Ouço certas pessoas, algumas verdadeiramente sociais-democratas, a solicitar que Pedro Passos Coelho faça uma oposição frontal e constante à geringonça governamental. Tenho respondido que reclamar é fácil: basta abrir a boca e fazer força, como se dizia antigamente. O certo é que com um executivo que governa para o imediato, satisfazendo, não importa como, as clientelas mais exigentes e com um Presidente da República que tem horror ao choque de ideias, que dá tudo para o não surgimento de conflitos - recordam-se das presidências abertas de Mário Soares em que o confronto era constante e verdadeiramente assumido como combate político? -, como se poderá ser mais assertivo e eficaz em termos de oposição?
Nos tempos que correm, adoraria ver propostas de outras pessoas, quer sejam barões ou não, do principal partido da oposição. Mas alvitres fundamentados e que mobilizassem a opinião pública e, sobretudo, que fossem do agrado dos opinion makers, já que são estes que condicionam e muito aquela.
Só que com o estado da governação é extremamente difícil que isso aconteça. Isto não quer dizer que tudo vá bem e que a paz (podre) dos anjos que vivemos sirva os superiores interesses do país. Bem pelo contrário. Contudo, as coisas são como elas são e, segundo parece, a maioria do povo gosta deste foguetório.
Todavia, todos sabemos que muitas vezes - e a história dos partidos está repleta de casos dessa natureza - basta mudar o líder, o qual até poderá não trazer de nada de novo em termos de ideias e projectos, mas o novo nome e outras caras chegam para catapultar o partido para patamares bem superiores.
Não será, com toda a certeza, o milagre da multiplicação de intenções, mas poderá ajudar. Quem sabe?