O meu ponto de vista

Março 02 2011

Para uns é mais uma data no calendário. Para outros é, e ainda bem, motivo de festa e regozijo. Para mim, porém, é um dia em que relembro aquilo que há quatro anos aconteceu. Não que quisesse, mas sim porque Deus, na sua infinita sabedoria, achou por melhor. E crendo como creio firmemente no Altíssimo apenas me restou curvar e aceitar bondosamente a Sua vontade.

Sim, bem sei que parece mentira. Mas, a verdade é que já passaram quatro anos. Parece que foi ontem, de tão vivas que estão guardadas as memórias daqueles últimos dias, mas, o certo, é que o pêndulo da vida, essa inexorável máquina, não pára.

Se fosses viva, querida mãe, não tenho a menor dúvida, tantas e tantas coisas teriam sido diferentes. Os teus modos, a tua força e, fundamentalmente, o teu jeito de mostrar o outro lado ter-me-iam, repito, com toda a certeza, levado a trilhar outros caminhos. Pecador me confesso e, acima de tudo, humildemente me declaro homem carente da palavra positiva e amiga dita no lugar e à hora certa. Quem, por muitos anos que tenha, pense que não necessita de um conselho e de um ombro protector, que atire a primeira pedra.

Hoje volto a chorar e, tal como faço todos os sábados, depositarei carinhosamente um ramo de flores na tua campa, local onde rezarei por ti.

E, pelas 19H30, na Igreja Matriz de Vilarinho do Bairro, rezar-se-á uma missa em tua memória. Que continues a descansar em Paz, querida mãe, e que a Luz Perpétua continue a iluminar-te.

publicado por Hernani de J. Pereira às 12:18

Março 01 2011

Sim, é verdade. Chegou à conclusão que iria restar uma ferida violentíssima, pois o corte não o foi com menor intensidade. Mas, atenção. Era, contudo, e apesar da incompreensão de muita gente, uma ferida que não podia deixar de ser aberta. É certo que desconhecia, mas, pela frente, existia algo de fascinante que estava completamente escondido.

As primeiras coisas que, logo após o surgimento da brecha provocada pelos imensos agravos, quis fazer foram, pois, aumentar a frente de amizades e criar uma rede de contactos que, através da continuidade, permitisse uma nova visão da vida. Anteriormente existiam barreiras que ocultavam tudo ou quase tudo e, sobretudo, havia margens muito estreitas, onde, por vezes, o caudal do que lhe avassalava o peito tinha imensas dificuldades em passar. (Re)posta a nova frente, resolveu geri-la não de forma porosa, mas com a consistência que permitisse uma visão que garantisse a circulação de renovadas brisas.

A ideia é que esta nova fase fosse, a curto e a médio prazo, não uma espécie de ritual, mas uma espécie de porta que, quando aberta, anunciasse um grande e belo parque verde, no qual se veriam também peças esculpidas cujos modelos eram os corpos que haveria de ...

A concepção teve, porém, um tipo de relacionamento que … Bem, para corresponder ao muito que dele se esperava, acabou por ter de assumir uma forma de ser e estar que parece, por vezes, agredir as pessoas. Isto acontece, em grande parte, porque os seus modos não têm, muitas vezes, nada a ver com o que é designado como convencional. Normalmente, as pessoas tudo calam e consentem. Comem, trabalham, dormem e, uma vez por ano, têm uns dias de férias. Quando certas pessoas saem desta normalidade, as outras, por má informação, por não acreditarem ou por conservadorismo reagem mal e questionam.

Com efeito, era importante, àquela distância, que o futuro não fosse totalmente compacto. Era absolutamente necessário que fosse furado, vazado até, e não ficasse abaixo da linha de horizonte, de modo a que pudesse, em qualquer momento, vislumbrar a claridade. É necessário ter presente que a sua vida não se fez de acasos e muito menos de empurrões, pois sempre rompeu com o tecido do status quo. Não existem contextos imutáveis no tempo, costuma dizer.

Diga-se que um dos aspectos mais importantes da percepção que passou a ter foi o rearranjo da humildade e da importância do sorriso. São mais-valias que, em momentos de discussão e de polémica, sabe que são valorizadas. O mundo dos ensejos é extremamente vasto e complexo e, sem dúvida, feito de memórias e de identidade. Contudo, não deixa de ser verdade que, enquanto entidade viva, em contínua reconstrução desta própria identidade, também sabe que nada lhe será dado de graça. Esta reconstrução pode ser lenta ou mais rápida, tudo dependendo do (des)empenho. Mas não foi sempre assim ao longo da História?

publicado por Hernani de J. Pereira às 22:20

Análise do quotidiano com a máxima verticalidade e independência possível.
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