No núcleo duro do Governo, a visão dominante é de que é necessário adequar o timing às dificuldades de momento e progredir/regredir de acordo com os resultados alcançados. Há muito que se perdeu a ideia – inocente, diga-se em abono da verdade - de que é absolutamente necessário elaborar e aplicar leis de acordo com o programa sufragado e, acima de tudo, tendo em atenção o interesse do país.
O certo é que, na educação, e apesar de todas as dificuldades sentidas – e têm sido tantas, para mal dos nossos pecados – o cenário não é tão negativo quanto seria de esperar. Que o digam os resultados do PISA (Programme for International Student Assessment), que apreciou, entre 2006 e 2009, o desempenho escolar dos jovens de 15 anos dos países da OCDE e de outros países ou parceiros económicos, sendo que as áreas avaliadas são a literacia na leitura, na matemática e na ciência.
Como é óbvio, tais resultados trouxeram uma lufada de ar fresco ao Governo, aliás, ultimamente, bem precisado de boas notícias. E sendo verdade que os resultados do aludido estudo ao longo dos últimos anos têm sido, de certo modo, catastróficos, isto é, colocando-nos bem perto do fundo da tabela, os actuais resultados, muito perto da média – 489 contra 493 pontos – elevam-nos a uma posição bem mais confortável.
Como é óbvio, tais resultados permitiram à ME e, sobretudo, ao primeiro-ministro “cantar” loas. Por modéstia, mas também por sabido pudor, atribuíram os louvores de tal façanha aos professores, estendendo-os, como não podia deixar de ser, aos alunos e respectivas famílias, não esquecendo os directores das escolas. Ficou-lhes bem, apesar de todos sabermos que, no seu íntimo bem adorariam proclamar, se possível, em voz bem tonitruante, que tais proezas se devem, essencialmente, aos méritos da política educativa do governo anterior, já que, em boa verdade, tais resultados ocorreram durante a sua vigência.
Por outro lado, para ser sincero, e sem querer retirar algum mérito às políticas educacionais, que também o têm, principalmente as promovidas aquando da entrada em funções do anterior governo - 2005 e 2006 -, dou comigo a concordar com a análise de alguns que afirmam que tais resultados se devem, fundamentalmente, ao facto de os alunos saberem que as provas a que foram submetidos o eram no âmbito de uma avaliação exterior e que, esse facto, os motivou de um outro modo.
O que, por outras palavras, nos leva a uma conclusão análoga: é fundamental implementar avaliação externa em todas as disciplinas nos finais de cada ciclo, cujos resultados tenham, sem margem para dúvidas, uma maior implicação na vida escolar dos discentes.