Pouca gente há que fique indiferente a uma sondagem. Quando o resultado nos agrada, empolgamo-nos e, ufanos, divulgamo-lo aos quatro ventos, mesmo que, por falsa modéstia, aparentamos não lhe ligar muito. Quando, pelo contrário, não nos é favorável, desvalorizamos e argumentamos que tal não corresponde, de modo algum, à realidade. Mais: acrescentamos que no dia X haverá, com toda a certeza, uma surpresa.
Sem querer ser diferente do comum dos cidadãos, tentarei, sem parecer irónico, não desanimar e mostrar que não existem ganhos antecipados. Contudo, denotar uma postura optimista faz toda a diferença na forma como se aborda a vida e na receptividade que temos em quem nos escuta.
O primeiro grande trunfo é conhecer os nossos valores, as nossas competências, pontos fortes e limitações. Apenas esta consciência permitirá delimitar as funções de onde poderemos retirar satisfações e realizações políticas, mas também fazer perceber aos eleitores o nossos potencial e convencê-los de que somos as pessoas certas para os lugares certos. A nossa convicção faz milagres no momento de decisão final.
Mas marcar a diferença perante os demais passa também por uma exemplar capacidade de planeamento e noção dos limites. De nada nos servirá aceitar um desafio onde sabemos, à priori, que não vamos “permanecer” por muito tempo, pois não temos o perfil político adequado para tal. Ser rigoroso no que procuramos e na imagem que queremos transmitir, eis “ meio caminho andado …”
Ter sempre um plano de acção é, segundo os especialistas, importantíssimo, já que evita dispersão. Em momentos de adversidade económica, como são os que atravessamos, é relevante que os nossos objectivos estejam centrados nas metas que queremos alcançar e, por isso o nosso discurso e prática devem estar imbuídos desse espírito. Dispersar as nossas energias em várias frentes não só dá maus resultados, como pode até complicar o nosso percurso. Foquemo-nos no essencial – quatro ou cinco, no máximo, ideias-chave – se quisermos ser bem sucedidos.
Por outro lado, há que delimitar tarefas e metas fundamentais e, sobretudo, segui-las à risca. Se ainda não fizemos um levantamento das prioridades – culpa nossa, máxima culpa (!!!) –, é urgente que o façamos. Depois adequamos a nossa linguagem e preparemo-nos para responder, concisamente, isto é, com frases curtas e inteligíveis a todos a quaisquer quesitos que nos possam ser colocados.
Recolher o máximo de informação sobre o local ou interlocutor é crucial e jamais devemos menosprezar quem quer que seja. Numa luta eleitoral, “produzir” papéis é o mais fácil. Contudo, se negligenciarmos tudo o resto, dificilmente seremos bem sucedidos. Não é à toa que se diz que “uma imagem vale mais que mil palavras”. Não desprezar o poder de uma forte rede de contactos, assim como manter-se informado sobre o que pensam os amigos e militantes – não obrigatoriamente por esta ordem – é, igualmente, de capital importância.
E, já que estamos na era da informática, as redes sociais são de manutenção obrigatória, pois, como bem sabemos, são poiso de pessoas e organizações que aqui encontram o meio ideal para divulgar as suas ideias e partilhar a sua cultura.
Uma outra vertente a explorar diz respeito à importância que damos ao marketing pessoal, ou melhor, ao charme que cada um, à sua medida, possui. É fundamental que os eleitores percebam que nós somos os melhores e é, desta forma, que nos devemos apresentar. Aliás, é dos livros, que a forma mais eficaz de conseguir uma abordagem positiva, ou seja, que não deixe quaisquer margens para dúvidas aos cidadãos, é que estão perante as únicas pessoas que conduzirão o barco a bom porto. Marcar a diferença, embora sem esquecer que os excessos também não são boa política, é indispensável.
Por último, qualquer vantagem que queiramos criar em relação aos demais adversários exige, acima de tudo, muita sensibilidade na forma como abordamos quem nos interpela. Repito, mostrar que fazemos a diferença, sem sermos elementos de ruptura e nunca apresentar quaisquer intuitos de desistência são para levar totalmente a sério. Manter uma atitude positiva, mesmo perante uma rejeição é sinal de força, pois, assim, demonstramos que os erros são pedagógicos. E se algumas tentativas falharem, há que procurar avaliar o que correu mal para nos reposicionarmos e conseguirmos o lugar que merecemos.