A palavra cultura, de tão pronunciada que é, merecia entrar no livro de recordes Guiness. Contudo, "espalhar" a palavra "cultura é uma missão que não se cumpre de forma simples e muito menos rápida. Para comprovar isso mesmo, não basta ligar a televisão, ir ao café da esquina ou navegar na internet. O que daqui se retira ingere-se facilmente, comodamente até, e de forma indolor. O lastro restante, porém, é nulo ou quase.
Ironicamente, os impulsionadores da criatividade intelectual a que temos assistido nas últimas décadas, acabaram por ser as primeiras vítimas dos seus actos. Nunca se escreveu e publicou tanto como agora, sendo certo também que, em momento algum, jamais se viu tanta pobreza na forma e conteúdo do editado. Aliás, não é por acaso que aquelas duas palavras têm de ser, acima de tudo, conciliáveis. No entanto, os escribas subordinados à moda, ao facilitismo, à redacção a múltiplas mãos, acabaram por contagiar muitos outros. Infelizmente, poucos foram excepção.
Por isso, nem todas as vias que nos parecem conduzir a soluções devem ser aplicadas. Aquelas devem ser construídas não isoladamente, mas sim em conjunto com outros «players da praça, encarando a inanidade intelectual de frente, suportando as dificuldades e marcando a diferença. Existe um velho provérbio chinês que nos diz que a crise é o momento de pausa entre mudanças. É, pois, chegada a oportunidade para escolher o rumo. As mudanças não acontecem só por si, todos nós somos agentes delas.
Hernâni de J. Pereira