O meu ponto de vista

Setembro 28 2008
Durante anos e anos, cerca de duas dezenas, o general Ramalho Eanes foi impedido de receber as duas pensões a que, por lei, tinha direito, isto é, a de militar na reserva e a de ex-presidente da república.
Como cidadão consciente recorreu para os tribunais, os quais, passados estes anos, vieram, como aliás não podia deixar de ser, dar-lhe razão. Mais: ditaram que, para além do direito a receber a duas pensões como tantos e tantos outros, tinha também o direito de receber os retroactivos, no valor de 1 300 000 €. Sim, sim, leram bem. Um milhão e trezentos mil euros.
Bom! Até aqui tudo normal, isto se esquecermos que não andou, na praça pública, a gritar aos sete ventos o seu caso.
Contudo, o caso muda de figura, quando damos conta que Eanes recusou os ditos milhão e trezentos mil euros de retroactivos, manifestando, deste modo, um desprendimento absoluto e um carácter excepcional.
Num tempo de forte vilanagem, em que a maioria das pessoas tenta constantemente torpedear o outro, em que o dinheiro, independentemente da sua proveniência, nunca é demais, é de realçar este gesto nobre.
Por se tratar de dinheiro que sairia dos nossos bolsos, também por isso lhe devemos estar agradecidos.
Ainda vale a pena acreditar no Homem.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 19:37

Setembro 28 2008
A falta de vergonha não tem limites. Veja-se o caso da CM de Lisboa e aquilo que já é conhecido por «lisboagate».
Desde há mais de vinte anos, isto é passando por todos os quadrantes políticos, para além de dar, de um modo discricionário, moradias a políticos e seus familiares, cujas rendas a maior parte das vezes não ultrapassam os 100 €, sabe-se que, por outro lado, continua a pagar, desde há quatro anos, rendas na ordem dos 1800 € mensais por alojar, em condomínios de luxo, inquilinos cuja habitação, pertença da autarquia, em tempos apresentava perigo de derrocada.
E os políticos continuam a dizer, com a maior desfaçatez, que não existe qualquer ilegalidade. Pode não haver, face às leis que eles próprios se encarregam de produzir, para melhor se acobertarem. Mas, não temos a menor dúvida, que existe uma enormíssima imoralidade e são estes factos que levam ao descrédito dos políticos.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 16:18

Setembro 23 2008
Um responsável por uma entidade que ostenta o 4º melhor relatório sobre sustentabilidade no mundo afirmou e citamos “a sustentabilidade deixou de ser uma opção para passar a ser uma condicionante da própria sobrevivência”.
O desenvolvimento de projectos sustentáveis implica, antes de mais, uma atenção especial à gestão eficiente de resíduos, da energia ou da água. Contudo, tem que ir mais longe nesta matéria, tendo em conta, desde a génese do projecto, todas as condicionantes e os impactos ambientais que o mesmo possa ter no meio onde virá a implantar-se.
No centro destas discussões está, e ainda bem que assim é, o cerne do projecto Eco-Escolas, pois a hora é de reabilitação e de um novo olhar realmente inovador e com preocupações em torno do desenvolvimento sustentado.
Num futuro, que julgamos e pretendemos o mais próximo possível, o papel insubstituível deste projecto, porque centrado na escola, será claramente reconhecido como um papel-chave para inverter os erros cometidos no passado, tarefa que exige cidadãos cada vez mais bem formados.
E aqueles que ainda olham para a Escola com um olhar de desdém vão ter de tirar o chapéu aos «doutores» da ecologia, na exacta medida em que o seu papel deixa de ser apenas o ministrar do saber e do conhecimento para ser o profissional que sabe cruzar a oferta certa com a procura certa, eliminando os riscos dos saberes condenados a ser «stocks».
Há muito que equacionámos estas questões, nomeadamente pela via da formação – uma formação com consciência ecológica e ambiental - que faça da acção da Escola uma mais-valia para a tarefa de deixarmos de viver em permanente risco.
Este é o propósito do projecto Eco-Escolas o qual, com o apoio da autarquia, será, sem sombra para dúvidas, o dar corpo a todas as preocupações éticas que todos nós temos o dever de incorporar, bem como fazer parte da solução.
Dizer apenas isto, perdoem-nos a linguagem, é, de certo modo, algo simplista. A adesão de uma escola a este projecto requer cumulativamente a posse dos seguintes factores:
• liderança de topo,
• capacidade de mobilização de recursos físicos e humanos,
• disponibilidade de tempo,
• agilidade nos contactos institucionais.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 23:22

Setembro 21 2008
• Existem muitas maneiras de ser feliz e às vezes aquelas a que estávamos habituados podem não ser tão interessantes como as que vamos descobrindo.
• Fui compreensivo enquanto outros me condenaram; ofereci a outra face enquanto outros me castigaram.
• Choro por tudo o que fiz e por tudo aquilo que não fiz.
• Se o sentimento de culpa e angústia for honesto, por ser verdadeiro, limpa a alma.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 00:45

Setembro 18 2008
Temos hoje, sabemo-lo bem, a obrigação de criar condições para a sobrevivência do amanhã. Isto é o que entendemos por sustentabilidade. Por outras palavras, não podemos deixar aos nossos filhos uma terra mais exaurida e mais poluída do que aquela que herdámos dos nossos pais. Estas preocupações éticas deverão, de uma forma obrigatória, trespassar todos os sectores da sociedade e principalmente o da educação.
Ser sustentável é poder manter-se ao longo do tempo. É um termo generalizado desde 1987 quando a Comissão Mundial do Ambiente e Desenvolvimento o utilizou num relatório definindo «desenvolvimento sustentável como aquele que satisfaz as necessidades da geração actual sem comprometer a capacidade das gerações vindouras para satisfazerem as suas próprias necessidades».
Isto implica limites à extracção dos bens da natureza, balizas à concentração de substâncias produzidas pela sociedade, metas à alteração das funções da natureza e da diversidade e cuidados extremos para garantir que as pessoas não fiquem sujeitas a condições que possam debilitar a capacidade de satisfazer as suas necessidades.
Voltaremos a este tema quando abordarmos o projecto Eco-Escolas, a sua influência nos dias de hoje e principalmente no amanhã.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 23:22

Setembro 13 2008
Não podemos ter uma segunda vida que, por milagre, passasse uma esponja pelos erros da primeira, mas podemos ter um segundo olhar para a nossa vida especialmente se, em questões dos sentimentos, esse olhar seja o que defende o equilíbrio.
Esta questão que preocupa certas pessoas é, afinal, o tema que movimenta quem, de forma séria, equaciona a realidade em que vivemos.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 00:08

Setembro 08 2008
Existem momentos na vida das pessoas e das organizações que suscitam as maiores apreensões e motivam contenções. Saber que conjunturas são estas e como distingui-las dos simples estados de alma classifica, de um modo exponencial, os detentores de tal sabedoria.
Vem esta prosa a propósito da situação extremamente delicada vivida, hoje em dia, no PSD-Anadia.
O facto do Prof. Litério Marques não poder, por força dos estatutos, concorrer à liderança daquela estrutura partidária, e o receio de que, eventualmente, o(a) novo(a) líder fosse obstáculo à prossecução dos seus objectivos – leia-se continuar à frente da autarquia - levou-o, num momento de algum desespero, a lançar, de um modo extemporâneo, a sua candidatura à CM de Anadia.
Como era de esperar, ninguém – dentro e fora do PSD – ficou indiferente à prematura candidatura, uma vez que esta se apresentou com pressupostos demasiado violentos, isto é, de que avançaria com o partido ou sem ele, colocando até a hipótese absurda (!!!) de se aliar a outra força política.
Como é óbvio, as águas que, de certo modo, já se encontravam agitadas – recorde-se o caso da “chapelada” dos 182 militantes, a maioria funcionários e familiares da CM de Anadia pressionados a inscreverem-se no partido - revoltaram-se e as ondas alterosas galgaram os já frágeis diques da política comezinha que se vai fazendo.
É neste mar revoltoso que os homens de boa vontade se hão-de revelar. A serenidade, a lucidez, a procura do bem comum, a demanda dos interesses colectivos em detrimento do “quero, posso e mando” devem ser apanágio dos que virão.
É altura de Anadia ser dos cidadãos.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 00:35

Setembro 04 2008
Hoje, numa conversa de circunstância à mesa do café, veio à baila o caso dos casamentos e dos divórcios e como este assunto interessa e muito ao sector da economia, mais concretamente ao sector da construção e do mobiliário.
Pelo adágio popular “quem casa quer casa” sabemos que o facto de duas pessoas unirem as suas vidas implica a compra ou arrendamento de uma casa. Porém, o inusitado é que o divórcio provoca o surgimento de duas casas. Daí o sector imobiliário ser adepto daquela máxima em que o casamento deve ser “eterno enquanto durar”.
Mas a conversa fluiu e alguém adiantou outras implicações que poucas pessoas sonham. Recordou, então, ter lido algures que “um terço do crédito mal parado, em Portugal, corresponde a dívidas relacionadas com divórcios, num total de 800 milhões de euros incobráveis”.
Agora compreende-se o recente veto do Presidente da República à Lei do Divórcio. No fundo não quis aumentar as dificuldades da banca.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 21:54

Análise do quotidiano com a máxima verticalidade e independência possível.
hernani.pereira@sapo.pt
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