O meu ponto de vista

Abril 30 2010
Confesso que não estava à espera de, tão cedo, voltar ao assunto que, de certo modo, à maioria de nós incomoda tanto e que, ultimamente, vem sendo notícia, já não diariamente, mas hora a hora. Todavia, as notícias de hoje à noite levaram-me a, mais uma vez, falar sobre a crise económica e financeira que, à semelhança de outros, o país atravessa.
Então, não é que a Grécia, face ao descalabro das suas contas públicas, acaba de anunciar que não vai pagar, neste ano, o 13º e o 14º mês aos seus funcionários?
Ora, tendo atenção que as nossas finanças se assemelham muito às gregas, por muito que nos queiram fazer crer do contrário, é altura de sabermos o que fazer com as nossas barbas quando as do vizinho se encontram a arder.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 22:29

Abril 29 2010
De há muito que me acompanha um sonho: construir as minhas obras tendo em conta os mais diversos olhares. Contudo, quando a construção é sustentáculo próprio, a harmonia torna-se mais difícil de alcançar, uma vez que, por muito que não queira, me deixo emocionalmente envolver. Direi que é esse teu olhar a perturbar e a toldar a minha razão. Outros, dirão que se trata de vozes ou sentimentos provenientes de outro lado.
Assim, a cada risco, a cada tom, a cada lugar “vazio” e logo me assalta a ideia de como o teu olhar, na realidade, verá a obra e intersectará com o meu. E depois como me conheço melhor que ninguém, não admira que seja mais exigente comigo mesmo, pelo que guardar e estampar o teu verdadeiro sentir é privilégio que, infelizmente, nem sempre alcanço.
Nunca me canso do teu olhar e, acima de tudo, de o contemplar. Todos os dias noto um quadro diferente. O céu muda de cor todos os dias e a fotografia fica muito aquém da beleza diariamente transfigurada, pelo que jamais, por muito que me esforce, conseguirei registar todas as suas tonalidades. Assim também és tu. Palete de cores impossível de alcançar.
Recuso, por princípio, programas pré-estabelecidos e, por isso, gosto das coisas que surgem naturalmente. Foi, deste modo, que construí a história da minha vida: com os livros, os objectos, as viagens e os quadros que, pouco a pouco, escrevi, coleccionei e pintei sobre ti.
Porém, de uma coisa tenho absoluta certeza. Independentemente dos quadros que pintar e dos livros que escrever, quero que os mesmos representem sempre o refúgio, o local ao qual gosto de regressar e gozar o sossego e o conforto de que necessito.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 21:08

Abril 28 2010
Dizer que a situação económica do país é extremamente difícil é falar do que todos já sabem e eu próprio, por variadíssimas vezes, aqui e noutros locais, tenho chamado à atenção para tal. Por isso, não é, de modo algum, como hoje ouvia, algo como “chover no molhado”. E não o é porque a maioria dos portugueses ainda não se convenceu desta verdade, pois continuam a gastar o que têm e o que não têm. Aliás, não é por acaso que há quem diga que os centros comerciais estariam a menos de metade do seu actual movimento, que metade dos carros, dos electrodomésticos e das viagens de férias não se adquiririam se o cartão de crédito fosse cancelado em Portugal. Relembro que ainda recentemente, por alturas da Páscoa, os portugueses gastaram mais dezasseis por cento do que em igual período de 2009. Isto de acordo com os dados da SIBS, entidade que gere o sistema Multibanco.
Há muito que venho dizendo que a euforia do consumo, cuja culpa não foi e não é inteiramente dos portugueses, uma vez que os nossos dirigentes fizeram ou autorizaram que se fizessem fortes e constantes incentivos ao consumo, havia de ser paga, desculpem-me o termo menos prosaico, com “língua de palmo”.
Todos sabemos que as agências de notação, e especialmente a Standard & Poor's (S&P), ao baixarem o ratting – recordo que, hoje mesmo, também o baixou Espanha – o fazem com muitos intuitos especulativos. Todavia, neste momento, importa realçar que tal acarreta um maior juro a pagar por todos nós, pelo que todos, sem excepção, somos afectados.
Assim, como Mário Soares dizia hoje, e estou perfeitamente à vontade nesta citação, já que, como é do conhecimento geral, este nunca foi político da minha predilecção, “é fácil reivindicar mais subsídios, abonos e ordenados. Difícil é explicar donde virá o dinheiro para tal”. Como é lógico, deve-se acrescentar que a presente crise também não dá o direito às entidades patronais de tratarem os trabalhadores como “carne para canhão”.
Por último, uma palavra de congratulação, pois no meio de tanta desgraça, algo se vê de positivo. Com a agudização da crise, os políticos tendem a mudar de atitudes, isto é, a terem reacções pró-activas, o que é de saudar. Foi o que aconteceu com o presidente do PSD que, mal soube da decisão da S&P e consequentes ataques dos mercados bolsistas, se colocou, de imediato, à disposição do primeiro-ministro para, em conjunto, discutiram a melhor forma de combater a actual crise, a qual coloca, sem margens para dúvidas, em causa a soberania nacional. Oxalá que o PS e, sobretudo, José Sócrates saibam apreciar devidamente o gesto. Para bem de todos.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 20:32

Abril 27 2010
É um ditado muito antigo mas sempre actual: “zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades”. E, quando as partes se têm como poderosas, quando se catapultam em alter-egos exacerbados, qualquer afronta, por mais pequena que seja, é vista e sentida como a maior vilipendiação possível, quiçá até elevada ao máximo expoente. Nestes momentos, o verniz estala e o azedume solta-se, quais golfadas de sangue, exaurindo toda a sua pequenez e podridão.
Como é evidente, trata-se de gente sacratíssima, mas não temente a Deus, que debica diariamente as migalhas que caem da mesa do soberano, tentando, cada uma ao seu modo, fazer valer os seus atributos. Em suma, trata-se de farinha do mesmo saco e invejas de pódios.
Bonito, bonito será o ver quais dos contendedores sairá vitorioso. Todavia, o mais certo é não vermos e muito menos sentirmos nada, pois o poder chamá-los-á e dir-lhes-á que não é de bom-tom para a prossecução dos objectivos que, por princípio, os irmana, andarem publicamente desavindos. Sendo verdade que o ódio é visceral, a sustentação do poder, pelo menos, por agora, fá-los-á claudicar.
A bem da nação!

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 19:49

Abril 26 2010
Ouve-se amiúde “isso é normal” ou, então, “nos dias de hoje já nada me admira”. Mas, concretamente, o que é o novo “normal” ou porque, na maior parte das vezes, encolhemos os ombros e não ligamos?
As perguntas são pertinentes nos dias que correm e, talvez por isso, não admira que muita boa gente tente encontrar uma resposta plausível.
A primeira certeza encontrada é quase uma não resposta: apesar dos nossos progressos – tecnológicos, sociais e até culturais (!!!) – não estamos livres das dificuldades do entendimento intergeracional, bem pelo contrário, e a recuperação da credibilidade das pessoas não é uniforme, nem tem o mesmo ritmo em todos os lugares. Na prática, existe uma série de atitudes que têm impacto na cadência e na forma do desbarate dos “velhos” valores, e que levam a que o “novo normal” se vá instalando paulatinamente.
A realidade demonstra que estamos claramente na redefinição do “normal”, tanto a nível nacional como global, pelo que vale a pena anteciparmos alguns dos indicadores-chave.
A disponibilidade para acolhermos o novo é um factor determinante, especialmente os mais jovens, cuja formação, como é óbvio, se encontra menos arreigada. É evidente que os «striking players» continuarão a dominar, mas o efeito da globalização resultará numa abertura à “nova normalidade” na mesma proporção das nossas necessidades. Quanto menores forem estas, menor será aquela. Infelizmente, antevemos, tanto a curto como a médio prazo, um agravamento do (des)normal, uma vez que as medidas governamentais vão na linha de ruptura.
Todavia, os ocupantes tradicionais, os que possuem a responsabilidade pela sustentabilidade da sociedade, têm obrigatoriamente de ser mais selectivos e, sobretudo, deverão procurar gerir a sua pegada de forma mais oportuna.
Por último, um dado importante diz respeito à dinâmica das organizações. A teimosia da imposição de uma pretensa igualdade, conceito tão propalado e pior ainda aplicado, exigirá uma abordagem específica para cada uma daquelas. Na prática, não será possível generalizar e os dirigentes terão de considerar as suas opções de forma muito cautelosa e estratégica. Consequentemente, a janela de oportunidades irá fechar-se mais cedo do que o previsto.
Oxalá tenham visão e queiram assumir o risco. Contudo, pelas premissas de alguns, o receio continuará.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 20:13

Abril 23 2010
Há décadas que em Portugal se trava uma batalha pelo fomento do espírito empreendedor. Se para alguns é uma questão de mudar a mentalidade de um povo, tendencialmente, avesso ao risco, para outros é lutar contra uma conjuntura que, ainda, é inimiga de quem quer empreender, de quem quer fazer acontecer.
Devido à situação adversa dos últimos tempos, esta realidade não só se agravou drasticamente, mas também exacerbou-se, pelo facto de grande parte dos portugueses não ter aprendido a conjugar o verbo empreender e desconhecer que não desistir é uma das regras básicas deste conceito.
Por outro lado, não é por caso que há quem defenda que os momentos de crise são momentos de grande oportunidade. Basta, para isso, ter presente que os problemas a vencer são muito mais de ordem estrutural que conjuntural. O futuro passa, necessariamente, pela conversão do conhecimento em valor motivacional, o que se convencionou designar por inovação. Mas, para além disto, é também importante reformar e pensar diferente.
Todavia, existem posturas e actos que, pela insistência na continuidade, esvaziam-se e perdem pertinência. Continuar a discutir o passado, a indagar onde se estava há trinta e seis anos, a olhar a pessoa sob o ponto de vista do percurso político são, de entre muitos outros, exemplos paradigmáticos, pois deles não advêm qualquer valor acrescentado.
Mais importante do que recordar histórias pessoais da História Viva, é saber transmitir às gerações posteriores o significado e o valor de um conceito que é inerente ao modo de vida e à sociedade em que se inserem.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 21:15

Abril 23 2010
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Árvores, muitas árvores, enfim, uma floresta.
Um caminho, vários trajectos, em suma, encruzilhadas da vida.
Um bom livro e, já agora, uma bonita companhia.
Será difícil deixar de escrever. Todavia, jamais deixarei de ler.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 12:59

Abril 22 2010
Evo Morales, presidente da Bolívia, afirmou, durante uma conferência climática em Cochabamba, que comer frango causa "desvios" sexuais nos homens, nomeadamente homossexualidade. A culpa é dos frangos carregados de hormonas femininas, que também são a causa da calvície, adiantou ainda.
E agora? Bem, já estou a ver muita gente a nunca mais comer frango, enquanto outros vão passar a alimentar-se de tal manjar a todas as refeições e, se possível, diariamente.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 20:41

Abril 21 2010
Os últimos tempos têm sido extremamente férteis em contrastes, originando reflexões deveras interessantes. De tal modo assim tem sido que se tornou indispensável colocar em prática três virtudes fundamentais: paciência para lidar com as diferenças; prudência com vista a jamais confiar em toda a gente; e persistência nos relacionamentos, uma vez que, no que respeita aos afectos, é preciso bater várias vezes à mesma porta.
Por outro lado, é conveniente ter em atenção que o momento pede circunspecção, meditação e capacidade de espera. Todos sabemos que podemos mudar muitas coisas se soubermos observar o tempo certo. Contudo, para isso, necessitamos de ter a humildade suficiente para entender que nem tudo na vida é possível.
Ao aceitarmos os nossos limites evoluímos, sem dúvida alguma, como pessoas.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 21:26

Abril 20 2010
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Há muito que aprendi os enigmas da vivência e sei de cor os segredos da sobrevivência.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 20:10

Análise do quotidiano com a máxima verticalidade e independência possível.
hernani.pereira@sapo.pt
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