Há muito que venho dizendo que a euforia do consumo, cuja culpa não foi e não é inteiramente dos portugueses, uma vez que os nossos dirigentes fizeram ou autorizaram que se fizessem fortes e constantes incentivos ao consumo, havia de ser paga, desculpem-me o termo menos prosaico, com língua de palmo.
Todos sabemos que as agências de notação, e especialmente a Standard & Poor's (S&P), ao baixarem o ratting recordo que, hoje mesmo, também o baixou Espanha o fazem com muitos intuitos especulativos. Todavia, neste momento, importa realçar que tal acarreta um maior juro a pagar por todos nós, pelo que todos, sem excepção, somos afectados.
Assim, como Mário Soares dizia hoje, e estou perfeitamente à vontade nesta citação, já que, como é do conhecimento geral, este nunca foi político da minha predilecção, é fácil reivindicar mais subsídios, abonos e ordenados. Difícil é explicar donde virá o dinheiro para tal. Como é lógico, deve-se acrescentar que a presente crise também não dá o direito às entidades patronais de tratarem os trabalhadores como carne para canhão.
Por último, uma palavra de congratulação, pois no meio de tanta desgraça, algo se vê de positivo. Com a agudização da crise, os políticos tendem a mudar de atitudes, isto é, a terem reacções pró-activas, o que é de saudar. Foi o que aconteceu com o presidente do PSD que, mal soube da decisão da S&P e consequentes ataques dos mercados bolsistas, se colocou, de imediato, à disposição do primeiro-ministro para, em conjunto, discutiram a melhor forma de combater a actual crise, a qual coloca, sem margens para dúvidas, em causa a soberania nacional. Oxalá que o PS e, sobretudo, José Sócrates saibam apreciar devidamente o gesto. Para bem de todos.
Hernâni de J. Pereira