Parti, em tempos, à «aventura», não sabendo bem para onde ia. Unicamente tinha conhecimento da existência de caminhos que nunca trilharia. Continuo a pensar o mesmo.
Calcorreei caminhos mais ou menos periféricos, alguns autênticos verdadeiros «não-caminhos», os quais escapam à classificação de campo ou cidade, lugares onde apenas passei, numa fugaz retirada, para um descanso, nocturno ou diurno, de algumas horas.
Foram lugares propícios à revolta e às explosões emocionais que, por vezes, se advinhavam, sítios onde se acumularam vidas cheias de contusões, de excessos de estados de alma menos dóceis e afáveis. E, como é lógico, a falta de qualidade de vida cresceu na imensidão dos esforços cimentados em (in)certezas absolutas. No fundo, foram espaços mais biodegradantes do que biodegradáveis.
E tudo isto degenerou em limites insuportáveis de convívio, entre a integração e a exclusão, entre o estar junto e o estar só, numa não menos imensa e sentida solidão povoada de uma mão cheia de nada.
E onde cheguei? Encontro-me num emaranhado ordenado e construtivo. A continuação do uso da correcção para estabelecer vínculos, tendo em conta a envolvente interior e exterior, honra-me e obriga-me a respeitar o melhor possível o que me rodeia. Exponho-me, sim. E qual a dúvida?
Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 10:47
Após a bem sucedida reimplantação de um novo conceito, designadamente o apelo à inteligência, presentemente quedamo-nos no sono que amanheceu no fim de dias e noites mágicas. Momentos em que o Sol e a Lua praticamente desapareceram dos nossos horizontes, de forma inversa à intensidade que se detecta na procura e que se descobre na oferta certa.
O projecto incluía diversas bases de apoio com o intuito de conferir maturidade imediata e satisfazer os anseios mais legítimos. Contudo, mesmo com a abundância de água no sentido poético, já que no literal é um facto - e respectivas cascatas para proporcionar som e movimento, bem como a plantação de diversas espécies no sentido de conferir fragrâncias, cores e texturas contrastantes, o resultado alcançado, até ao momento, não foi o desejado.
A verdade é que os relevos bastantes pronunciados ainda não foram vencidos, apesar de se terem utilizado taludes de rocha, criando-se simultaneamente socalcos onde se tentou cultivar rosmaninho, alecrim, viburnum, agapanthus branco, lantanas, santolinas e outras plantas raras, numa nítida tentativa de se alcançar a harmonia.
Soma-se a isto a procura do impossível, bem como o facto de ter ocorrido uma gestão deficiente dos percursos, em parte devido à dificuldade em enfrentar a realidade, obrigando, hoje em dia, a prolongar indecisões e disfunções.
Nesta hora, em que o nosso dia é já o amanhã, a alternativa reside na esperança de reabitar a cidade que não se habita.
Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 09:51