Tenho vindo a chamar a atenção e a dar uma especial ênfase à informação e formação das pessoas, tanto no que diz respeito à cultura dita geral, como ao saber específico. Sempre soube e cada vez mais tento colocar em prática o aforismo “aprender até morrer”.
E, sendo certo que vivemos actualmente tempos simultaneamente difíceis e desafiantes, não é menos verdade que precisamos de focar as nossas energias na procura de soluções para os problemas ou, dito por outras palavras, é essencial fazer parte da solução e não do problema. Neste contexto, os sistemas de aprendizagem têm um papel fundamental, quer estejamos a falar do sistema educativo e de formação, também designado vulgarmente por ensino curricular, quer sejam os diversos sistemas de aprendizagem nas organizações. Importa, assim, mobilizar as pessoas para o desenvolvimento de competências, fomentar a melhoria de processos e, em suma, mobilizar para a produtividade.
Melhorar a forma como os portugueses aprendem é um imperativo nacional. Temos de conseguir preparar os desempregados para o regresso ao mercado de trabalho, de reforçar a produtividade nas instituições e empresas de forma a estancar a sangria do desemprego, procurando, deste modo, não só manter como até aumentar os postos de trabalho.
O papel das tecnologias nestes processos de aprendizagem é crucial. Todavia, muito mais relevante que aquelas são as pessoas. São principalmente estas que flexibilizam o acesso ao conhecimento e permitem a sua construção e partilha. Por isso, a situação actual pode ser uma grande oportunidade para construir a escola do futuro que trabalhe valores e competências de forma estruturante.
Vários países estão a investir fortemente nos seus sistemas educativos, modernizando-os. Inglaterra é, neste aspecto, um exemplo paradigmático. Neste país, o projecto BSF (Bulding Schools for the Future) tem como objectivo primordial reformar o sistema educativo até 2023. Este e outros projectos, para além de contemplarem fortes investimentos em infra-estruturas, apontam, essencialmente, para reformulação de práticas pedagógicas, onde se destaca o forte envolvimento da comunidade educativa (professores, alunos, famílias e autoridades locais).
A modernização do sistema educativo britânico, contudo, não se fica por estes objectivos. Assenta também numa outra vertente, não menos importante: a da reposição da autoridade do professor. Sabendo que sem autoridade, por mais recursos físicos e materiais que tenham ao seu dispor, os docentes não conseguem, minimamente, criar um clima dentro da sala de aula propício à aprendizagem, os governantes ingleses, para além de terem devolvido mais valências e autonomia à escola e, por conseguinte, aos professores, começaram a responsabilizar os pais e encarregados de educação pelo comportando dos seus educandos. Uma nota final para referir que também o controle da entrada de novos docentes no sistema também aumentou, assim como passou a existir uma outra orientação sobre a sua forma de ser e estar perante a escola.
Receio, contudo, que, no nosso país, estas iniciativas passem à margem, continuando o sistema educativo, infelizmente, nas mãos dos cientistas da educação, para assim se perpetuar a maior catástrofe e tragédia do ensino, isto é, aquilo que é designado por eduquês. A ver vamos o que nos trará o futuro. Deus queira que, daqui a uns anos, não tenha razão na apreensão que agora manifesto.