Segundo o que a imprensa relata, o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, entidade com poderes para aprovar escutas ao Presidente da República, Presidente da Assembleia da República e Primeiro-Ministro, decidiu mandar arquivar as conversas travadas entre Armando Vara e este último, no âmbito da operação Face Oculta, com o argumento de que não foi respeitado aquele princípio legal, isto é, não tinha autorizado previamente tais audições.
Ora, tal fundamento, usando o mínimo de bom senso, cai pela base, uma vez que quem estava a ser escutado, e com a devida autorização de um magistrado, era Armando Vara e não José Sócrates. Como é lógico, quando alguém é escutado todas as suas conversas são gravadas, pois não se sabe, de antemão, a quem vai telefonar. Posteriormente, quem de direito, validará ou não as mesmas, em função do seu estrito conteúdo, e não da existência de autorização prévia. Somente um mentecapto poderá pensar que os investigadores deveriam antecipadamente obter permissão para gravar as conversas do Primeiro-Ministro, já que isso pressupunha que soubessem para quem Armando Vara iria telefonar, o que, diga-se de passagem, é de todo descabido.
A rede tentacular do PS espalha-se por tudo o quanto é sítio. E, sinceramente, já estamos cansados dos argumentos da defesa do bom-nome, do segredo de justiça, da separação de poderes, da presunção da inocência e da inexistência de provas, pois, quanto a estas, a continuar assim, nunca as haverá.
Hernâni de J. Pereira
ADENDA: O artigo ontem aqui colocado levantou alguma polémica, isto de acordo com os comentários que nos chegaram à caixa de correio. Ora, tal é um completo exercício de sarcasmo. Pelo menos é que estava na nossa mente quando o redigimos. Aliás, quem nos conhece não poderá pensar outra coisa. Contudo, somos levados a entender que não fomos totalmente compreendidos e, por isso, aqui fica o cabal esclarecimento.