Dezembro 29 2009
Uns eternos insatisfeitos. Nunca algo nos satisfaz por muito tempo.
É desejável que nas relações entre pessoas se cumpra uma tripla função: a do companheirismo, a de afectividade e a de compreensão mútua. Todavia, ao arrepio deste conceito, vemos as pessoas saltar de projecto para projecto, de proposta para proposta. Simultaneamente, e agravando esta questão, as premissas apresentadas são cada vez mais arrojadas, em muito devido ao individualismo e comodismo instalados, o que inviabiliza, à priori, a maior parte das relações.
Também no que toca ao relacionamento interpessoal até parece que a auto-sustentabilidade é um conceito que deixou de ser necessário para se tornar moda. Ora, na verdade, todos sabemos que, por um lado, a moda é passageira e, por outro, mesmo que venhamos a tentar tudo por tudo, uma altura da vida há-de chegar em que não conseguiremos estar na moda.
Convém, por isso, ter presente que o homem racional adapta-se ao mundo, enquanto o irracional espera que este se adapte a si.
Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 20:46
Dezembro 24 2009
Palavras, palavras e mais palavras, a maioria das vezes, ocas e vazios de sentido, ditas mais por hábito que por convicção, são as que, por esta altura, mais ouvimos.
Contudo, todos gostaríamos de escrever algo original e sentido, com o qual, num ápice, conseguíssemos convencer, quem nos ouça ou leia, que tal não passa de mais um «copy paste» ou um reenvio de algo que acabámos de receber. E, se não o fazemos é, quase sempre, por comodismo, ausência de inspiração, de esforço ou, até, acredito, de tempo.
Então, neste dia, para não cair no já há muito dito e redito, para que faça crer, senão a todos, pelo menos a pessoas especiais, que tenho algo de especial a dizer o que hei-de fazer?
Deixar falar o coração, escrevendo ao seu ritmo. Deixar transparecer o que vai na alma, por muito que a desnude e isso seja estranhe neste mundo falacioso.
Esta é a Noite das noites. Paraíso dos afortunados. Momentos em que a paixão se solta e os prantos se apagam. Instantes em que os risos e as alegrias se propagam e as mágoas se esvanecem. Contudo, não esqueçamos a outra face da moeda. O contrário é, infelizmente, mais frequente que o pressuposto anterior.
Por isso, nesta noite, à primeira garfada, ao primeiro brinde, ergamos os olhos para O que há-de nascer e indagamos onde errámos e façamos uma promessa. Qual? Cada um de nós, no seu íntimo, saberá melhor que ninguém.
Vai ser difícil? Eu sei que sim. Mas estou certo que valerá a pena.
Entretanto, BOAS FESTAS.
Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 18:05
Dezembro 23 2009
Revivi e consegui esquecer o individualismo para gerir o espaço que, afinal, é comum. O que não é fácil, pois exige uma entrega total.
Partilhei e alcancei o sentimento comum, numa comunhão de reconciliação e respeito.
Envolvi-me e ofereci um leque de escolhas alargado, espelho e extensão dos afectos.
Abarquei e tive na mão a origem, raiz de integração na envolvente de um potencial ainda por explorar.
Circundei e conjecturei para além das linhas clássicas e vi o belo que sobressai da estética, esse cunho exclusivo e tão diferenciador.
Centrei-me e constatei o prestígio projectado na contemporaneidade, arrojando com o fundamental e prescindindo do supérfluo.
Desejei e empreendi essa obra de arte que és tu.
Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 23:01
Dezembro 22 2009
Vemos, ouvimos e não compreendemos. Ou melhor, compreendemos até muito bem: ânsia de protagonismo, pura e simples. Notamos uma constante colocação em bicos de pés, nem que, para isso, se tenha de calcar tudo e todos. Observamos um narcisismo córneo, um contemplar do umbigo, um gosto de se ouvir, um querer impor, a toda a força, a sua vontade, um uso constante de uma verborreia fácil e uma prepotência a toda a prova, levando-nos a desejar e a pedir a todos os santinhos que nunca chegue a ter as rédeas do poder, pois se assim acontecesse ai de nós pobres mortais
Amor ao próximo? Tolerância? Não se sabe o que é e, por isso, inexistente. Conjuga-se o eu, mil vezes antes do vós.
Substrato intelectual? Existe e é reconhecido. Contudo, lamenta-se que lhe seja dado tão mau uso.
Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 17:44
Dezembro 22 2009
Continuamos a comemorar, ano após ano, nesta época o nascimento por excelência. O nascimento, para quem acredita, dAquele que veio, vem e virá eternamente. Chegou até nós de uma forma estranha: de uma pobreza exteriormente atroz e, simultaneamente, de uma magnificência interior. O que não foi por acaso, bem pelo contrário.
Contudo, apenas continuamos a festejar, infelizmente, o nascimento exterior, já que o interior continua intacto, apesar das nossas múltiplas promessas. O barro em que somos feitos, por ser de uma qualidade inferior, a isso obriga. E, por muito que o tentamos moldar, o boneco final é sempre enganador, não passando de uma caricatura daquilo que devíamos ser.
No exterior mudamos e muito. Pelo menos, a maioria. Aí estão os centros comerciais cheios de gente a demonstrá-lo, denotando que pretendemos mudar a índole aparente, aquela com que as outras pessoas nos vêm, numa tentativa extrema de renascer o modo de estar, uma vez que o ser, neste mundo consumista e egoísta, pouco parece importar.
O nascimento interior preconiza uma reconversão, uma mudança de hábitos, um voltar à nossa infância, um retorno à pureza dos ideais perdidos na voragem do tempo. E, o certo é que, nestes dias, o parar para meditar e o alcançar de um espaço de tempo para a transfiguração interior torna-se extremamente difícil. O corre, corre para abarcar todas as externalizações que cercam o nosso «eu» a isso impele. Claro que sobra apenas o cansaço, o que também não admira.
Ah, já agora, melhor que dar presentes é ser presente. Seja um(a) amigo(a), um(a) marido/esposa, um(a) filho(a), um(a) avô/avó, um(a) neto(a) presente.
Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 14:08
Dezembro 18 2009
É curiosa a nossa relação com as mulheres. Não confiamos lá muito nelas, mas estamos sempre a chamá-las, porque, aliás, não sabemos viver sem elas. Vivemos uma pura relação de amor-ódio, concretizada em momentos sortidos do quotidiano.
Quando são autoritárias reagimos. Quando são permissivas, também. Quando são incompetentes, barafustamos. Quando cumprem o seu dever - a maior parte cumpre nem notamos.
Só que a vida dá muitas voltas, como diz o povo e tem razão. Inopinadamente ou nem tanto, eis que assistimos à sua valorização, diria mesmo hiper-valorização, concretizada em episódios marcantes do nosso dia-a-dia.
Quem diria que nos voltaríamos de novo para as mulheres, as quais, como que por milagre, apesar da proclamada incompetência e consagrada ineficiência - ambas falsas, como se vê -, resolvem agora os gravíssimos problemas com que nos defrontamos? Quem diria, há décadas atrás, que viessem a ocupar, e bem, os lugares de destaque que hoje ocupam? Quem diria que atingiriam tal protagonismo, pelas más, mas sobretudo pelas boas razões?
Ao contrário dos homens, a maior parte das mulheres agem com inteligência. Confiam a especialistas o que deve ser especializado. Aproveitam a experiência e a massa crítica onde quer que se encontrem. Mantêm o poder originário intocável, pois é a lei natural que cria os sistemas e não o contrário. Por outro lado, não desguarnecem os direitos dos outros, ao manter sempre a via aberta para a justiça comum.
Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 21:14
Dezembro 18 2009
Faz parte do abc do marketing. Quando todos os olhos e ouvidos estão concentrados em assuntos preocupantes e melindrosos, nada melhor que criar um facto, seja ele artificial ou não, de modo a desviar as atenções.
Esta estratégia, há muito aplicada na política, principalmente a partir do momento que os publicitários começaram a assessorar os políticos, através das chamadas agências de comunicação, mais uma vez foi colocada em prática.
É o caso dos casamentos homossexuais. Quando o país de debate com um desemprego galopante, com casos de corrupção que envergonham o país leia-se Face Oculta, Freeport e tantos outros -, com a ineficácia da justiça, com uma política educativa que anda pelas ruas da amargura, com um deficit que atinge quase 100 %, mercê de um viver muito acima das suas possibilidades, com um não assumir de responsabilidades individuais e colectivas, face a um descomprometimento que vem de há muito, o governo «chuta para canto» e avança com aquela medida profundamente fracturante.
E a verdade é que tal não acrescenta nada ao viver do dia-a-dia da generalidade dos portugueses, servindo, quanto muito, para entreter os media, já que são estes que condicionam a opinião pública.
Assim, vamos nós cantando e rindo, quase tal como antigamente.
Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 20:20
Dezembro 17 2009
De desenho simples (ou será complexo?), és um exemplo de bom gosto, de luxo e traçado de linhas intemporais.
Seguramente, tens uma importância inolvidável, quer seja simbólica, quer seja harmoniosa, sobretudo pela fusão das valências artísticas que, em ti, encerras. Pretendes e consegues conjugar a arte secular com um talento artístico contemporâneo.
Valorizas o espaço onde quer que te encontres. Para servir o belo, num conceito original e permanente. De supetão o teu olhar leva-nos ao confronto com a plasticidade figurativa, sugerindo baixos e altos relevos, quais realces ciclópicos esculpidos na pedra pelo tempo, esse eterno escultor.
A moldura do teu rosto traz-nos a informação agregada sobre como se faz um grande ser. Os pequenos truques e os pormenores estão sedimentados em larga escala. Também não admira. A esta dimensão todos os aspectos são desvanecidos e, simultaneamente ressaltados.
Sim, refiro-me a ti, Mulher dos meus
Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 21:10
Dezembro 17 2009
Já não chegava a Lisboa ter sentido o sismo desta madrugada, coisa que praticamente o resto do país não sentiu?
Agora, falando a sério. Tinham que ficar com o Red Bull Air Race? Será que não se pode fazer nada com classe, digno e espectacular, diria mesmo excelente, fora de Lisboa? É que se a resposta é sim, passado algum tempo vai para a capital.
Pessoalmente, solidarizo-me com as pessoas do norte e, de um modo especial, com as populações de Gaia e Porto por mais este autêntico roubo. Logo agora que se soube que 80 % da riqueza do país foi produzida no norte.
Que não tenhamos dúvida. Os vinte dois milhões de euros que Lisboa pagará sairão do nosso bolso. De todos, do Minho ao Algarve.
Neste país, aquela verdade lapalaciana Portugal é Lisboa e o resto é paisagem continua, infelizmente, a ser incontestada.
Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 19:32
Dezembro 16 2009
Falo da Luz que nem todos conseguem alcançar. Não da luz designada vulgarmente por iluminação, quer seja natural ou artificial. É que esta, por muito que brilhe, será sempre difusa. Diria mesmo invisível.
Pronuncio-me, antes, sobre a Luz que flui através de qualquer espaço, seja translúcido ou não. Luz que salienta formas e texturas, criando e, simultaneamente, eliminando sombras que se movimentam ao longo do dia e da noite, restituindo ou retirando cores como nenhuma outra.
Articulo, ou melhor, tento articular palavras sobre a Luz. Aquela que, com alguma magia, é complementada pela iluminação natural e/ou artificial, convergindo todas para uma melhor sustentabilidade do uso do «eu».
Refiro-me à Luz que não tem um valor passivo. Pelo contrário, é uma componente activa e importante no nosso apoio diário. E, apesar de, hoje-em-dia, se exagerar na luz das nossas casas e locais de trabalho, o certo é que a perturbação e os incómodos são notórios. A ausência da Luz a isso obriga. E a falta de visão comprova-o e o exagero salta à vista.
A Luz, não tenho a menor dúvida, é condição necessária para que haja família, casa, campo, cidade,
, Natal. A tal que nos próximos dias brilhará com maior intensidade.
Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 19:48