Bem queria não voltar ao assunto. Mas é mais forte que eu. Os políticos e a sociedade em geral continuam a insistir no erro, isto é, persistem de que à Escola incumbe tudo e mais alguma coisa, bem como, fundamentalmente, dar resposta a todas as lacunas que os pais e encarregados de educação e a restante comunidade não querem, não sabem ou não podem dar.
Vem este exórdio a propósito de uma declaração do ministro da Administração Interna, o qual afirmou que a prevenção rodoviária irá constar dos currículos das escolas.
Ora, como o nosso bom povo costuma dizer “a César o que é de César, a Deus o que é Deus”. Por isso, à Escola incumbe uma tarefa primordial: ensinar e exigir a aprendizagem/apreensão de conteúdos específicos aos seus utentes, que é, como quem diz, aos seus discentes. Aos progenitores e à sociedade exige-se que forneçam aos nossos jovens, para além da educação – em termos estritos e urbanos - o currículo “extra”, onde se pode e deve incluir a educação para a cidadania, para o consumo, a educação sexual, ambiental, rodoviária, entre muitas outras. Em suma, devem proporcionar a educação para os valores e atitudes, onde prevaleçam modos de ser e estar coerentes com o que se espera de alguém que há-de, já hoje, garantir o nosso amanhã.
Bem sei que todos estes temas vêm lindamente “embrulhados” naquilo que se costumou designar como “projectos”. É uma técnica de marketing que tem iludido muito boa gente, afastando-a do que é realmente importante.
Todavia, independentemente do nome e da “roupagem”, tudo o que ultrapassar os currículos específicos, é baralhar sem dar de novo, é fazer prevalecer a espuma em vez do líquido, é olhar para o supérfluo, esquecendo o essencial.
É evidente que na Escola alguns existem que pensam que quanto maior é o número de valências que se possam atribuir àquela mais valor detêm. Puro equívoco. Em primeiro, esquecem-se que “quem muitos burros toca, alguns – não poucos – deixa para trás”. Em segundo, quem não é capaz de rejeitar o que lhe é solicitado, não digo tudo, mas pelo menos parte, jamais verá reconhecido o seu mérito.