o seu silêncio -, que existem aspectos comuns que todos comungamos. Correndo o risco de ser vilipendiado, motivo de risota até, indago: será aconselhável que, por exemplo, uma docente venha dar aulas de mini-saia e de top curtíssimo, cujo decote lhe chega quase até ao umbigo e ombros desnudados? Será que os adolescentes e jovens se concentrarão na matéria, por muito que esta, pedagogicamente, seja bem dada? Ou será curial que um professor compareça numa aula de calções e sandálias de praia? Como se sabe, outros exemplos, mais ou menos semelhantes, poderiam ser relatados.

Depois queixamo-nos da indisciplina, não compreendemos os motivos que levam a que as escolas privadas estejam cheias e com extensas listas de espera, constituídas, inclusive, por filhos de docentes da escola pública.

Os culpados? Todos sabemos quem são!

publicado por Hernani de J. Pereira às 21:10

Junho 21 2011

Ah, pois, as relações. Essas ligações, por vezes tão ténues, qual rio desaguando em deserto, outras tão fortes, mais parecendo velhos penedos inamovíveis. E a verdade é que todos, sem excepção, somos um misto de sistema de relações, cada um de nós com voz distinta dentro deste.

O sistema de relações é, naturalmente, criativo e pleno de recursos. Contudo, as relações, como tudo na vida, têm uma esperança de vida variável. Se terminarem, isso não deverá ser visto como um fracasso, antes como uma oportunidade de averiguar o que está para acontecer.

O sistema relacional deve funcionar como uma orquestra, onde, por um lado, todos são capazes de ler a “partitura”, momento a momento, conferindo a cada membro o tempo de antena requerido sem perder de vista o todo. Por outro, cada um deve revelar-se por si mesmo, mas sem esquecer que, quando é o caso, tem obrigação de “reparar” o sistema ou tratar o que está “mal”. Aliás, não é por acaso que somos possuidores de inteligência e capacidade de auto e heteroregulação.

A crise de valores e perturbação inerente à mudança entretanto gerada, trouxeram oportunidades de reanalisar a qualidade dos sistemas relacionais, nomeadamente onde se geram as dinâmicas transformacionais. Por isso, de acordo com Goleman (1995), é obrigatório congregar um conjunto de metacompetências (atitudes, valores e princípios de acção) de elevada aplicabilidade na construção dos desafios da actualidade, equilibrando aspectos mais formais e normativos com os de cariz mais emocional e intuitivo, a saber: compromisso, respeito consciencialização, democracia profunda, emoções, humor e colaboração/parceria.

Numa conjuntura em que se denota, cada vez mais, uma enorme tendência para a recusa da assumpção de posições, onde a preferência pela incerteza do individualismo é maior que a força do conjunto, torna-se imperativo um maior alinhamento em torno de um “sentimento do nós”, de primazia reforçado e operativo.

E estabelecendo novamente algum paralelismo à volta da orquestra, a melodia do desempenho deverá contar com todas as vozes do sistema, sendo aconselhável menos individualismo, mais partilha e conjugação de esforços em torno de objectivos comuns.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:44

Junho 20 2011

Dizer que o novo governo, que amanhã toma oficialmente posse, é o mais pequeno desde o 25 de Abril, que foi constituído em tempo recorde e em ambiente recatado, todos o sabem e já foi dito e escrito até à saciedade. Parabéns. Que possui ministros que foram surpresa, uns positivamente, outros nem tanto, bem como existem aqueles que são “assim, assim”, também não é novidade para ninguém, e, por isso, não adianta discorrer sobre tal.

Nessa ordem de ideias, resta-me, como não podia deixar de ser, ajuizar sobre o que se espera do novo Ministro da Educação. Não sendo a minha primeira escolha, é, sem dúvida, um dos que mais me agradam. E, pelo que se ouve e lê, não sou o único a ter esta opinião. Bem pelo contrário. Relembro uma conferência sobre educação, que tive o prazer de assistir em Aveiro, há dois anos, em que, a par com Marcelo Rebelo de Sousa, foi um dos oradores. Se conseguir colocar em prática, não digo todas, mas as principais ideias que aí defendeu, dará o maior e melhor contributo que alguém já deu à Educação em Portugal após 1974.

Depois de tantos e tantos anos em que a Educação foi palco de lutas e sujeita a enorme turbulência, com a inevitável perda de autoridade por parte do corpo docente, é natural que depositemos em Nuno Crato muitas e muitas esperanças. Todavia, não querendo preconizar, desde já, toda uma série de medidas que este terá de tomar a curto prazo, pois, estou certo, saberá quais, apenas acrescento uma, a qual já aqui fiz referência.

Sabendo que os professores são das classes que mais têm sentido os efeitos da crise económica e que, infelizmente, por causa da incúria dos últimos governos, continuarão a sentir, é absolutamente necessário dar-lhes algo em troca, quanto mais não seja, paz nas escolas e menor burocracia.

Por isso, é fundamental que a avaliação do desempenho docente seja imediatamente revogada. E não será nada difícil. Basta aprovar em reunião de Conselho de Ministros a resolução aprovada há meses na Assembleia da República, retirando-lhe, deste modo, a inconstitucionalidade que padecia.

E os professores não são ingratos.

publicado por Hernani de J. Pereira às 23:19

Junho 17 2011

Asseguro-vos. Hoje vai ser diferente. Antes de mais, como diz o meu horóscopo – não que acredite nestas coisas, mas … não vá o diabo tecê-las(!!!), - hoje é o momento de paragem, de encontro comigo mesmo, de consciencialização, de focagem, de clarificação, de desenvolvimento de estratégias e de reforço de confiança.

Assistir – na verdadeira acepção da palavra - à potenciação do processo é a minha meta para hoje. Por isso, vou deixar que se estabeleça um clima de confiança, de empatia, de acolhimento, mas também de responsabilização e de comprometimento, sem “mexer uma palha”.

Hoje, acima de tudo, através da escuta activa, de perguntas adequadas, de feedback, facilitarei a auto-descoberta dos outros, aumentando os seus níveis de motivação. Porém, para que estes alcancem os seus desejos – alguns nem às paredes os confessam – é necessário que estejam orientados para os objectivos e, sobretudo, abertos à mudança. Em suma, é imprescindível que interiorizem que são os próprios a possuir as respostas e somente eles se podem obrigar.

Por isso, hoje, procurarei trabalhar o meu equilíbrio pessoal, de modo a encontrar a maturidade e a propensão para a qualidade, ou seja, escutar o mais profundamente possível, usar a intuição, respeitar os outros, não julgar e não criticar.

Hoje, abordarei, pela ênfase mais humanista, o homem que sou, em que a estabilidade passará certamente e necessariamente pelo equilíbrio das diferentes áreas de vida, possibilitando, desta forma, um maior compromisso e empenhamento.

Mais do que dar conselhos ou respostas, facultarei aos outros a colocação de perguntas adequadas ao momento e à situação, de forma a elevar o nível de consciência dos mesmos, clarificando o objectivo, a estratégia, aumentando os níveis de motivação.

Aliás, esta atitude será transversal no trabalho, na relação com a família e com os amigos.

Será que conseguirei? Depois vos direi!

publicado por Hernani de J. Pereira às 12:35

Junho 16 2011

Localizo-a. Ela ali está, no topo sul de uma longa fiada de casas em banda. A sua silhueta, bem moldada, cuja pele faz lembrar o mármore de Carrara, integra-se, ou melhor, confunde-se, no que é hoje um “bairro chique” de uma cidade de cultura, com características de homogeneidade e pela repetição de um tipo de moradias com pequenas variações. Para além disso, a coesão do seu espírito livre com o espaço público, confere-lhe uma vivência comunitária, difícil de encontrar na cidade contemporânea mais fragmentada.

E, enquanto me aproximo, observo que o tempo não derrotou a sua beleza de sempre. O rosto bem saliente, onde uns olhos brilhantes de emoção me aguardam, confere-lhe a integridade do conjunto de um tempo indefinido, apesar da depuração no redesenho dos lábios que se abrem prazenteiramente quando me beija. As mãos que me tocam, os braços que me enlaçam permitem a transição natural para a ampliação do aconchego que assume a sua condição contemporânea.

Procuro, nestes breves momentos, aprisionar, na minha mente, os elementos esculturais que, nas horas de solidão, associo, tantas e tantas vezes, à sua imagem. Encontro o que ansiava. A autenticidade do beijo, sorvido com enorme sofreguidão, provoca um turbilhão de emoções como se o mundo fosse terminar naquele instante.

Mais tarde, a singeleza dos materiais que a adornam, os quais, por um lado, salientam o lado concreto dos valores intrínsecos, como que emanados por uma força telúrica, mas que, por outro, desvanecem a recriação de estereótipos sem validade cultural ou construtiva, são despidos por meio de gestos que têm tanto de rude como de belo, só compreensíveis e tacitamente aceites em momentos de luxúria vivida com paixão.

Entretanto, já em casa, esta deixa de ter divisões. O quarto confunde-se com a sala, esta não se distingue da cozinha, numa azáfama de rejuvenescimento em termos funcionais e espaciais. Os espaços abertos sugerem usos de conformidade e de interligação, ocultando e até demarcando o som do porvir.

E da antecâmara para a intimidade acede-se num ápice. A explosão dos materiais sobrepõem-se de forma directa, o desejo de revelar o outro é simultâneo e, finalmente, reganha-se gosto pela originalidade.

publicado por Hernani de J. Pereira às 21:08

Junho 15 2011

Neste compasso de espera, enquanto aguardamos pela posse do novo governo, especulando quem será o ministro X, Y ou Z, o debate político, como, aliás, é natural e esperado, arrefeceu. Até das medidas extraordinariamente difíceis que o Memo of Understanding da Troyka, vulgo acordo com FMI/UE/BCE, impôs pouco ou nada se fala.

E, diga-se em abono da verdade, as pessoas tudo fazem para esquecer os tempos de agudização económica que se avizinham. Por isso, poucos foram os que se admiraram do corrupio gerado, no fim-de-semana passado, na macrocéfala capital. Metade dos lisboetas, aproveitando a ponte proporcionada por dois feriados, rumou até praias algarvias, lotando quase por completo a respectiva capacidade hoteleira. Os restantes invadiram os típicos bairros lisboetas à procura dos afamados arraiais, onde a sardinha e o vinho, apesar do seu preço quase proibitivo, esgotaram.

Tanto num local como no outro, as pessoas entrevistadas, sobretudo pela televisão, lá foram dizendo, por um lado, que a vida são dois dias e, por isso, estes fins-de-semana prolongadíssimos são necessários para retemperar forças, e, por outro, afirmam que poupam aqui, acolá e mais além para poderem gozar este tempo. Puras mentiras. A verdade é que os portugueses ainda não interiorizaram que vivem tempos de enorme crise e de uma incerteza avassaladora. Para uma larga maioria, a vida continua o que era há um, dois ou três anos. Pouco ou nada mudou. Pura e simplesmente a crise é apenas uma palavra que escutam muito. Mais nada!

No fundo, são os portugueses no seu melhor. São os sempiternos alquimistas, sempre tendentes a descobrir o elixir da vida e a pedra filosofal. Outros, porém, chamar-lhe-ão desenrascanço, essa “maravilhosa” característica de ser português, eterno fado, esperando constantemente que haja alguém que nos salve ou que surja um qualquer “D. Sebastião” do meio do nevoeiro.

P.S. - Já agora, para que não se levantem questões onde elas não têm razão de existir, esclareço que passei a sexta-feira na agricultura, enquanto na segunda exerci o meu múnus profissional.

publicado por Hernani de J. Pereira às 23:23

Junho 14 2011

Foram experiências muito intensas, que levaram a adrenalina a níveis muito acima do razoável. Essas experiências foram, depois, interiorizadas pela reflexão e “digeridas” emocionalmente, o que, como é lógico, levaram um certo tempo. Contudo, o verdadeiro impacto vem, na realidade, com o distanciamento da situação, isto é, quando ganhamos consciência sobre o que executámos, o que nos foi proposto, o impacto que tivemos sobre os outros, a imagem que passámos para a audiência e o que fomos naturalmente numa situação de liderança de uma equipa de elevada performance.

Mas não se ficou por aqui. O diagnóstico foi feito, de modo algum tipo relâmpago, sobre o que fomos e o que se fez e tivemos o privilégio de receber feedback de muita gente que, não tendo tido experiência em gestão e liderança, nos disse com naturalidade o que viram e, sobretudo, o que sentiram. E o que é realmente espantoso é o facto de ser tão visível o carácter e o que pudemos fazer de forma diferente. Aprende-se algo muito interessante: não compensa gastar energia em mostrar o que não somos pois aquilo que somos é na realidade visível para todos e em pouco tempo. Portanto, é mais eficaz assumirmos o que somos em, por exemplo, três minutos e passar um ano a trabalhar para isso do que passar um ano a disfarçar o que achamos que os outros não viram.

Parece extremamente simples. Todavia, tal implica fazer uma escolha consciente de exposição pessoal, mas sem a qual não se evolui.

E como líder de uma equipa, foi interessante perceber a evolução com elevada performance? É claro que sim! Foi, aliás, interessante perceber que a evolução depende da vontade conjunta e da cumplicidade gerada, do tempo investido a preparar metas, ou seja, relevar a índole e as regras de comunicação entre todos, o que funciona e não funciona. Foi, por outro lado, igualmente curioso perceber que nos podemos entusiasmar enquanto aprendemos e tiramos partido de estilos diferentes. E ficou muito claro que é possível alguma auto-gestão, mesmo que seja por períodos limitados, mas que a excelência só se atinge mesmo com uma liderança – não apenas gestão – focada nas pessoas, principalmente nos usuários, na forma como chegamos a elas e no significado que temos para elas.

A finalizar, é importante referir que não basta dar uma ideia do “produto”, ou seja, proporcionar apenas uma abordagem criativa, de natureza ensaística e, simultaneamente, metafórica/imagética que perdure na memória durante algum tempo. Quanto muito, esta pode ser utilizada como momento de arranque de um programa estruturado, um momento de pausa para reflexão/avaliação de como estamos ou não em momento de construção, mas nunca como impacto de natureza lúdica ou mesmo como momento de grande pulcritude, pois a envolvente cénica – hoje tão usada! - é tudo muito elegante.

Ter ou não continuidade? Eis a questão! Acima de tudo, o relevante é ser consistente e ser levado muito a sério e, finalmente, ser acompanhado individual e colectivamente para garantir que levamos, em profundidade, o processo de desenvolvimento.

publicado por Hernani de J. Pereira às 22:25

Análise do quotidiano com a máxima verticalidade e independência possível.
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