O meu ponto de vista

Agosto 07 2008
Quem não nos acompanhar na provação, não merece seguir-nos na glória.
Quem não arrostar com os incómodos não se pode arrojar do direito aos cómodos.
Jamais se respeitará alguém que está no poder ou junto dele e se comporta como estivesse na oposição.
Somos um país de invejosos. Invejamos quem tem dinheiro, poder, estatuto e mesmo aqueles que têm sorte. E, neste campo, pessoas existem que gostariam de ter sorte, mesmo que nada façam para a ter. Querem tanto ter sorte que não se importam de a ter a qualquer preço, mesmo que seja à custa dos outros.
O acaso não se repete duas vezes.
Pessoas existem que idolatram outra(s) num dia e esquecem-na(s) no seguinte.
Uns querem ser o centro do mundo. Outros querem o mundo fora de si.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 00:19

Agosto 06 2008
O governo pretende instituir, já a partir de Setembro próximo, um prémio de 500 euros para distinguir, em cada escola secundária, os melhores alunos. A controvérsia, como sempre, aí está instalada.
Uns acusam o ME de impor uma lógica mercantilista nas escolas, defendendo que seria muito mais útil utilizar o meio milhão de euros, destinado a este fim, no apoio directo às escolas. Aquele, por sua vez, argumenta que pretende única e simplesmente “valorizar o mérito, a dedicação, o esforço no trabalho e desempenho escolares”.
Sendo certo que a referida quantia, distribuída por todas as escolas, seria quase como uma gota de água no oceano, isto é, pouco ou nada valeria e seria gasto na voragem dos tempos, também não deixa de ser verdade que atribuir dinheiro em “cash” ou em cheque, tem um sabor algo amargo, género compra do aprender/saber.
Por isso, a institucionalização dos quadros de honra e mérito, é uma das soluções intermédias que cobrirão, relativamente à falta de incentivo aos alunos, um dos lados do amplo polígono em que padece a escola portuguesa.
Fomos daqueles que, antes desta polémica, apostámos nesta via. Contra ventos e marés. Não somos, é certo, os primeiros, nem pretendemos tal. Contudo, procuramos estar sempre um passo à frente. O exemplo é paradigmático.
O futuro dirá, não temos a menor dúvida, que temos razão.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 15:22

Agosto 06 2008
A propósito da comunicação ao país, feita por Cavaco Silva no passado dia 31 de Julho, e que tanto brado tem dado na nossa comunicação social, incluindo Mário Soares em artigo publicado, ontem, no DN.
Contudo, alguém veio recordar, e muito bem, que este, em 1986, teve o mesmo procedimento. O mesmo, não. Fez pior. Falou ao país, em horário nobre, tendo honras de abertura e fecho com a entoação do hino nacional. E tudo, então, a propósito do tratamento equitativo entre as bandeiras dos Açores e da nacional, proposta pelo governo regional açoriano, liderado pelo social-democrata Mota Amaral.
Nessa altura, os nossos “media” acharam muito bem, uma vez que estava em causa a disputa entre Mário Soares – sempre benquisto pela classe jornalística – e um político do PSD. Agora, como os campos se inverteram, aqui d’el-rei que vai abaixo o Carmo e a Trindade.
Hoje e sempre, Mário Soares é daqueles que nos faz lembrar o adágio popular “bem prega Frei Tomás: olha para o que diz, não para o que faz”.
Pela minha parte, direi que, concordando com os pressupostos que originaram as suas intervenções públicas, ambos exageraram na sua forma.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 15:16

Agosto 06 2008
Em Janeiro, numa entrevista à Antena 1, o bastonário dos advogados, o celebérrimo Marinho Pinto, afirmou que “ existe em Portugal uma criminalidade muito importante […] e que andam por aí impunemente alguns a exibir os benefícios e os lucros dessa criminalidade e não há mecanismos de lhes tocar. Alguns até ostensivamente ocupam cargos relevantes no Estado Português”. Acrescentou, ainda, estar disponível para falar de casos concretos.
Como lhe competia o Ministério Público abriu um inquérito àquelas declarações, o qual foi agora mandado arquivar uma vez que aquele persistiu na afirmação de que se “limitou a denunciar situações politicamente censuráveis e não criminalmente puníveis”.
Ora bolas. Se era para isto, mais valia estar calado. Onde estão, afinal, os ditos casos concretos? Medo, simplesmente medo.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 00:06

Agosto 05 2008
Morreu, ontem, Alexandre Soljenitsin, aos 89 anos de idade.
De certo modo, bem podemos afirmar que foi ele o princípio do fim da ex-União Soviética. Efectivamente, foi através dos seus livros que soubemos que o regime implantado por Lenine e, mais tarde, abastardado por Estaline, afinal, não era o céu na terra, nem que o sol quando nasce é para todos, como durante muito tempo os comunistas nos quiseram fazer crer.
Tudo foi diferente a partir da publicação das suas obras. Relembro “Um Dia na Vida de Ivan Denisovitch”, “O Primeiro Círculo”, “O Pavilhão dos Cancerosos” e principalmente do “Arquipélago de Gulag”, essa portentosa criação literária que tantas discussões originou.
Os da minha idade, recordam muito bem, a repercussão que tais livros, principalmente este último, pouco tempo depois de Abril de 74, tiveram entre os estudantes, jornalistas e muitas outras pessoas que, bem intencionadas, discutiam política com a superioridade de achar que podiam mudar o mundo.
Para além de me fazer recordar tempos maravilhosos de trinta anos atrás, agradeço a Soljenitsin por nos ajudar a ter outra perspectiva do, então designado, bloco do leste.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 23:50

Agosto 05 2008
Ultimamente muito se tem falado da possibilidade de transformar a quadratura – Portugal, Venezuela, Angola e Líbia – em círculo. Círculo de interesses, diplomacia estratégica, estado empresarial, chamem-lhe o que quiserem.
Que nos importa se são governados por pequenos títeres? O relevante é o negócio. Aliás, o que são os direitos humanos em comparação com a cor do dinheiro?
Por outro lado, não é mais fácil negociar com ditaduras que com países onde impera o estado de direito? Por isso, avante!
Já agora convêm indagar. O que é que aqueles países têm em comum connosco? Três são grandes exportadores de petróleo e nós importamos. Chega. Está tudo dito.
E, em tempos de crise, a questão dos direitos humanos são ninharias, bizarrices, coisas do passado. Acima de tudo, o que queremos são bons acordos, como por exemplo, petróleo mais barato.
O resto é conversa. Porreiro, pá!

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 00:36

Agosto 03 2008
Os que têm talento importam-se com o estado a que chegou o país. Os que não se importam é porque não têm talento.
Os primeiros mudam e originam a mudança nos outros. Os segundos contentam-se em serem detractores.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 23:05

Agosto 03 2008
Pouco ou nada se lê. Quanto muito, elas devoram literatura de cordel e eles jornais desportivos.
Já não se discute política, no grande sentido ético da palavra. E se o assunto vem à baila é apenas no sentido destrutivo, do género “os políticos são todos uns aldrabões”.
Um dos assuntos que ainda se aborda é o futebol. Contudo, na maior parte das vezes, de uma forma despudorada.
O que se vê?
Corpos mais ou menos desnudados. Ali suados, acolá oleados e mais à frente molhados.
Homens obesos, mulheres gordas e cheias de celulite, que aniquilam o melhor dos olhares.
Crianças com total liberdade, isto é, fazendo tudo o que lhes dá no ímpeto, quer guinchando a torto e a direito, quer jogando areia ou arremessando bolas para quem quer estar sossegado.
Ultimamente, também os designados “franceses de Alcochete”. Recordam-me a célebre cena do “rien, rien, Jean Pierre …”
Adolescentes teledependentes. Só não levam o telemóvel para o banho porque este não funciona na água.
Ausência de cultura ecológica. As beatas dos cigarros e outro lixo aí estão para o provar.
O quadro é negro? Porém, a luminosidade que desponta desde o raiar do dia, a temperatura ambiente e o mar-chão compensam tudo o resto.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 22:51

Agosto 02 2008
Locais pisados
Momentos vividos
Recordações saborosas
Sabores afiançados
Palavras afectuosas
Sol igual
Mar idêntico
Calor maior
Ausência notada.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 00:37

Agosto 01 2008
Eis-me finalmente de férias. Merecidas, não tenho a menor dúvida.
Por estas terras de Algarve e de além mar. Sim, sim, leram bem. Além mar, pois por mar adentro vou nem que sejam apenas 10 ou 20 metros.
Não fora o sol, a água tépida deste calmo mar e não me apanhariam aqui. Em determinadas horas e/ou dias, na praia, mal existe lugar para estender a toalha. Há filas e filas para tudo. É na compra do jornal, é no supermercado, é nas bombas de gasolina, é na padaria, etc., etc. Bem, eles compram tudo e não deixam nada. A maior parte a crédito, está bem de se ver. Crédito que andarão a pagar o resto do ano, comendo salsichas e latas de atum. Contudo, por agora, isso pouco importa. O que interessa é o parecer. E nestes quinze dias convém parecer rico e feliz.
Não admira. Não somos um país de mentirosos? Mentimos quando afirmamos que trabalhamos imenso. Mentimos quando dizemos merecer maior ordenado e melhores condições de vida, sem que, para isso, façamos algo. Mentimos quando preferimos a subserviência, o deixa andar, à verticalidade. Mentimos quando não queremos mudar.
Somos, sim, um país de consumidores, onde o ter é mais importante que o ser.

Importante, importante é apartarem-se as tristezas e viverem-se, o melhor possível, as férias.

Hernâni de J. Pereira
publicado por Hernani de J. Pereira às 23:21

Análise do quotidiano com a máxima verticalidade e independência possível.
hernani.pereira@sapo.pt
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