O meu ponto de vista

Novembro 30 2008
No nosso imaginário, existe, quase sempre, uma imagem de multimilionários, excêntricos ou nem tanto, pessoas que viajam em aviões e iates particulares, gente que só bebe a primeira taça de cada garrafa de champanhe porque na segunda o bruto já está morto e, nestes casos, o melhor é abrir nova garrafa.
Dizem que estes, quando tocam a adquirir artigos de luxo, num consumismo desenfreado, ultrapassam, de longe, os novos-ricos, os quais compram arte, jogadores de futebol ou castelos na Baviera ou Escócia como se fossem “peanuts”.
Estas pseudo-instituições ou recriações mediáticas, que correm nos mais variados e coloridos suportes comunicacionais, acabam, afinal, por se imporem como se retratassem fielmente a realidade e consolidam-se em meia dúzia de frases feitas, as quais, à força de serem repetidas, chegam a parecer verdadeiras.
Quando pensamos nestes casos, ficamos sempre indecisos, como se estivéssemos a meio da ponte e não soubéssemos se havemos de avançar ou recuar. É que, nos dias de hoje, onde tudo parece estar inventado, é necessário, por vezes, recorrer à imaginação para recriar algo personalizado. As imagens poderão, assim, ajudar-nos a entender o espaço e as pessoas, tornando-as mais estáveis e personificando-as de uma forma, que diríamos, quase exclusiva.
Contudo, como em tudo na vida, é preciso ter conta, peso e medida.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 00:25

Novembro 29 2008
Ontem, a Fenprof pediu a demissão da ME face à intransigência desta em não suspender o novo modelo de avaliação de desempenho docente (ADD).
Hoje, José Sócrates afirmou que a ME não está isolada no governo e que a ADD é uma medida apadrinhada, em primeiro lugar, por ele e pelo PS.
Pergunta-se agora: será que aquela estrutura sindical vai pedir a demissão do governo?

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 20:52

Novembro 26 2008
É um facto. Tudo vem mudando radicalmente desde há muitos anos e as escolas começam a sentir uma maior necessidade de concentrar os seus recursos e as suas competências no «core» das comunidades em que se encontram inseridas, procurando, simultaneamente, no exterior o aprofundamento das antigas ou novas parcerias. Mais que a contratualização normal entre entidades diferentes, o novo capital passa a chamar-se confiança.
Por outro lado, a sociedade de conhecimento, como aquela que pretendemos construir, será feita a partir dos designados centros de conhecimento, disponíveis, de fácil acesso, de grande eficácia e proximidade. Nesses centros iremos encontrar todo o tipo de profissões, de qualificações e de actividades. Trata-se de um modelo de organização da sociedade, das estruturas, sejam públicas ou privadas, nomeadamente escolas, saúde, assistência, cultura, lazer … Será, sobretudo, um novo modelo de vida, seja ele colectivo ou individual.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 22:44

Novembro 23 2008
Fala-se agora que o Ministério da Educação quer implementar também a avaliação dos presidentes dos conselhos executivos. Diz-se que estes serão avaliados pelo SIADAP (Sistema Integrado de Avaliação da Administração Pública).
Declaração de interesses: como maioria dos meus leitores sabem, de há uns bons anos a esta parte, ocupo, por eleição, aquele cargo.
Assim, pela parte que me toca, sinteticamente, digo, alto e em bom som, que não tenho qualquer objecção a tal. Mais: quero, ou melhor, exijo ser avaliado. Por aquele modelo ou por outro qualquer.
Como muito bem sabem os que comigo, de mais perto, privam, sem falsas modéstias, não sou amorfo e, a cada instante, procuro ter uma opinião crítica, não receando, de modo algum, ficar só, desde que esteja convicto das minhas ideias. Por isso, dentro do meu livre arbítrio posso gostar mais daquele modelo em detrimento de outro(s) ou vice-versa. Contudo, isso não invalida o que anteriormente afirmei.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 20:01

Novembro 23 2008
Nos dias que correm ter opinião e, principalmente, quando ela é diferente, não é fácil. Por isso, almeja-se não a ter ou, então, calá-la. A calma e a serenidade que traz tal posição cativam a alma nacional.
O contrário, obriga a possuir varandas e largas janelas viradas para o rio … da coragem. E, a casa com tais características tem, imperiosamente, de estar perto do rio. Simultaneamente, tem de estar situada de modo a que, diariamente, seja banhada pela Luz.
Contudo, não basta habitar a dita moradia, pois nem todos conseguem apreender tal luminosidade. É fundamental ser generoso. É este predicado que comanda o sonho.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 19:53

Novembro 19 2008
É um dado adquirido. Relativamente à avaliação dos professores, as posições das partes – ME e sindicatos - encontram-se, como é do conhecimento geral, demasiado extremadas para que haja um recuo, de quem quer que seja, com honra.
Então, pergunta-se: qual a saída? Qual a estratégia para este impasse?
A resposta a esta questão passará pela apresentação da demissão da actual equipa. Apesar das minhas apreensões e reticências pessoais, Maria de Lurdes Rodrigues poderá sempre argumentar que fez mais em três anos pela educação que nos trinta anos anteriores, que promoveu reformas há muito esperadas, as quais ninguém ousou implementar. Mais: apesar das resistências, tais iniciativas já se encontram em velocidade de cruzeiro e, acima de tudo, a dar bons frutos. Poderia ainda adiantar que no concernente à avaliação dos professores é fundamental a sua imediata aplicação e que se encontra plenamente convencida que o futuro lhe dará inteira razão.
No entanto, face ao clima existente nas escolas e tendo em consideração a necessidade de devolver a estabilidade àquelas, é inabalável o seu pedido de demissão. De certo modo, assim, poderá sair em glória.
Entretanto, tal como aconteceu num passado recente – Ministério da Saúde/Urgências – José Sócrates nomeará um novo responsável da 5 de Outubro, ao qual todos os parceiros darão obrigatoriamente o benefício da dúvida, isto é, facultarão um período de tempo em que, para além da escolha da restante equipa governamental, teria de se debruçar sobre os dossiers.
Ora, durante este espaço de tempo as acções reivindicativas, as lutas internas e externas teriam, no mínimo, de ser suspensas, pois a opinião pública não compreenderia que fosse de outra forma. Entretanto, com o aproximar do Natal, tempo de paz e alegria, o período de graça seria prolongado, com o consequente alívio das tensões instaladas nas escolas, dando, assim, algum tempo para se repensar toda a problemática inerente à aludida avaliação.
Posteriormente, em Janeiro/Fevereiro a nova equipa ministerial apresentaria a reformulação do actual modelo de avaliação, tendo, porém, uma outra postura à mesa das negociações, ou seja, mais dialogante e, sobretudo, menos intransigente.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 22:57

Novembro 17 2008
Diz o nº 2 do artº 22º da Lei nº 3/2008, de 18 de Janeiro (Estatuto do Aluno), “sempre que um aluno, independentemente da natureza das faltas, atinja um número total de faltas correspondente a três semanas no 1.º ciclo do ensino básico, ou ao triplo de tempos lectivos semanais, por disciplina, nos 2.º e 3.º ciclos no ensino básico, no ensino secundário … deve realizar, logo que avaliados os efeitos da aplicação das medidas correctivas referidas no número anterior, uma prova de recuperação, na disciplina ou disciplinas em que ultrapassou aquele limite, competindo ao conselho pedagógico fixar os termos dessa realização.”
Ora, não é necessário ser especialista em direito administrativo ou outro, para entender o que anteriormente está escrito. Está lá e com todas as letras. “Independentemente da natureza das faltas”, isto é, sejam elas dadas por doença ou para ir passear, quer sejam justificadas ou injustificadas, os efeitos são sempre os mesmos.
Então, como se pode afirmar, como escreve a Ministra da Educação, no seu despacho, tornado público hoje mesmo e que citamos “considerando que a adaptação dos regulamentos internos das escolas ao disposto no Estatuto do Aluno nem sempre respeitou o espírito da Lei, permitindo dúvidas nos alunos e nos pais acerca das consequências das faltas justificadas designadamente por doença ou outros motivos similares. (…) Tendo em vista clarificar os termos de aplicação do disposto no Estatuto do Aluno, determino o seguinte:
1 – Das faltas justificadas, designadamente por doença, não pode decorrer a aplicação de qualquer medida disciplinar correctiva ou sancionatória.”?
Não seria mais curial admitir, o que desde sempre se soube e se alertou, que a citada Lei estava mal?
Qual a vantagem de atirar poeira para os olhos das pessoas, tentando imputar culpa às escolas quando estas se limitaram a transcrever «ipsi verbis» para os seus regulamentos internos o articulado da lei e, por conseguinte, aplicá-la tal como estava prescrita?
É feio, muito feio e não dignifica os responsáveis da 5 de Outubro. Para quem gosta de atirar pedras, afirmando que os outros rasgam acordos, patenteiam muitos telhados de vidro. Aliás, só observaram o que todos há muito já tinham visto, quando os ovos e tomates começaram a rasar-lhes a cabeça. Atenção. Não aprovamos, bem pelo contrário, condenamos, veementemente, esta forma de luta.
Por último, perguntamos: será possível alterar legislação aprovada na Assembleia da República, como é o caso, através de um simples despacho? Há muitos e bons especialistas que acham uma completa ilegalidade.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 23:37

Novembro 13 2008
Problemas de saúde obrigaram-me a estar internado nos HUC durante três dias. O excesso de trabalho, acompanhado de elevado stress, bem como uma anterior enfermidade mal curada, levaram-me a atirar, momentaneamente, a toalha ao chão.
Naqueles dias todas as decisões inadiáveis, todas as medidas importantes, todas as estratégias e metodologias indispensáveis deixaram de ter relevância. Apenas uma coisa contava: o futuro daqueles que amo. Por eles e também por mim rezei … e Ele ouviu-me.
Relembrei que somos pequenos, minúsculos grãos de pó.
Entretanto, a todos aqueles que, pelos mais diversos meios, me fizeram chegar a sua palavra amiga e reconfortante, os meus sinceros agradecimentos.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 23:13

Novembro 06 2008
Um objectivo
Uma viagem
Uma emoção
Uma expressão
Uma perspectiva diferente.
Registo de momentos envelhecidos
Forma de relatar as divergências
Dura tarefa de erguer o desmoronado
A pureza das imagens que se vivem
A sensibilidade dos rostos que participam na reconstrução.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 23:10

Novembro 05 2008
O que se previa, pois há muito tempo estava escrito nas estrelas, aconteceu. Barack Hussein Obama venceu as eleições americanas e será o 44º presidente dos EUA. Abro um parêntesis para chamar a tenção da ironia do destino. O novo presidente dos EUA e, de certo modo, a pessoa mais importante do mundo, chama-se Hussein!
Já o disse noutros fóruns e repito-o aqui. Verdadeiramente não foi John McCain que perdeu, uma vez que, pelo menos, nesta recta final, foi um lutador incansável, conseguindo diminuir a enorme diferença que o separava de Obama.
O grande perdedor foi George W. Bush. Este, ao conduzir interna e externamente uma política suicida, arruinou a credibilidade dos republicanos. Assim, qualquer candidato deste partido teria à partida muito menos hipóteses que o seu adversário, fosse ele quem fosse.
Por último, continuo a lamentar o facto de Hilary Clinton não ter sido a candidata dos democratas. Venceria com uma margem maior e, sem sombra para dúvidas, seria melhor presidente que Obama.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 23:05

Análise do quotidiano com a máxima verticalidade e independência possível.
hernani.pereira@sapo.pt
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