Em Portugal, desde há muito, foi criada, instalando-se com foros de verdadeira cidadania, a cultura do subsídio. E, não sendo um fenómeno muito recente, a verdade é que a integração na União Europeia veio elevar esta cultura a um nível quase insustentável.
Nos meios empresariais, no seio dos trabalhadores, no mundo da cultura e do desporto, é raro o sector que não pense ter direito ao seu subsídio. Organizações existem – empresas, instituições, fundações, entre tantas outras - que apenas foram constituídas com o fim de conseguirem o almejado subsídio. Chegam os dedos de apenas uma mão para contar os empreendedores que ousam criar organizações e, por conseguinte, gerar riqueza, contando apenas com o suor do seu próprio rosto.
E a realidade é que os portugueses se habituaram a explorar os subsídios - perdoem-me a expressão menos prosaica – “até ao tutano”. Todavia, esquecem-se que não existe “bela sem senão” e, por isso, estes subsídios são pagos através dos nossos impostos ou, sendo comunitários, têm uma componente nacional, o que vai dar ao mesmo.
Aliás, não é por acaso que em Portugal existem 13740 organismos públicos, conforme o DN tem vindo a informar, sendo que a grande maioria apenas sobrevive através de subvenções por parte do Estado. Sendo um problema estrutural e organizacional, muito mais aquele que este, a verdade é que todos devemos olhar para este assunto com uma visão holística, mas, sobretudo, realista.