Que esta nova versão da avaliação de desempenho docente (ADD) é tão má ou pior que a anterior é algo que todos sabemos. Que serviu apenas os interesses dos que não querem dar o “corpo ao manifesto” nas escolas, vulgo deslocados nos sindicatos, nas DREs e ME, nas câmaras e noutros penachos, está à vista de todos. É que, conforme já aqui escrevi, na anterior versão – leia-se a da Maria de Lurdes Rodrigues – só eram avaliados os que estavam nas escolas e, por conseguinte, só estes progrediam na carreira, enquanto actualmente estes privilegiados apenas necessitam de apresentar um simples relatório.
Contudo, como tudo isto são “favas contadas”, importa reter o que se passa na maioria das escolas. Os que antes vociferavam contra a ADD, recusando toda e qualquer iniciativa que desse corpo ou cobertura a esta, agora, porque se encontram como coordenadores de departamento ou relatores, são os primeiros a colocarem-se na dianteira, manifestando um frenesim e um zelo no cumprimento da mesma que é de pasmar.
O exagero chega a tanto que coordenadores/relatores existem que estão a exigir dossiers - para não dizer portfolios, pois não gosto desta expressão – com descrições pormenorizadas do que se fez e justificações para o que não se fez, relatórios periódicos de avaliação, incluindo exemplares dos trabalhos, fotos e vídeos, entre outras tantas aberrações. Isto para não falar da marcação de reuniões atrás de reuniões, com o fim de discutir, a maior parte das vezes, o sexo dos anjos. Tudo isto mesmo para aqueles que não solicitaram aulas assistidas e, por isso, estão marimbando-se para o muito bom e excelente.
Como é lógico, ressalvem-se todos aqueles cuja atitude nada tem a ver com o que acabo de relatar. Honra lhes seja feita.
Voltando ao cerne da questão, a situação descrita não nos pode causar admiração. Tudo isto emana do actual poder político e estende-se quais tentáculos cefalopoidais. Vejam como são, hoje em dia, eleitos os órgãos de poder nas escolas e as ramificações que depois se alastram.
Para terminar, diga-se que um dos outros motivos causador de enorme desconforto, e que tem empurrado excelentes professores para a aposentação, prende-se com o facto de, até agora, serem os docentes com mais tempo de serviço, os então designados titulares – nem sempre, é certo, os melhores -, que eram avaliadores, para se passar a uma situação quase oposta. Hoje em dia são geralmente os mais novos, os boys de serviço, a avaliarem, reduzindo os mais velhos na carreira, possuidores de mais experiência e portadores de melhor informação, a serem meros prestadores de «serviços sociais» a quem pouco ou nada sabe.